Dom Demétrio Valentini
Ainda no contexto de outubro, mês missionário,
precisamos incluir em nossas intenções missionárias, as grandes religiões do
mundo. Pois agora, a partir do Concilio Vaticano II, somos desafiados a ter um
olhar diferente sobre as grandes religiões, reconhecendo nelas muitos valores
positivos, nos quais dá para perceber a atuação do Espírito Santo, que está
sempre pronto a vir em auxílio de quem busca com sinceridade os caminhos que
levam para Deus.
Diz textualmente o Concílio, no seu documento
"Nostra Aetate”: "A Igreja Católica nada rejeita do que há de verdadeiro
e santo nestas religiões”. E acrescenta: "Exorta por isto seus filhos que,
com prudência e amor, através do diálogo e da colaboração com os seguidores de
outras religiões, testemunhando sempre a fé e a vida cristãs, reconheçam,
mantenham e desenvolvam os bens espirituais e morais, como também os valores
sócio-culturais, que entre eles se encontram”.
É bom ter um mapa aproximado dessas grandes
religiões no mundo.
Algumas delas têm suas raízes na cultura
asiática, a mais antiga do mundo, com suas tradições milenares. Duas delas
emergem com força no contexto da Ásia: o Budismo e o Hinduísmo, ambas
originárias da Índia. Sendo que o Budismo se propagou mais nos países orientais
da Ásia, especialmente na China e no Japão.
Outras duas grandes religiões têm sua origem no
Oriente Médio, o Judaísmo e o Islamismo, a religião dos muçulmanos.
Por diversos motivos a Igreja se sente mais
próxima, e mais ligada a estas duas grandes religiões, o Judaísmo e o
Islamismo.
A partir do Concílio, a Igreja assumiu uma
postura de mais respeito, superando hostilidades que possa ter havido na
história, e propondo um diálogo que possibilite uma progressiva aproximação com
as grandes tradições religiosas.
O relacionamento com os judeus melhorou muito,
sobretudo a partir da decisão tomada por João XXIII, de modificar a prece pelos
judeus, na liturgia da Semana Santa. Antes, a formulação desta prece chegava a
ser ofensiva, pois se referia a eles como "pérfidos judeus”.
Com eles existe agora um clima de respeito, que
é fortalecido por atitudes simbólicas. Diversas vezes o Papa foi visitar
sinagoga dos judeus em Roma. João Paulo II chamou os judeus de "nossos
irmãos maiores”.
O Concílio falou de maneira muito respeitosa a
respeito dos muçulmanos. O seu livro sagrado apresenta Cristo como um profeta,
e fala de Maria de maneira muito respeitosa.
Portanto, haveria muitas coincidências em nível
de fé, entre a religião fundada por Maomé, e a nossa religião cristã. Mas
infelizmente, na história, o relacionamento com os muçulmanos foi marcado por
guerras religiosas e incompreensões mútuas, cujas consequências ainda não foram
assimiladas.
Entre os muçulmanos, ao lado de correntes
fundamentalistas que ainda propagam a "guerra santa” contra os cristãos,
existe grupos moderados e profundamente religiosos, com os quais é possível
manter um diálogo construtivo.
Todas estas dificuldades de aproximação e de
entendimento, deveriam mostrar aos cristãos a urgente necessidade de
reconciliação entre nós, superando nossas divisões internas, como cristãos, que
infelizmente ainda existem. Foi o próprio Jesus que falou: "que todos
sejam um, para que o mundo creia”.
Assim como a missão abre o caminho para a
renovação da Igreja, a aproximação com as grandes religiões não cristãs se
transforma em apelo para a unidade dos cristãos!
Fonte: Adital
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