ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O dialogo inter-religioso está sob ameaça, afirma teóloga


O diálogo inter-religioso precisa de um clima de liberdade, confiança e espaço democrático.


Geneviève Comeau

O encontro inter-religioso do dia 27 de março na paróquia de Saint Léon, em Paris, que reunia um relator judeu, um cristão (católico) e um muçulmano, foi fortemente perturbado. Jovens pertencentes ao Mouvement de la Jeunesse Catholique de France (ligados à Fraternidade São Pio X), muito regularmente – mais ou menos a cada 15 minutos –, perturbaram a noite interrompendo em voz alta os oradores. Confira a análise de Geneviève Comeau*:

"É inútil ficar ouvindo o que um rabino ou um muçulmano vai fizer. Nós já o sabemos", gritava um deles, manifestando assim uma certa inaptidão à escuta... Com alguma dificuldade, a reunião pôde continuar até o fim.

O diálogo inter-religioso não é relativismo ou confusão, mas sim troca, em que cada um pode expressar em que acredita, no respeito ao outro. O respeito visivelmente não era o ponto forte desses perturbadores.

O diálogo inter-religioso precisa de um clima de liberdade e de confiança, assim como de um espaço democrático, em que opiniões contraditórias possam ser expressadas sem violência. Naquela noite, a democracia foi ofendida por meia dúzia de jovens que quiseram impedir que as pessoas presentes discutissem livremente entre si.

O diálogo inter-religioso contribui para remover as incompreensões e os medos recíprocos. Mas, no fim daquela noite, uma senhora muçulmana expressava o seu temor de participar novamente desses encontros, se eles forem a tal ponto obstaculizados. Ao contrário, não cedamos nunca ao medo e ao desencorajamento!

Nos últimos tempos, diversas reuniões ou conferências foram igualmente perturbadas do mesmo modo por grupos de tendência lefebvriana. Parece que estamos lidando com uma estratégia de intimidação, no momento em que a Igreja Católica festeja o 50º aniversário do Concílio Vaticano II.

O desejo de encontrar o outro e de trilhar um caminho com ele não é relativismo. "O diálogo é um caminho que conduz ao Reino", dizia João Paulo II em A missão de Cristo Redentor (n. 57). Bento XVI continuou nessa mesma linha, insistindo na paz: o diálogo é uma forma de converter a violência que se encontra em nós.

Façamos com que o medo e a violência não tenham a última palavra, e que os caminhos do encontro sempre sejam possíveis!

La Croix, 18-04-2012, reproduzido pelo IHU-Unisinos.
*Teóloga francesa, membro do Conselho dos Bispos Franceses para as Relações Inter-Religiosas.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Diálogo das religiões

Direito de Resposta: Diálogo das religiões

Direito de resposta contra ataques sofridos pela TV Record. Não se pode usar a TV, concessão pública, para incentivar o preconceito religioso. A Record, a serviço da Universal, viu-se obrigada pela justiça a apresentar o seguinte programa como direito de resposta por suas afirmações difamatórias contra as religiões afro-brasileiras. As virtudes de uma pessoa não têm nenhuma relação com suas crenças. Acreditar em Deus não significa ser santo, e não-acreditar em Deus não significa ser um demônio.
O vídeo das religiões afrohttp://youtu.be/0gikTXA3Zrk


Artigo do Site "Geledés Instituto da Mulher Brasileira"

Em decisão inédita do Ministério Público Federal, entidades afro-brasileiras foram autorizadas a produzir um vídeo de direito de resposta coletivo a uma reportagem da TV Record. O programa foi gravado e tornou-se público no final de 2011, mas não pode ser exibido, pois a emissora recorreu da ação e conseguiu impedimento momentâneo.
Conforme informa o vídeo, o programa é um "direito de resposta concedido pela Justiça Federal ao Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), ao Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira (INTECAB) e ao Ministério Público Federal, autores da ação contra o enfoque negativo e discriminatório das religiões afro-brasileiras".

A gravação conta com a participação de representantes de entidades ligadas às religiões afro-brasileiras e profissionais de comunicação, entre eles Iran Castelo Branco, do movimento Mídia Pela Paz, Gabriel Priolli, jornalista e produtor independente, e Laurindo Leal Filho, professor da ECA-USP. Daniel Teixeira, coordenador do CEERT, ressalta que o caso ainda está em juízo, logo são poucas as informações que podem ser dadas a respeito. Contatada, a Record ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Protestos na internet – No final de dezembro, a Record também virou alvo de protestos de grupos católicos que acusaram a emissora de perseguição. Ativistas indignados com reportagens exibidas nos jornalísticos da casa consideraram que a emissora de Edir Macedo realiza "ataques ao catolicismo".

Um dos movimentos se intitulou de "Brasil Sem TV Record" e convocaram os internautas via redes sociais a boicotarem a Record no dia 16 de dezembro, evento que, segundo a emissora, "não teve êxito". Outro grupo criou a hashtag #jornalismodeterceira e pediu para que os católicos não assistam mais à Record.