ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Despedida de Henry Sobel do Brasil reúne líderes religiosos e amigos em São Paulo

Líderes religiosos de diversas igrejas, como o cardeal católico dom Odilo Scherer, autoridades e outros cerca de 500 convidados participaram na noite desta quinta-feira (31) de uma homenagem de despedida do rabino Henry Sobel do Brasil. Ele resolveu mudar para Miami, nos Estados Unidos, onde tem um apartamento.

O evento foi organizado pelo Instituto Vladimir Herzog no Memorial da América Latina, em São Paulo. Coincidiu com os 38 anos da histórica celebração ecumênica organizada na praça da Sé, na capital, em memória do jornalista Herzog, assassinado nas dependências de uma repartição do Exército poucos dias antes após comparecer voluntariamente para prestar depoimento a pedido dos militares.


Sobel teve um papel bastante relevante naquele período final da ditadura militar no Brasil. Ao se recusar a fazer o enterro de Herzog na ala dos suicidas do cemitério israelita do Butantã, acabou denunciando a farsa da versão oficial para a morte do jornalista, cujo corpo apresentava sinais de tortura.


Em sua fala, Sobel fez uma reconstituição detalhada daquela semana, do instante em que recebeu um telefonema no Rio avisando sobre a morte de Herzog ao ato político-religioso da Sé. Disse ao final que sentiu muito medo quando, dois dias antes da celebração, recebeu a visita de três generais fardados que pediram para ele não comparecer.

"Me sinto muito mimado com esta linda homenagem", disse na chegada ao evento. "Volto [para os EUA, onde viveu até 1970] porque completei 70 anos. Depois de 43 anos de rabinato, é tempo de ler mais, ouvir mais, contemplar mais a natureza", afirmou. "Estou saindo do Brasil sem magoas. Pelo contrário, com saudades [...] Espero fazer minha parte para fortalecer os laços desses dois países”.

Sobel disse que embarca para os EUA em novembro, mas já voltará em março do ano que vem para ajudar na organização do casamento de sua filha única. Depois, planeja ficar indo e voltando constantemente. "Não é uma despedida, é só um até logo", disse.

Despedida do rabino Henri Sobel
Evento de despedida do Brasil do rabino Henry Sobel









Fonte: Folha de São Paulo
31/10/2013

domingo, 27 de outubro de 2013

Diálogo Inter-Religioso

Dom Demétrio Valentini

Ainda no contexto de outubro, mês missionário, precisamos incluir em nossas intenções missionárias, as grandes religiões do mundo. Pois agora, a partir do Concilio Vaticano II, somos desafiados a ter um olhar diferente sobre as grandes religiões, reconhecendo nelas muitos valores positivos, nos quais dá para perceber a atuação do Espírito Santo, que está sempre pronto a vir em auxílio de quem busca com sinceridade os caminhos que levam para Deus.

Diz textualmente o Concílio, no seu documento "Nostra Aetate”: "A Igreja Católica nada rejeita do que há de verdadeiro e santo nestas religiões”. E acrescenta: "Exorta por isto seus filhos que, com prudência e amor, através do diálogo e da colaboração com os seguidores de outras religiões, testemunhando sempre a fé e a vida cristãs, reconheçam, mantenham e desenvolvam os bens espirituais e morais, como também os valores sócio-culturais, que entre eles se encontram”.

É bom ter um mapa aproximado dessas grandes religiões no mundo.

Algumas delas têm suas raízes na cultura asiática, a mais antiga do mundo, com suas tradições milenares. Duas delas emergem com força no contexto da Ásia: o Budismo e o Hinduísmo, ambas originárias da Índia. Sendo que o Budismo se propagou mais nos países orientais da Ásia, especialmente na China e no Japão.

Outras duas grandes religiões têm sua origem no Oriente Médio, o Judaísmo e o Islamismo, a religião dos muçulmanos.

Por diversos motivos a Igreja se sente mais próxima, e mais ligada a estas duas grandes religiões, o Judaísmo e o Islamismo.

A partir do Concílio, a Igreja assumiu uma postura de mais respeito, superando hostilidades que possa ter havido na história, e propondo um diálogo que possibilite uma progressiva aproximação com as grandes tradições religiosas.

O relacionamento com os judeus melhorou muito, sobretudo a partir da decisão tomada por João XXIII, de modificar a prece pelos judeus, na liturgia da Semana Santa. Antes, a formulação desta prece chegava a ser ofensiva, pois se referia a eles como "pérfidos judeus”.

Com eles existe agora um clima de respeito, que é fortalecido por atitudes simbólicas. Diversas vezes o Papa foi visitar sinagoga dos judeus em Roma. João Paulo II chamou os judeus de "nossos irmãos maiores”.

O Concílio falou de maneira muito respeitosa a respeito dos muçulmanos. O seu livro sagrado apresenta Cristo como um profeta, e fala de Maria de maneira muito respeitosa.

Portanto, haveria muitas coincidências em nível de fé, entre a religião fundada por Maomé, e a nossa religião cristã. Mas infelizmente, na história, o relacionamento com os muçulmanos foi marcado por guerras religiosas e incompreensões mútuas, cujas consequências ainda não foram assimiladas.

Entre os muçulmanos, ao lado de correntes fundamentalistas que ainda propagam a "guerra santa” contra os cristãos, existe grupos moderados e profundamente religiosos, com os quais é possível manter um diálogo construtivo.

Todas estas dificuldades de aproximação e de entendimento, deveriam mostrar aos cristãos a urgente necessidade de reconciliação entre nós, superando nossas divisões internas, como cristãos, que infelizmente ainda existem. Foi o próprio Jesus que falou: "que todos sejam um, para que o mundo creia”.

Assim como a missão abre o caminho para a renovação da Igreja, a aproximação com as grandes religiões não cristãs se transforma em apelo para a unidade dos cristãos!


Fonte: Adital