ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Perguntas e respostas sobre o Ramadã


A preparação da comida de interrrupção do jejum do mês do Ramadã, em Karachi, Paquistão


Como acontece anualmente, por ocasião das festas do mês de Ramadã, celebradas com devoção por nossos irmãos muçulmanos, surgem entre nós muitas perguntas sobre seu sentido e significado, sobre sua origem e realização. Oferecemos à comunidade cristã, breves respostas sobre algumas das perguntas que nos fazemos para assim poder compreender e querer um pouco mais o povo que nos acolhe.

As informações são de Manuel Corullón Fernández, franciscano e estudioso do Islamismo, e estão publicadas no sítio Religión Digital, 9-08-2010. A tradução é do Cepat.

Eis o texto.

O que significa o termo Ramadã?

O nome deste mês deriva da raiz semítica r-m-d com o significado de abrasar-se, fazer sofrer, como referência ao calor do verão e à dificuldade do jejum quando o nono mês do calendário islâmico coincide com o pleno verão.

Qual é a origem do Mês de Ramadã?

É o mês em que o Corão foi revelado ao profeta Maomé. Ramadã é o único mês do calendário islâmico expressamente mencionado no Corão (2, 185). No Corão se fala várias vezes do jejum, mas apenas uma vez de sua prescrição no mês de Ramadã, o nono dos 12 meses do calendário lunar islâmico. Chama a atenção o paralelismo entre a missão de Moisés e a de Maomé acompanhada e apoiada pelo jejum do povo durante o momento da revelação.

Quais são as festas mais importantes durante este mês?

A festa mais importante do mês de Ramadã é a Noite do Destino, a Layla al-Qadar, assim como é descrita na sura 97 do Corão que recebe o nome de Sura do Destino (Al-qadir). É celebrado em uma das últimas noites ímpares do mês de Ramadã (a noite 24 ou 27), recordando a noite da revelação do Corão ao profeta Maomé. É a noite mais santa do ano, na qual os muçulmanos acodem durante toda a noite às mesquitas onde se recita de maneira ininterrupta todo o texto do Corão recordando a sua revelação.

O mês de Ramadã termina com a festa da ruptura do jejum (Aid al-Fitr), que tradicionalmente vai acompanhada de uma festa familiar, a oração na mesquita e uma esmola ritual aos pobres. No Marrocos, esta festa recebe também o nome de Pequena Páscoa (aid al-seghir).

Como se pratica o jejum?

No Corão e nos textos da tradição (Hadith) se encontram as regulações legais sobre o jejum: abster-se de qualquer tipo de alimento, bebida, tabaco, inalação de perfumes, atividade sexual desde a primeira refeição do dia antes da saída do sol (al-sahur), até o momento em que se rompe o jejum com a refeição do entardecer (al-iftar), depois da oração do por do sol: “desde que se distinguem um fio branco e outro negro até que se confundem”.

Quem é obrigado a jejuar?

O jejum é obrigatório ao longo de todo o mês de Ramadã para todos os muçulmanos de ambos os sexos que alcançaram a puberdade. Os anciãos, enfermos, mulheres grávidas ou que estão amamentando, os que estão em viagem, estão isentos do jejum, e deverão cumpri-lo mais adiante em uma ocasião propícia.

Qual é o valor espiritual do Ramadã para os muçulmanos?

A vida espiritual durante este tempo de culto vai acompanhada de uma atividade social, familiar e moral mais intensa; recomenda-se o exercício da esmola, revaloriza-se a oração e a recitação do Corão.

Este mês tem uma forte dimensão espiritual para os muçulmanos: a fome recorda a necessidade dos pobres sensibilizando as pessoas com os famintos, para que todos possam ter o suficiente para comer. É um momento de ascese, de autocontrole e de superação de si mesmo e de exercício da própria vontade para dominar as paixões, resistir à fome, à sede, à necessidade de fumar... O jejum ensina ao homem o princípio do amor sincero a Deus, inculca nele a paciência e o altruísmo, robustece a força de vontade exercitando a paciência e a perseverança ante a vontade, fomenta o autêntico espírito de solidariedade ajudando os ricos e saudáveis a reconhecer as dificuldades de pobres e enfermos e ser mais solidários com eles.

Por que o mês de Ramadã não tem data fixa?

O calendário muçulmano segue o ano lunar, com um ciclo de 354 dias, 11 dias mais curto que o ano solar. Os astrólogos muçulmanos medievais estudaram os ciclos da lua para calcular com a maior exatidão possível a data do Ramadã. Cada um dos 12 meses do ano lunar tem 29 dias, 5 horas, 5 minutos e 35 segundos. Os seis meses pares do ano par são de 30 dias em vez de 29. O calendário se divide em ciclos de 30 anos, em cada um destes períodos há 11 anos nos quais o último mês (Dhu al-Hiyra) tem 30 dias, de modo que estes anos teriam 355 dias. Isto situa o calendário muçulmano em concordância com a lua (com uma diferença de apenas 3 segundos).

A órbita da lua ao redor da terra dura aproximadamente 29,53 dias, que é a duração média de um mês lunar. À medida que se desloca ao redor da terra presenciamos as diferentes fases da lua. O Ramadã começa com a lua nova do nono mês deste calendário lunar e termina com a lua nova do mês seguinte, recordando os ritmos naturais da vida que se move do nascimento à sua plenitude.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Diálogo com os judeus é prioridade para mim, diz o papa em Aparecida


Cônego José Bizon junto a representantes de igrejas cristãs e do islamismo, Raul Meyer e Michel Schlesinger, a comunidade muçulmana é representada pelo sheik Houssam Ahmad El-Boustani

Ao final da missa realizada na manhã desta quarta-feira, 24 de julho, em Aparecida, o papa Francisco conversou calorosamente com os representantes da comunidade judaica e novamente enfatizou a importância, para ele, do diálogo com os judeus.

O rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista e representante da Conib para o diálogo inter-religioso, lhe pediu que desse prioridade ao diálogo, como fizeram seus antecessores João XXIII e João Paulo II.

“Você nem precisa me pedir”, disse Francisco. “Acredito muito na importância do diálogo, sempre me dediquei a ele”.

Jaime Spitzcovsky, responsável pelas relações institucionais da Conib, agradeceu-lhe pelo que tem feito pelo diálogo inter-religioso e lhe externou a alegria da comunidade judaica com sua presença no Brasil.

“Não há por que agradecer”, respondeu o papa. “Não podemos esquecer nossas raízes comuns. Ser um bom cristão é ser também um bom judeu”.

Spitzcovsky disse a Francisco que o diálogo inter-religioso é prioridade também para a Conib.

Schlesinger e Spitzcovsky, juntamente com Raul Meyer, diretor da Fisesp e do Centro da Cultura Judaica, em São Paulo, sentaram nas primeiras filas da basílica, em Aparecida. O convite foi feito por Dom Raymundo Damasceno, presidente da CNBB- Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

“Isso demonstra o esforço da Igreja em dar visibilidade ao diálogo com o judaísmo e com outras religiões”, avaliou Schlesinger. “Damasceno fez questão que o papa nos conhecesse e também reforçou a imagem de Francisco como um homem de diálogo”.




Rabino Michel Schlesinger cumprimenta o papa Francisco


Raul Meyer cumprimenta o papa Francisco


Jaime Spitzcovsky cumprimenta o papa Francisco


Rabino Michel Schlesinger e sheik Houssam Ahmad El-Boustani

By Conib