Líderes religiosos de diversas igrejas, como o
cardeal católico dom Odilo Scherer, autoridades e outros cerca de 500
convidados participaram na noite desta quinta-feira (31) de uma homenagem de
despedida do rabino Henry Sobel do Brasil. Ele resolveu mudar para Miami, nos
Estados Unidos, onde tem um apartamento.
O evento foi organizado pelo Instituto Vladimir
Herzog no Memorial da América Latina, em São Paulo. Coincidiu com os 38 anos da
histórica celebração ecumênica organizada na praça da Sé, na capital, em
memória do jornalista Herzog, assassinado nas dependências de uma repartição do
Exército poucos dias antes após comparecer voluntariamente para prestar
depoimento a pedido dos militares.
Sobel teve um papel bastante relevante naquele
período final da ditadura militar no Brasil. Ao se recusar a fazer o enterro de
Herzog na ala dos suicidas do cemitério israelita do Butantã, acabou
denunciando a farsa da versão oficial para a morte do jornalista, cujo corpo
apresentava sinais de tortura.
Em sua fala, Sobel fez uma reconstituição
detalhada daquela semana, do instante em que recebeu um telefonema no Rio
avisando sobre a morte de Herzog ao ato político-religioso da Sé. Disse ao
final que sentiu muito medo quando, dois dias antes da celebração, recebeu a
visita de três generais fardados que pediram para ele não comparecer.
"Me sinto muito
mimado com esta linda homenagem", disse na chegada ao evento. "Volto [para os EUA, onde viveu até
1970] porque completei 70 anos. Depois de
43 anos de rabinato, é tempo de ler mais, ouvir mais, contemplar mais a
natureza", afirmou. "Estou
saindo do Brasil sem magoas. Pelo contrário, com saudades [...] Espero fazer
minha parte para fortalecer os laços desses dois países”.
Sobel disse que embarca para os EUA em
novembro, mas já voltará em março do ano que vem para ajudar na organização do
casamento de sua filha única. Depois, planeja ficar indo e voltando
constantemente. "Não é uma
despedida, é só um até logo", disse.
Despedida do rabino Henri Sobel
Evento de despedida do Brasil do rabino Henry
Sobel
Fonte: Folha de São Paulo
31/10/2013