ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ecumenismo: Solidariedade é «imperativo» que pode unir religiões, diz prior de Taizé


«A fé não é em primeiro lugar uma adesão a algumas verdades, mas uma relação com Deus», realça irmão Alois

Lisboa, 15 dez 2011 – O prior da comunidade ecumênica de Taizé, irmão Alois, considera que a solidariedade é um “imperativo que pode unir os crentes de diferentes religiões e também os crentes e os não crentes”.

“Para que uma nova solidariedade entre os homens floresça a todos os níveis, nas famílias, comunidades, cidades, vilas e aldeias, entre países e continentes, são necessárias decisões corajosas”, frisa o religioso em carta divulgada parcialmente pela comunidade localizada na França.

O texto intitulado ‘Rumo a uma nova solidariedade’ assinala que “perante a pobreza e a injustiça, algumas pessoas revoltam-se ou sentem mesmo a tentação da violência cega”, que “não pode ser uma forma de mudar as sociedades”.

Na missiva que vai ser entregue aos 30 mil participantes esperados no encontro europeu de Taizé, marcado para 28 de dezembro a 1 de janeiro em Berlim, capital alemã, o responsável salienta que é preciso “escutar os jovens que expressam a sua indignação para tentar compreender as suas motivações essenciais”.

“Na nossa procura para criar novas formas de solidariedade e para abrir caminhos de confiança, há e haverá provações. Em certos momentos, poderá parecer-nos que estas provações nos submergem. Que fazer então? A nossa resposta às provações pessoais e às que pesam sobre outras pessoas não será amar sempre mais?”, questiona.

No documento (http://www.taize.fr/pt_article13252.html) que vai ser revelado integralmente a 26 de dezembro, o irmão Alois sustenta que “a fé não é em primeiro lugar uma adesão a algumas verdades, mas uma relação com Deus”.

“Quanto mais cresce a confiança em Deus mais o coração se alarga a tudo o que é humano, em todo o mundo, em todas as culturas, acolhendo também as ciências e as técnicas que permitem aliviar o sofrimento e desenvolver as sociedades”, acrescenta.

O programa do encontro europeu de Taizé, que se realiza anualmente entre o fim de dezembro e o início de janeiro, baseia-se nos elementos que compõem o dia a dia da comunidade, com orações, conferências sobre temas espirituais e questões atuais da sociedade.

Entre as iniciativas prevê-se um encontro com deputados do Parlamento Federal alemão, dedicado ao tema ‘Por um mundo mais justo: a política e a nossa responsabilidade como cidadãos’.

Os jovens, que realizam uma vigília pela paz à meia noite de 31 de dezembro e uma “festa dos povos” às primeiras horas do novo ano, são convidados a levar medicamentos e material médico de primeira necessidade, a serem entregues pelos monges a populações pobres da Coréia do Norte, prosseguindo a ajuda prestada pela comunidade ecumênica desde 1998.

Fonte: Ecclesia/RJM

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Bento XVI ao Patriarca Bartolomeu I: "Testemunhemos uma fé capaz de unir a humanidade"



Bento XVI enviou uma mensagem ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, por ocasião da festa de Santo André Apóstolo, celebrada nesta quarta-feira.

"O futuro da evangelização depende do testemunho de unidade dado pela Igreja e da qualidade da caridade, como nos ensinou Jesus na oração que nos deixou: 'Que todos sejam um para que o mundo creia'. Testemunhemos uma fé capaz de unir a humanidade que passa por sérias tensões" – destaca o Papa na mensagem enviada a Bartolomeu I.

O Vaticano envia todos os anos, nessa data, uma delegação ao Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, em Istambul, em resposta à visita do Patriarcado a Roma na festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, em 29 de junho.

Este ano, as celebrações possuem um caráter particularmente festivo, pois se celebra o 20° aniversário da eleição de Bartolomeu I como Arcebispo de Constantinopla e Patriarca Ecumênico.

O responsável da delegação vaticana é o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, que leu e entregou a mensagem do Papa a Bartolomeu I. O documento foi lido após a liturgia presidida, nesta quarta-feira, por Bartolomeu I na igreja patriarcal de Fanar. A delegação vaticana participou da cerimonia, encontrou-se com o Patriarca e conversou com a comissão sinodal encarregada das relações com a Igreja Católica.

Na mensagem, o Papa recorda o último encontro com o Patriarca Bartolomeu I, em Assis, em outubro passado, na Jornada de Reflexão, Diálogo e Oração, destacando a relação profunda que une a sincera busca de Deus, da verdade, da paz e da justiça no mundo.

"As circunstâncias atuais sejam elas culturais, sociais, econômicas, políticas ou ecológicas, apresentam a católicos e ortodoxos o mesmo desafio. O anúncio do mistério da salvação através da morte e ressurreição de Jesus Cristo precisa hoje ser renovado com força nas regiões que receberam por primeiro a luz e agora sofrem os efeitos da secularização que ameaça empobrecer o homem em sua dimensão mais profunda" – ressalta Bento XVI.

O Papa conclui a mensagem frisando que "diante da urgência dessa tarefa, temos o dever de oferecer à humanidade a imagem de pessoas que adquiriram uma maturidade de fé, capazes de se encontrar, não obstante as tensões humanas". (MJ)

Fonte: Cidade do Vaticano (RV) – Rádio Vaticano - http://www.radiovaticana.org/bra/index.asp

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Cardeal Scherer dialoga com jovens judeus em encontro inter-religioso



O arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, participou de um encontro promovido pelo Programa de Novas Gerações do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL), no Clube “A Hebraica”, zona oeste da capital, nesta quinta-feira (28).

A atividade com a presença de seu presidente do CJL, o brasileiro Jack Terpins, e de um representante do grupo vindo especialmente para a ocasião, Javier Mutal.

Além de dom Odilo, Michel Schlesinger, rabino da Congregação Israelita Paulista (CIP), participou do encontro. Eles falaram aos jovens sobre a atual relação da Igreja Católica com a comunidade Judaica, tanto no Brasil como no mundo.

O coordenador do Programa de Novas Gerações no Brasil, Marcelo Secemski, lembrou que o rabino e o Cardeal já estiveram juntos no México, em um encontro da maior importância para o diálogo inter-religioso, e que essa é uma premissa do CJL. Também, enalteceu a liberdade que há no Brasil de cada optar por seguir sua fé e professá-la livremente.

O rabino Michel iniciou sua reflexão com um retrospecto dos laços de trabalho conjunto entre a Igreja Católica e os esforços nesse sentido, lembrando que no Brasil, em fevereiro de 1981 foi criada a Comissão de Diálogo Inter-religioso, e que atua, basicamente, em três frentes, a saber: o diálogo institucional, o teológico para viabilizar estudos de conhecimento mútuo sobre cada fé, e como não poderia deixar de ser, as ações conjuntas entre elas.

O cardeal Scherer reafirmou as palavras do rabino, e destacou que o diálogo tem uma longa e frutuosa história. Disse ele: “Temos um afeto e proximidade ao povo de Israel e à comunidade judaica e à sua sabedoria”. E concluiu: “Que este Encontro sirva para a valorização para nossa herança e tarefa comum”.

Ambos apostaram no conhecimento das crenças, costumes, história, para incentivar a harmonia entre os seres. “Que possamos sempre promover ocasiões de conhecimento e diálogo. Isso é o que permite se espantar os fantasmas”, concluiu dom Odilo.

(Fotos: Luciney Martins)
Fontes: Blog WebJudaica e o jornal O SÃO PAULO

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Comissão de Trabalho entre Vaticano e Israel reúne-se novamente


Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 15-06-2011) Hoje se reuniu em plenária em nova reunião no Vaticano a Comissão Bilateral Permanente de Trabalho entre a Santa Sé e o Estado de Israel, que deu continuidade às discussões sobre o tema das questões econômicas e fiscais, informou um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé.

O objetivo do encontro entre o Vaticano e Israel foram as negociações com base no artigo do "Fundamental Agreement", concernente às matérias econômicas e fiscais. Participaram da conversa ambas delegações. A vaticana foi presidida por Dom Ettore Balestrero, Sub-secretário para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado vaticano, enquanto a israelense foi capitaneade por Danny Ayalon M. K, Vice-ministro das Relações Exteriores.

Como ressalta o comunicado da Sala de Imprensa, "as negociações aconteceram em uma atmosfera aberta, amigável e construtiva, registrando progressos muito significativos". A próxima reunião, que acontecerá no dia 1º de dezembro de 2011, será no Ministério das Relações Exteriores de Israel e se concentrará na conclusão do Acordo.

Participaram do encontro, pela Santa Sé: Dom Ettore Balestrero, sub-Secretário para as Relações com os Estados, Chefe da Delegação; Dom Antonio Franco, núncio apostólico em Israel; Dom Giacinto-Boulos Marcuzzo, vigário do Patriarcado Latino para Israel; Dom Maurizio Malvestiti, sub-secretário da Congregação para as Igrejas Orientais; Dom Alberto Ortega, oficial da Secretaria de Estado; Henry Amoroso, Conselheiro Jurídico; Padre Elias DAW, presidente do Tribunal da Igreja Greco Melquita, entre outros.

Por Israel, estiveram presentes: Danny Ayalon, vice-ministro dos Assuntos Exteriores (MAE); Chefe da Delegação; Shmuel Ben-Shmuel, Chefe do Escritório para as Relações Judaicas e Inter-religiosas no Mundo; Mordechay Lewy, embaixador de Israel junto à Santa Sé; Ehud Keinan, conselheiro jurídico do MAE; Moshe Golan, representando o escritório do Procurador de Estado do Ministério da Justiça; Itai Apter, conselheiro do Ministério da Justiça; Michal Gur-Aryeh, vice-diretor do Departamento dos Assunto Jurídicos do MAE; Bahij Mansou, diretor do Departamento para Assuntos Religiosos do MAE; Oded Brook, chefe do Departamento para as Relações Internacionais do Ministério das Finanças; David Sharan, chefe da Equipe do Ministério das Finanças; e Ashley Perry, Klarina Shiptz, e Chen Ivri Apter, respectivamente, conselheiro, chefe da equipe do Gabinete, e conselheiro chefe do Gabinete do vice-ministro dos Assuntos Exteriores.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Celebrações da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2011


PARTICIPEM

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, acontece entre os dias 6 e 10 de junho!

Confira a programação através do link: http://migre.me/4FkeR


sábado, 28 de maio de 2011

Igrejas cristãs refletem sobre diálogo ecumênico em São Paulo


Dirigentes das Igrejas-membro do Movimento de Fraternidade de Igrejas Cristãs (Mofic) se reuniram na manhã desta quarta-feira (25) para refletirem sobre a caminhada do movimento na promoção do diálogo ecumênico. O encontro aconteceu na Casa da Reconciliação, na zona sul da capital paulista. O arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, participou da reunião.

As Igrejas-membro do Mofic são: Apostólica Armênia, Episcopal Anglicana, Católica Apostólica Romana, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Presbiteriana Unida e Ortodoxa Antioquina. A Igreja Presbiteriana Independente também marcou presença no encontro, além da participação de representantes das diferentes Igrejas-membro e colaboradores do Mofic.

No início do encontro houve um momento de oração em comum. Em seguida, a partir de perguntas propostas, os participantes partilharam como cada Igreja está envolvida no movimento ecumênico, como lidam com os possíveis “preconceitos” religiosos existentes nas comunidades cristãs e quais projetos poderiam ser realizados em conjunto em prol da unidade dos cristãos para os próximos anos.

Praticamente todos os líderes religiosos destacaram que um dos principais desafios existentes é como conscientizar os fiéis sobre a importância ecumenismo, uma vez que na maioria dos casos esse diálogo fica restrito apenas aos líderes das comunidades e os representantes das comissões destinadas ao diálogo ecumênico.

“A impressão que muitas pessoas têm é que na sua Igreja só basta um grupo que se dedique ao diálogo ecumênico. É difícil as pessoas entenderem que ecumenismo é um valor evangélico a ser traduzido na vida da comunidade e de cada cristão em particular”, ressaltou o padre Gregório Teodoro, da Igreja Ortodoxa Antioquina.

De acordo com o padre Yezlig Guzelian, da Igreja Apostólica Armênia, é preciso motivar os paroquianos explicando a eles o valor do diálogo ecumênico, a fim de acabar com os preconceitos que possam existir nessas comunidades.

Dom Odilo reforçou que o ecumenismo é uma necessidade e deve continuar firme em seus propósitos. Ele destacou, ainda, que nos últimos anos a Igreja Católica tem avançado no diálogo ecumênico, lembrando as recentes iniciativas de aproximação com as Igrejas Ortodoxas Russa e Grega. Ele recordou que papa Bento 16 ressalta que o ecumenismo é uma urgência em vista da missão comum de anunciar o Evangelho. “É um caminho longo e difícil. Mas esperamos que os muitos frutos apareçam”, disse.

Outro desafio apresentado pelos líderes é o surgimento de “novas denominações” que muitas vezes se apropriam da identidade das igrejas históricas, confundindo o povo e, em muitos casos, sem comprometimento com o diálogo ecumênico.

Os líderes chamaram a atenção para uma “compreensão equivocada” do princípio liberdade religiosa garantida pela constituição, que acaba favorecendo a fundação de religiões sem nenhum critério ético.

“Infelizmente existem pessoas que usam os símbolos, liturgias e até o próprio nome de outras igrejas com a intenção de confundir e de levar pessoas desinformadas para suas comunidades se maneira proselitista, sem comprometimento com a unidade”, apontou o reverendo Cezar Fernandes Alves, da Igreja Episcopal Anglicana, cujo líder, bispo Roger Bird, também participou da reunião.

Neste sentido, ficou claro o papel dos movimentos ecumênicos para essa conscientização. O cardeal Scherer sugeriu que fosse produzido um subsídio que apresentasse as Igrejas-membro do Mofic, no que diz respeito à fé da cada uma, sua organização e presença na cidade.

Em um segundo momento do encontro, os dirigentes refletiram sobre iniciativas que poderiam ser realizadas em comum relacionadas à preservação do meio ambiente e sustentabilidade. Para isso, a assessora de meio ambiente do vereador Gilberto Natalini (PSDB-SP), Tatiana Tucunduva, apresentou a proposta da “Virada Sustentável”, que acontece em São Paulo nos dias 4 e 5 de junho.

Inspirada na Virada Cultural de São Paulo, a Virada Sustentável é um evento que reúne diversas atrações culturais e recreativas que tenham como conteúdo principal os temas ligados à sustentabilidade (meio ambiente, diversidade, consumo consciente, biodiversidade, direitos humanos, clima, energia, mobilidade etc).

Os representantes das Igrejas-membro do Mofic foram convidados a estimular a participação dos fiéis e o envolvimento das comunidades nessas iniciativas, uma vez que o ecumenismo se dá nas ações sociais em comum, além das dimensões da oração e do estudo.

“Foi um encontro de convivência de reflexão e também de perspectiva de projeção. A convivência fraterna entre os membros produz efeitos positivos para que possamos enfrentar os desafios, dificuldades e diferenças que o dia-a-dia nos apresenta”, afirmou padre José Bizon, coordenador da Casa da Reconciliação. Ele também chamou a atenção para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que acontece entre os dias 6 e 10 de junho.
(Confira a programação através do link: http://migre.me/4FkeR)

O reverendo Joel de Souza Moraes, da Igreja Presbiteriana Unida, também avaliou o encontro positivamente. “A partir de nós mesmos, já estamos vencendo obstáculos, pois o amor de Cristo sobrepõe todas essas coisas. Como líderes, temos o dever de levar ao nosso rebanho que a graça da unidade começa a existir”.

O Mofic

O Mofic foi constituído aos 27 de abril de 1977. O Compromisso foi assumido e assinado, pela primeira vez, em 1984, pelas Igrejas: Anglicana, Metodista, Luterana e Católica Romana. Em 18 de maio de 1991, as quatro Igrejas renovaram o Compromisso e as Igrejas Presbiteriana Unida e Armênia Apostólica o assumiram e o assinaram pela primeira vez. A Igreja Ortodoxa Antioquina assinou o compromisso pela primeira vez em 2006.

Em 1992, o Mofic foi reconhecido como representação do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), em São Paulo. A partir de setembro de 2000, o Mofic passou a ser uma representação estadual do Conic. Hoje, conta com alguns núcleos regionais: Campinas, Jundiaí e Vale do Paraíba. O Núcleo de Botucatu está em fase de formação.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Papa confirma eleição de novo patriarca maronita

Bento XVI confirmou hoje a eleição de Béchara Raï como 77.º patriarca de Antioquia e do todo o Oriente para a Igreja maronita, concedendo-lhe a “comunhão eclesiástica”.

O documento foi publicado pela sala de imprensa da Santa Sé, após a eleição, pelo sínodo da Igreja maronita, do sucessor de Nasrallah Pierre Sfeir, que no último dia 26 de Fevereiro tinha apresentado a sua renúncia.

Béchara Boutros Raï, de 71 anos, foi ordenado sacerdote em 1967 e bispo em 1986.

Bento XVI destaca o fato de, segundo uma “bela e antiga tradição”, o nome de Pedro vir a ser acrescentado ao nome do novo patriarca, como sinal de comunhão com o Papa e a Igreja de Roma.

A Igreja maronita, particularmente ligada ao Líbano, conta hoje cerca de três milhões de fiéis, dois terços dos quais emigrantes.

Esta comunidade recebe o seu nome de São Maron, monge sírio dos séculos IV e V.


Fonte: Ecclesia

Sviatoslav Schevchuk es el nuevo Patriarca de la Iglesia Greco Católica de Ucrania

Sviatoslav Schevchuk es el nuevo Patriarca de la Iglesia Greco Católica de Ucrania

Bento XVI confirmou hoje a eleição de Sviatoslav Schevchuk como arcebispo maior de Kiev, após a sua eleição, a 23 de Março, pelo sínodo dos bispos da Igreja greco-católica da Ucrânia.

Shevchuk, de 40 anos, liderava a comunidade greco-católica na Argentina e sucede ao cardeal Lubomyr Husar, que resignou ao cargo no último dia 10 de Fevereiro. Sviatoslav Shevchuk foi ordenado bispo em 2009 e é um dos mais jovens prelados católicos do mundo.


Fonte: Ecclesia

quarta-feira, 23 de março de 2011

Católicos e Israel: uma questão de valores

"Israel não é apenas o único país da região com um projeto democrático estável. É o país do Oriente Médio que mais se aproxima da visão católica sobre o que a política do século 21 deve ser”.

POR GEORGE WEIGEL

A Igreja Católica vem refletindo sobre a ética e as relações internacionais desde que Santo Agostinho escreveu “A Cidade de Deus”, no século 5. Já os fundamentos morais das sociedades modernas e liberais sofrem a influência católica desde que o Papa Leão XIII estabeleceu a doutrina social católica através da encíclica “Rerum Novarum”, em 1891. Portanto, as teorias contemporâneas de democracia e do entendimento clássico de ordem mundial devem inspirar os católicos de todo o mundo a se solidarizarem com o Estado de Israel, que enfrenta uma campanha global de deslegitimação.

Democracia

Os laços católicos com a democracia foram reforçados pelo saudoso Papa João Paulo II. Dadas as alternativas disponíveis no século 21, a Igreja prefere democracias porque as democracias baseiam-se na proteção constitucional dos direitos humanos e respeitam as instituições da sociedade civil, tais como família, associações, grupos econômicos e culturais e entidades religiosas. As democracias encarnam a superioridade do Estado de Direito sobre a coerção e abrem aos cidadãos a oportunidade de debater o bem comum, a participação no governo e, assim, cumprir com as suas responsabilidades cívicas. Somente os métodos democráticos de autogoverno possibilitam mudanças políticas pacíficas.

Nenhum dos 192 países membros da Organização das Nações Unidas encarna perfeitamente a concepção católica de democracia. No Oriente Médio, somente um país tem um projeto razoavelmente eficaz em torno dos valores políticos e morais em que se baseia a idéia católica de democracia. Esse país é o Estado de Israel.

Durante décadas, o Líbano se esforçou num projeto parecido, mas este foi destruído pela Síria e pelo Irã, em nome de uma compreensão muito diferente da política do que a aprovada pela doutrina social da Igreja Católica. O Iraque, esperamos, está se movendo na direção de uma democracia pluralista, mas este processo é ameaçado por ataques dos jihadistas contra os cristãos remanescentes.

Já Israel não é apenas o único país da região com um projeto democrático estável. É o país do Oriente Médio que mais se aproxima da visão católica sobre o que a política do século 21 deve ser. Ainda que imperfeita, é uma versão da sociedade virtuosa elogiada pelo Concílio Vaticano II e por João Paulo II e Bento XVI.

Em uma região marcada pela intolerância religiosa e étnica, Israel, um país constantemente ameaçado por seus vizinhos, tem feito grandes esforços para honrar os princípios da democracia pluralista. Os árabes israelenses – tanto muçulmanos quanto cristãos – têm direito a voto; o parlamento de Israel possui sua bancada árabe e um árabe cristão é juiz na Suprema Corte de Justiça. A vida para os cristãos árabes em Israel ainda não é a ideal, mas a vida cristã em Israel é muito melhor do que a vida cristã em Gaza ou sob a Autoridade Palestina. A perseguição estatal aos cristãos é comum no Egito, mas inexistente no Estado Judeu, onde a liberdade religiosa – que grande parte do mundo árabe e islâmico considera uma heresia – é legalmente garantida. Esta realidade (muitas vezes despercebida) explica um fato marcante: a população cristã de Israel tem crescido desde 1948, enquanto a população de cristãos nos demais países do Oriente Médio vem diminuindo.

Ordem Mundial

Ao longo do século 20, os bispos de Roma propuseram uma visão da ordem mundial alicerçada sobre o reconhecimento dos Direitos Humanos fundamentais. João Paulo II e Bento XVI transpuseram esta visão para o século 21, em que a Igreja muitas vezes parece ser a última crente na possibilidade de uma comunidade global regida pela ética.

A campanha para deslegitimar o Estado de Israel é um ataque direto sobre os princípios da ordem ética mundial. O Estado de Israel surgiu como resultado de um ato da Assembleia Geral da ONU. A sua destruição – via ataque nuclear do Irã, campanhas de pressão internacional ou através de mudanças demográficas – seria um duro golpe contra a visão de um mundo no qual a política e o Direito substituem a violência das massas.

Sozinho entre os seus vizinhos, Israel trocou terras por paz. Todos os partidos políticos relevantes em Israel aceitam a ideia de um Estado palestino. Já a maioria dos estados islâmicos se recusa a aceitar a simples existência de Israel, mesmo quando discretamente apoiam os esforços israelenses em conter o terrorismo jihadista e os clérigos apocalípticos de Teerã. É situação bizarra e, francamente, hipócrita.

Uma Questão de Valores

Uma visão católica de Israel não se baseia em leituras fundamentalistas da Bíblia, tampouco envolve uma visão romântica do Estado Judeu. Um compromisso católico com Israel não implica em lhes dar um cheque em branco, assim como o empenho dos católicos em defesa de Israel pode e deve coexistir com uma profunda preocupação para com os cristãos do Oriente Médio. A visão católica sobre Israel deve se basear em verdades sobre a Liberdade, a Razão e a Justiça – verdades cuja compreensão está ao alcance de todos os homens e mulheres de boa vontade. Ela também reflete um juízo prudente de que a destruição do único Estado do Oriente Médio que leva a sério a liberdade religiosa seria um golpe fatal para a causa da liberdade religiosa em todo o mundo.

George Weigel é Membro Sênior do Centro de Políticas Públicas e Éticas de Washington, onde mantém a cátedra de Estudos do Catolicismo, e autor da biografia do Papa João Paulo II.

(Fonte: http://www.friendsofisraelinitiative.org/article.php?c=78. Tradução: Victor Grinbaum.)

Perry Schmidt-Leukel: Facetas da relação entre Budismo e Hinduísmo[*]

Entrevista a Frank Usarski
Tradução de Carlos Roberto Sendas Ribeiro[**]

REVER: O senhor poderia nos dar uma visão geral acerca dos princípios “dogmáticos” e as fontes tradicionais relevantes (sutras, etc.) que serviram (têm servido) como referências para o encontro hindu-budista?

SCHMIDT-LEUKEL: Quando falamos sobre o “encontro hindu-budista” ou “relações hindu-budistas”, o primeiro ponto que é necessário esclarecer é o que se refere ao queremos dizer por “Hinduísmo”. Como designação de uma tradição religiosa, o termo é relativamente novo. Originalmente, “hindus” se referia às pessoas que viviam na Índia (ou, em um estágio mais antigo, aqueles que viviam na área do hind, isto é, o rio Indo). Foi somente sob o período colonial inglês que “Hinduísmo” foi utilizado como um termo “guarda-chuva” para a vasta diversidade de cultos religiosos, ritos, escolas filosóficas etc., em uma Índia onde não havia sikhs, muçulmanos, jainistas, etc. Entre os assim-chamados movimentos neo-hindus, quer dizer, o grande movimento de reforma do século XIX e início do século XX, “Hinduísmo” transformou-se numa auto-designação religiosa. No curso desse processo, os reformistas neo-hindus tentaram criar uma identidade hinduísta comum, apesar da imensa diversidade de crenças e práticas abrangidas por este termo. Entre as características comuns do que agora significa “Hinduísmo”, encontramos a aceitação dos Vedas como revelação divina (shruti). Isto, é claro, se refere aos Vedas como foram entendidos no século XIX, quer dizer, suas antigas partes juntadas aos comparativamente mais novos Upanixades, os quais se formaram aproximadamente entre os séculos VII e III a.C. e, mais tarde, adicionados aos Vedas. As partes mais antigas dos Vedas foram textos religiosos de uma religião que é usualmente chamada de Bramanismo. O Budismo surgiu na Índia em torno do século V a.C. como parte dos vários movimentos xramana. Os xramanas opuseram-se a grande parte da religião brâmane. O mais importante é que os xramanas introduziram um novo objetivo religioso, o objetivo de salvação, estreitamente conectado à idéia de reencarnação. Ambas, as crenças em reencarnação e na salvação como meta mais elevada, eram desconhecidas no antigo Bramanismo, mas foram incorporadas ao Bramanismo através dos Upanixades, que se formaram sob a influência das novas idéias xramanas. Então, nos textos mais recentes do Budismo, nós encontramos uma quantidade de temas comuns à maioria dos grupos xramanas. Os budistas ensinaram a reencarnação e a salvação derradeira – a serem adquiridas mediante uma experiência de um “insight” libertário (Iluminação) – e se opuseram a uma grande variedade de características do Bramanismo. Eles rejeitaram a autoridade dos Vedas (isto é, as suas partes mais antigas), criticaram o valor religioso do sacrifício (que era o ato ritual central no Bramanismo) e o culto de divindades específicas. Os budistas também negaram a afirmação brâmane de que o valor espiritual de um indivíduo e o seu papel social/religioso pode ser determinado pela casta. Essa crítica, entretanto, não era orientada por quaisquer preocupações sociais. A principal razão que havia por detrás disso era que o próprio Buda pertencia à casta dos xátrias e não era ele mesmo um brâmane. Assim, do ponto de vista brâmane, o Buda não estava autorizado a ensinar o dharma (a verdade religiosa). Além do mais, Buda divulgou o dharma indiscriminadamente para as pessoas de todas as castas. Isso também estava indo contra a idéia brâmane de que o dharma não deve ser ensinado aos membros das castas mais baixas.

Os antigos textos budistas, como têm sido preservados no cânone pâli, são cheios de polêmicas parcialmente severas contra o Bramanismo oficial. Ao mesmo tempo, os budistas afirmaram que eles são os “verdadeiros brâmanes” e por isso contestam os brâmanes oficiais em seu papel de liderança religiosa e social. Outro aspecto importante é que os antigos textos budistas também contêm um número de afirmações que parecem ser direcionadas contra um dos ensinamentos centrais dos Upanixades: Enquanto os Upanixades mantêm que a Iluminação implica numa realização existencial da unidade do verdadeiro self individual (atman) com a base divina de e em tudo (brahman), os budistas afirmavam que o insight libertador implica no entendimento de que nada do que forma a existência de um indivíduo tem a qualidade de um self imperecível e de suprema felicidade, ou seja de um atman.

REVER: A partir de qual momento/período temporal o encontro hindu-budista se manifestou e quais foram as circunstâncias geográficas e sócio-culturais sob as quais os primeiros encontros ocorreram?

SCHMIDT-LEUKEL: Quando o imperador Ashoka (séc. III a.C.) tornou-se um poderoso patrono do Budismo, ele proibiu a matança de animais. Isto foi um grande golpe contra o Bramanismo, já que o sacrifício ritual de animais era prescrito nos Vedas e formava a maior parte do ganha-pão dos brâmanes. Isto deixou muito claro para os brâmanes que um Estado governado por princípios budistas dificilmente deixaria algum espaço para eles. O Budismo era agora percebido não apenas como um rival intelectual, mas como uma séria ameaça. Assim, sob Ashoka – com seu apoio real – o Budismo espalhou-se dentro e fora das fronteiras de seu império rapidamente. Por isso, não surpreende que após a dinastia Ashoka Maurya (séc. II a.C.) tenhamos ouvido acerca de ferozes perseguições ao Budismo na Índia inspiradas pelos círculos brâmanes.

REVER: O relacionamento entre Budismo e Hinduísmo sofreu modificações no curso da história, por exemplo, em termos de uma maior intimidade mútua e/ou rejeição (talvez unilateral) e, em caso positivo: que desenvolvimentos intra-religiosos (dentro do Budismo ou do Hinduísmo) contribuíram para as mudanças nas relações inter-religiosas (entre Budismo e Hinduísmo)?

SCHMIDT-LEUKEL: As relações hindu-budistas tornaram-se verdadeiramente ruins no curso do primeiro milênio d.C. Na literatura dos puranas que então se desenvolveu no Hinduísmo, o Budismo é freqüentemente atacado. Por exemplo, o influente Vishnupurana prescreve uma completa excomunhão social do budista; absolutamente nenhum contato, seja de que natureza for; até mesmo olhar para um monge budista exige longas expiações; jantar com um budista leva ao inferno e ver um budista em sonho é um mau presságio. Famosos filósofos hindus como Kumarila (séc. VIII) e Shankara (séc. IX) atacaram o Budismo com argumentos filosóficos e teológicos. De acordo com Shankara, todos os que procuram a felicidade devem desprezar inteiramente o Budismo. Sobre Kumarila, é dito que (embora não saibamos até onde isto é historicamente verdadeiro) ele instruiu o rei Sudhanvan para resolver o problema com os budistas simplesmente matando todos eles, incluindo as crianças e os idosos. De fato, há registros de várias perseguições graves aos budistas pelos reis hindus na segunda metade do primeiro milênio. No final deste período, o Budismo havia quase desaparecido da Índia. Aparentemente, não havia meio de hindus e budistas viverem lado a lado em uma única e mesma sociedade. Desenvolvimentos paralelos podem ser observados durante o mesmo período no lado budista. Filósofos budistas engajaram-se em pesadas críticas e polêmicas contra os princípios centrais hindus: contra a autoridade dos Vedas, o sistema de castas, a crença em um divino criador e a crença em um divino atman. No Sri Lanka, o conflito hindu-budista tomou a forma de uma violenta confrontação. O Mahayamsa, a mais importante crônica nacional budista do Sri Lanka (composta no séc. VI d.C. ou depois) cria a imagem do Sri Lanka como o próprio país do Buda, o qual só prosperará se o Budismo prosperar. Isto significou defender o Budismo primeiramente contra os tamis do sul da Índia, que eram hindus xivaítas e freqüentemente invadiam o Sri Lanka. De acordo com o Mahayamsa, o soberano cingalês Duttagamani (séc. II DC) lutou contra os tâmiles do Sri Lanka “não apenas pela alegria da soberania”, mas “para estabelecer a doutrina do Buda”. Após ter massacrado milhares de tâmiles, ele foi consolado por oito santos budistas (arhats). Eles lhe asseguraram que essas pessoas não valiam mais do que feras selvagens e que ele havia trazido grande glória à doutrina do Buda (Mahayamsa 25: 109 e seguintes). Até hoje, o conflito hindu-budista é um aspecto da guerra tâmil-cingalesa que o Sri Lanka vem sofrendo durante os últimos 25 anos. Apesar dessas hostilidades, Hinduísmo e Budismo exerceram de fato considerável influência um sobre o outro. As idéias, práticas e ideais budistas encontraram sua contrapartida em vários desenvolvimentos hindus, e uma quantidade de textos budistas, em especial as escrituras do Budismo Mahayana, refletem a influência hindu. Deixe-me mencionar só dois exemplos. O método filosófico desenvolvido na escola budista Madhyamaka exerceu forte influência sobre Shankara e sua interpretação Advaita-Vedântica dos Upanixades. E o desenvolvimento budista-Mahayana do conceito de uma natureza-búdica universal sendo o verdadeiro eu de todo ser consciente e ao mesmo tempo a última realidade atrás de tudo exibe uma chocante similaridade com o ensinamento brahman-atman do Upanixad. Além disso, a inteira questão de como combinar o empenho pela última libertação, e a correspondente espiritualidade da renúncia, com a obrigação de viver neste mundo e contribuir para esta sociedade tornou-se um motivo orientador no desenvolvimento de ambas as religiões.

REVER: Existem diferenças entre as escolas budistas em termos da percepção budista da reação contra/colaboração com o Hinduísmo?

SCHMIDT-LEUKEL: Como resultado de ambas, das abertas hostilidades e da influência mútua, emergiram as alegações recíprocas de superioridade inclusivista. No Hinduísmo, isso tomou a forma do difundido ensinamento de que Buda foi de fato um avatar (encarnação) do Deus Vishnu. Mas, enquanto a tarefa usual de um avatar é corrigir as coisas e guiar as pessoas de volta ao caminho correto, a função do Buda foi desencaminhar aqueles que mereciam ser desencaminhados, causando dessa forma a sua ruína espiritual e, assim, fortalecendo os seguidores ortodoxos dos Vedas. Uma afirmação semelhante é encontrada em um influente sutra mahayanista. O sutra Karandavyuha – que é escrito em louvar ao Bodisatva Avalokitesvara – proclama que o Deus Shiva é na realidade uma criação de Avalokitesvara, mas que na era das trevas, a Kali Yuga, iludiu as pessoas que veneravam Shiva como o deus mais elevado, o Criador, e desse modo elas ficaram privadas do caminho da iluminação. Em geral, a existência de divindades hindus não era negada pelos budistas. Mas eles as incorporaram em seu próprio sistema a as colocaram em uma posição inferior. Elas são vistas como seres poderosos, mas seres que ainda estão vinculados ao samsara, o ciclo das reencarnações. Eles não estão iluminados ou libertos, e não podem ajudar no caminho para a libertação. Eles podem, entretanto, providenciar amplos favores. Assim, no Budismo Theravada até hoje se encontra freqüentemente um templo lateral para algumas importantes divindades hindus anexado a um santuário budista, e os devotos são encorajados a aproximar dessas divindades em busca de ajuda às suas necessidades mundanas. No Budismo Mahayana, as divindades hindus foram em grande parte (mas não inteiramente) substituídas pelos Bodisatvas do Mahayana que lhes tomaram a função de suprir as necessidades mundanas e freqüentemente se assemelham bastante às divindades hindus. Portanto, há algumas pequenas diferenças entre os importantes ramos budistas em relação ao Hinduísmo, mas essencialmente sua atitude é bastante semelhante. No Hinduísmo se pode afirmar, de um modo bem generalizado, que entre os ramos mais teístas, a rejeição ao Budismo é mais forte do que entre aquelas que são influenciados pelo Advaita-Vedanta, embora, como eu disse antes, o próprio Shankara tenha sido um feroz oponente do Budismo – apesar do fato de ele ter sido influenciado pela filosofia budista. O último, entretanto, fez com que os hindus teístas denunciassem Shankara como um cripto-budista. De novo, algo similar é encontrado no Budismo. Entre os budistas Theravada há a difundida visão de que o Budismo Mahayana é uma heresia que surgiu pela demasiada influência hindu.

REVER: O encontro hindu-budista está parcialmente institucionalizado em termos de reuniões especiais (regulares) ou ao menos contextualizado em reuniões inter-religiosas de um âmbito mais abrangente? Caso existam reuniões especiais: quem é responsável pela organização desses eventos? Quem está engajado neste tipo de diálogo (representantes individuais, associações, comunidades religiosas específicas)?

SCHMIDT-LEUKEL: Um diálogo hindu-budista realmente não existe. Na Índia há agora um movimento rapidamente crescente de neobudistas recentemente convertidos. Este movimento foi disparado por Bhimrao Ambedkar (1891-1956), pai da moderna constituição indiana e líder político dos assim chamados “intocáveis”. Ambedkar converteu-se ao Budismo em 1956 junto com mais de 300 mil de seus seguidores. Existem hoje cerca de 6,5 milhões de budistas “ambedkarianos” na Índia. Ambedkar deixou o Hinduísmo por causa de sua rejeição ao sistema de castas e sua convicção – em oposição a Gandhi – de que o sistema de castas é irreformável. Os budistas “ambedkarianos” são, então, muito anti-hindus em sua abordagem. Parte de sua fórmula de conversão é a denúncia pública do Hinduísmo. No Sri Lanka há esta guerra tâmil-cingalesa em andamento com seus significados religiosos implícitos e alguns dos monges budistas do Sri Lanka se expressam eles mesmos em uma atitude militantemente anti-hindu. Além disso, a constituição do Sri Lanka concede ao Budismo um lugar privilegiado, que pode fazer com que os hindus se sintam cidadãos de segunda classe. Entre os indianos hindus há, agora, um movimento hindutva muito forte com uma gama de organizações políticas e paramilitares. A postura deles em relação ao Budismo não é, entretanto, unânime. O movimento hindutva define “Hinduísmo” mais em um senso nacionalista do que religioso e tendem a ver Buda, e até certo ponto o Budismo também, como parte do Hinduísmo. Isto, entretanto, é fortemente combatido pelos budistas “ambedkarianos” na Índia. O movimento neo-hindu de séc. XIX e do início do séc. XX e também (até certo ponto) o modernismo budista do mesmo período acarreta alguns aspectos que poderiam se tornar frutíferos para um futuro diálogo hindu-budista. Anagarika Dharmapala, o mais importante modernista budista, falou muito positivamente sobre Advaita Vedanta. Mas, ao mesmo tempo, ele era um forte nacionalista budista em relação ao Sri Lanka e há muito se opunha a todas as formas de teísmo, seja hindu ou abraâmico. Do lado hindu, os reformadores neo-hindus freqüentemente admiravam bastante o Buda. Ao mesmo tempo, eram críticos do sistema de castas e ambos fornecem uma boa base para um futuro diálogo hindu-budista. Vivekananda, em especial, era cheio de louvores a Buda, embora sustentasse que a mensagem e a personalidade do Buda são melhor compreendidas pelo Hinduísmo vedanta do que pelo Budismo oficial. Entretanto, ele reconheceu que o Hinduísmo beneficiou-se significativamente da influencia budista. Vivekananda também via Buda como um divino avatar, mas ele rejeitou explicitamente a visão clássica de que o papel do Buda era de natureza maléfica. Os budistas, por enquanto, não reagiram muito a esses desenvolvimentos dentro do neo-Hinduísmo, mas o acadêmico budista indiano Lal Mani Joshi respondeu arcaicamente, embora imparcialmente construtivo, à visão do Budismo de Vivekananda com o seu livro “Discernindo o Buda” (1983). O único diálogo em tempos mais recentes do qual me lembre é o que foi conduzido entre o budista nitiren japonês Daisaku Ikeda e o político e acadêmico hindu Karan Singh (“Humanidade na Encruzilhada”, 1988). Isto confirma que há espaço para uma certa aproximação da visão budista, em especial a budista Mahayana, e da visão hindu, em especial a advaita vedântica, sobre a compreensão do verdadeiro eu e da última realidade de forma que as clássicas controvérsias acerca da doutrina brahman-atman possam ser superadas. Entretanto, este diálogo também mostra que há uma tendência (que é particularmente forte dentro do movimento hindutva) para formar uma espécie de aliança entre as alegadas não-dualísticas religiões do Hinduísmo e do Budismo contra as alegadas dualísticas religiões abraâmicas as quais são consideradas responsáveis por uma quantidade daqueles males que assediam o mundo moderno. Esta tendência, que eu sustento ser nada bem-vinda, pode e deve ser encontrada dentro do contexto mais amplo de um diálogo inter-religioso global. Dentro de importantes organizações inter-religiosas globais, como por exemplo a “Conferencia Mundial de Religiões para a Paz” ou o “Parlamento Mundial das Religiões”, de fato, hindus e budistas se encontram regularmente. Mas, até onde eu consigo ver, isto ainda não inspirou qualquer forma institucionalizada do diálogo hindu-budista no contexto asiático. Entretanto, o movimento inter-religioso global certamente fornece um estímulo positivo em andamento para o futuro das relações hindu-budistas. Ambos, hindus e budistas, freqüentemente apresentam as suas próprias religiões como sendo extraordinariamente tolerantes e abertas em relação às religiões abramicas, as quais são usualmente percebidas como especialmente intolerantes e absolutistas. Assim, o teste decisivo para as alegações hindus e budistas certamente será como vão lidar com eles mesmos no futuro. A agenda desse diálogo, eu sugiro, deveria ser menos dominada pelos grandes tópicos de relevância global. Deveria ser preferencialmente enfocada numa revisão crítica daqueles temas específicos nos quais as mútuas hostilidades e alegações recíprocas de superioridade entre o Hinduísmo e o Budismo foram construídas. Isto, no mínimo, parece ser mais saudável do que qualquer aliança motivada pela feitura de um novo bicho-papão.

Notas

[*] Professor de Teologia Sistemática e Estudos da Religião e diretor fundador do “Centre for Inter-Faith Studies” na Universidade de Glasgow (Escócia). Entre as suas publicações mais recentes encontram-se: War and Peace in World Religions (2004), Buddhism and Christianity in Dialogue (2005), Gott ohne Grenzen (2005), Buddhism, Christianity and the Question of Creation: Karmic or Divine? (2006), Understanding Buddhism (2006), Islam and Inter-Faith Relations (2007). Em breve será lançado a coletânea Schmidt-Leukel, P. (org.), Buddhist Attitudes to Other Religions, St. Ottilien: EOS Verlag 2008.

[**] Mestrando em Ciências da Religião da PUC-SP.

terça-feira, 15 de março de 2011

Eleito Patriarca dos Maronitas


O Sínodo da Igreja Maronita elegeu na manhã de hoje (15 de março de 2011) seu novo Patriarca. O sucessor do Cardeal Sfeir é o arcebispo de Jbeil, Dom Beshara Rai. O novo Patriarca de Antioquia dos Maronitas será entronizado em 25 de março.

O novo Patriarca, de 71 anos, não é obrigado a apresentar carta de renúncia aos 75 anos como os demais bispos. Os patriarcas das Igrejas Orientais são eleitos para governarem suas Igrejas vitaliciamente, exceto se outras razões lhes aconselhem a agir distintamente. Foi o caso do último patriarca, o Cardeal Sfeir, de 91 anos, que renunciou devido às limitações impostas pela idade muito avançada.

domingo, 13 de março de 2011

Exposição “Holocausto nunca mais”

Abertura da exposição “Holocausto Nunca Mais” na Prefeitura de São Paulo.

Estimular a educação e a tolerância. Este é o objetivo da exposição “Holocausto Nunca Mais”, que será aberta nesta segunda-feira, 14 de março, às 17h30, no saguão de entrada da Prefeitura de São Paulo, com a presença do prefeito Gilberto Kassab, do sobrevivente do Holocausto Ben Abraham, dos diretores da Federação Israelita do Estado de São Paulo e do vereador Floriano Pesaro. Uma delegação do American Jewish Comittee, que está em visita ao Brasil também participará da abertura. A exposição “Holocausto Nunca Mais” é composta por 52 painéis com fotos, textos e documentos que retratam os campos de concentração nazistas durante a 2a Guerra Mundial. As fotos, que fazem parte dos arquivos da Sherit Hapleitá do Brasil (Associação Mundial de Sobreviventes do Nazismo) mostram a ascenção do nazismo ao poder, a “vida” nos campos de concentração e guetos durante a Segunda Guerra Mundial, bem como as atrocidades cometidas pelos nazistas.

“A memória é parte integrante da identidade do povo judeu e elemento fundamental de sua continuidade. A memória é o que pode salvar a humanidade. Esta exposição, na sede do Executivo municipal, localizado no coração de São Paulo, tem esse papel: de alertar e de não deixar esquecer”, ressalta Floriano Pesaro, autor da Lei 15.059, que instituiu no calendário oficial da cidade o dia 27 de janeiro como o Dia em Memória às Vitimas do Holocausto. Para Ben Abraham, presidente da Sherit Hapleitá e sobrevivente de Auschwitz, as pessoas devem sempre “aprender com o passado, para viver o presente e enfrentar o futuro com cabeça erguida”. “Cabe aos jovens este trágico legado para que nunca se permita que o holocausto aconteça de novo”, afirmou. A iniciativa é do vereador Floriano Pesaro (PSDB), em parceria com a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e a Sherit Hapleitá do Brasil.

SERVIÇO:
Exposição Holocausto Nunca Mais
DATA: de 14/03 a 1º/04, de 2ª a 6ª (horário comercial)
LOCAL: no saguão da Prefeitura de São Paulo (Viaduto do Chá, s/nº – centro de São Paulo) – GRÁTIS

Dom Manoel é o novo presidente do CONIC


O bispo da diocese de Chapecó (SC), dom Manoel João Francisco, é o novo presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). Ele foi eleito durante a 14ª Assembleia Geral do Conselho, que terminou neste sábado, 12, no Rio de Janeiro. Dom Manoel sucederá ao pastor sinodal Carlos Augusto Möller, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), no cargo desde 2006.

Fundado em 1982, em Porto Alegre (RS), o CONIC é uma associação que reúne cinco Igrejas cristãs: Católica Apostólica Romana; Episcopal Anglicana do Brasil; Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; Sirian Ortodoxa de Antioquia; Presbiteriana Unida. Com sede em Brasília, tem entre seus objetivos promover as relações ecumênicas entre as Igrejas cristãs e o testemunho das Igrejas membros na defesa dos direitos humanos.

O atual primeiro vice-presidente do Conselho, dom José Alberto Moura, presidente da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB, presidiu a celebração de abertura da Assembleia, que discutiu o tema “Unidade e compromisso com o povo de Deus”. Participaram da reunião, que começou ontem, 30 pessoas das cinco Igrejas que compõem o CONIC.

“A Assembleia foi marcada por uma atitude de diálogo e convivência entre os delegados das Igrejas membros”, disse o assessor da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB, padre Elias Wolff.

Para a presbítera Elinete Wanderley Paes Miller, da Igreja Presbiteriana Unida (IPU), “as igrejas estão se fechando cada vez mais”, por isso, é preciso “ampliar o exercício do diálogo, para que o conselho não se restrinja a relações institucionais, mas esteja vivo no cotidiano de nossas comunidades”.

Já a reverenda Cacilene Nobre, também da IPU, é necessário investir mais na defesa dos direitos humanos. “O CONIC tem uma boa expressão, mas pode melhorar. Precisamos trabalhar mais intensamente na defesa dos Direitos Humanos. Sonhamos com um conselho de igrejas que lute incessantemente pelos direitos das mulheres”.

O assessor da CNBB, por sua vez, ressaltou a esperança no futuro do CONIC. “Não obstante as dificuldades atuais no mundo ecumênico, é de se esperar que esse Conselho de Igrejas, com o apoio das Igrejas membro, consiga fortalecer seus projetos de ação, favorecendo sempre mais o diálogo e a cooperação ecumênica no Brasil”, observou.

Nova diretoria

Além de dom Manoel, da Igreja Católica Romana (ICAR), foram eleitos, para a 1ª vice-presidência, o bispo dom Francisco de Assis da Silva, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), e para a 2ª vice-presidência, a presbítera Elinete Wanderlei Paes Muller, da Igreja Presbiteriana Unida (IPU). A secretária eleita foi Zulmira Ines Lourena Gomes da Costa, da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA) e para tesoureiro a Assembleia escolheu o pastor sinodal Altermir Labes, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).

Para o Conselho Fiscal foram eleitos o pastor Marcos Ebeling (IECLB), mons. Pacheco Filho, da Igreja Católica Romana (ICAR) e Fabiano Nunes (IEAB). O mandato da nova diretoria vai até 2015.


Fonte: CNBB

sexta-feira, 11 de março de 2011

Chá Ecumênico

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Paz na Criação de Deus – Esperança e Compromisso: Igreja Luterana lança tema de 2011


A Igreja Evangélica de Confissão Luterana - IECLB lança oficialmente no próximo dia 13 de março, primeiro domingo da Quaresma, chamado Invocat, o Tema do Ano 2011: "Paz na Criação de Deus – Esperança e Compromisso".

Com o lema “Glória a Deus e paz na terra” (Lc 2.14), a IECLB conclama a comunidade luterana e a sociedade em geral para o compromisso com a criação.

Trata-se do mesmo tema central da Convocação Ecumênica Internacional para a Paz, a realizar-se em Kingston, Jamaica, de 17 a 25 de maio de 2011. A conferência que irá discutir a questão da paz, em conexão com o encerramento da Década de Superação da Violência, promovida pelo Conselho Mundial de Igrejas. No dia 22 de maio de 2011 todas as igrejas estarão convocadas a unirem-se em culto com as igrejas e pessoas delegadas reunidas na Jamaica.

De acordo com Walter Altmaman, moderador do CMI e ex-presidente da Igeja Luterana, "mais uma vez a IECLB quer se unir às vozes de outras igrejas e juntar-se ao esforço delas. Para 2011 queremos refletir e propor ações em busca de uma paz solidária, justa e igualitária entre os seres humanos e destes para com toda a Criação de Deus."

O CEBI tem à disposição diversos subsídios sobre o tema da Ecologia. Para esta quaresma ou para momentos posteriores de aprofundamento, a sugestão é o livrinho Reciclar a Vida, de Carlos Mesters, Tea Frigerio e Francisco Orofino.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O conhecimento da pluralidade das existências vem de longe

“Fui mineral, morri e me tornei planta, como planta morri e depois fui animal, como animal morri e depois fui homem, por que teria eu medo? Acaso fui rebaixado pela morte? Vi dois mil homens que eu fui; mas nenhum era tão bom quanto sou hoje. Morrerei ainda como homem, para elevar-me e estar entre os bem-aventurados anjos...”

Al Rumi I Poeta Islâmico (1210-1273 d.C)

Grupos de Luteranos pedem ao Papa um novo ordinariato para unirem-se à Igreja Católica

O diretor da Seção de Doutrina da Congregação para a Doutrina da Fé, Pe. Hermann Geissler, confirmou que após a “Anglicanorum Coetibus”, grupos de luteranos da América do Norte e Escandinávia solicitaram ao Papa Bento XVI a criação de um Ordinariato e o retorno à plena comunhão com Roma.

O diretor da Seção de Doutrina da Congregação para a Doutrina da Fé, Pe. Hermann Geissler, confirmou que após a autorização das conversões de grupos de anglicanos ao Catolicismo, agora o Papa Bento XVI está recebendo pedidos de grupos de luteranos que querem retornar ao seio da Igreja de Roma. O sacerdote fez essas revelações à revista “The Portal”.

Segundo Pe. Geissler, luteranos da América do Norte e Escandinávia têm se colocado em contato com anglicanos e também com a Sé Apostólica visando a possibilidade de o Papa vir a criar um ordinariato especialmente destinado a eles.

Em relação a isso, o sacerdote reconheceu que a Congregação para a Doutrina da Fé está estudando a questão e assegurou que “o Santo Padre fará todo o possível para levar outros cristãos à comunhão plena com a Igreja Católica”.


Fonte: InfoCatolica.com – 08/03/2011

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Cristãos refletem sobre fé e cidadania


O Movimento de Fraternidade de Igrejas Cristãs (MOFIC) e a Casa da Reconciliação promovem, durante o mês de fevereiro, mais uma edição do curso “Formação para o Diálogo”, que, neste ano, terá como tema “Fé Cristã e Cidadania”.

Participam do evento as Igrejas Apostólica Armênia, Episcopal Anglicana do Brasil, Católica Apostólica Romana, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Presbiteriana Unida do Brasil e Ortodoxa Antioquina.

No dia 12, será lançada a Coleção “OIKOUMENE” – Crescer Juntos na Unidade e na Missão; e Tornar-se Cristão – da Edições CNBB.

Os encontros serão aos sábados, das 8h30 às 11h30, no auditório da Livraria Paulinas (rua Domingos de Moraes, 660 -Vila Mariana – próximo ao Metrô Ana Rosa). Para mais informações sobre as inscrições, entre em contato com a Casa da Reconciliação, pelo telefone (11) 884-1544 (de segunda a sexta-feira, das 08h às 17h) ou pelo e-mail: dcj@casadareconciliacao.com.br.


Confira a programação do evento

SUBTEMAS e ASSESSORIA

05/02 Mercado Religioso e Violência
Prof. Edin Sued Abumanssur

12/02 Educação e Valores
Prof. João Décio Passos

19/02 Crise Ambiental
Prof. Pedro Agustín Céspedes Pérez

26/02 Mídia e Manipulação
Ir. Joana T. Puntel, FSP

COORDENAÇÃO

05/02 Pe. Gregório Teodoro
Igreja Ortodoxa Antioquina

12/02 Rev. Cézar Fernandes Alves
Igreja Episcopal Anglicana

19/02 Pe. Paulo Homero Gozzi
Igreja Católica Romana

26/02 Rev. Hebert R. de Souza
Igreja Presb.Independente

DEVOCIONAL

05/02 Presb. Yone da S. Moreira
Igreja Presbiteriana Unida

12/02 Rev. Luciano José de Lima
Igreja Metodista

19/02 Ir. Renata S. da Silva, NDS
Igreja Católica Romana

26/02 Rev. Tércio Paulo de Almeida
Igreja Presbiteriana Unida

Ficha de inscrição: http://www.casadareconciliacao.com.br/imagens/PDF/formacao2011.pdf



Fonte: Casa da Reconciliação

Reino do Butão poderá se abrir à presença de missionários católicos


As notícias relativas a uma possível abertura do reino budista do Butão à fé cristã despertaram muita atenção, curiosidade e interesse no mundo missionário. Atualmente no Butão somente são permitidas as religiões Budista e Hinduísta; mas nas últimas semanas, Chhoedey Lhentshog, representante governamental para a supervisão de organizações religiosas, afirmou que os grupos cristãos poderão se registrar oficialmente junto às autoridades. Missionários católicos disseram à [agência] Fides que "estão prontos para partir e começar uma comunidade de fé no país, lançar a semente do Evangelho mesmo lá".

O padre Arul Raj, missionário dos Oblatos de Maria Imaculada (OMI), que vive em Chennai (Tamil Nadu, Índia) é o fundador de dois institutos religiosos: um feminino, a "Sociedade das Filhas de Maria Imaculada" (DMI), e um masculino, a "Sociedade dos Missionários de Maria Imaculada" (MMI). Os dois institutos, da Índia meridional, abriram várias comunidades em outros cinco estados na Índia setentrional, e na fronteira com Nepal e Butão. Padre Arul disse à Fides: "Estamos prontos a abrir comunidades de homens e mulheres no Butão. Não conhecemos bem o território, mas se as autoridades o permitirem, e nós tivermos as condições necessárias, começaremos prontamente nossas atividades. Alegra-nos poder responder deste modo ao apelo do Papa em sua Mensagem pelo Dia Mundial das Missões".

O estilo evangelizador e o carisma missionário das duas comunidades é perfeitamente adequado ao contexto do Butão: na Índia as irmãs trabalham particularmente pela promoção das mulheres, criando grupos de auxílio recíproco para mulheres pobres nas mais remotas áreas, e para seus filhos (na Índia assistem ao menos 20 mil); os missionários trabalham com os jovens em programas educacionais em colégios mantidos pelo Instituto, principalmente em engenharia e ciência da computação (mais de 8 mil estudantes).

Na medida em que se realizam as atividades, os missionários testemunham os "valores evangélicos do amor, perdão, partilha, unidade e solidariedade, permitindo-lhes crescer e florescer em seus corações". Eles não promovem conversões abertamente, mas manifestam claramente sua identidade cristã no trabalho e na oração. Desta forma, disse Pe. Arul à Fides, "não temos problemas com os diversos grupos hindus na Índia, nem sofremos acusações de conversões em massa". Mas "muitos dos jovens e mulheres que participam de nossos programas, pedem espontaneamente para abraçar a fé cristã", explica.

Esta abordagem, baseada no testemunho, diálogo, ajuda e compaixão serão certamente bem recebidos numa área como o Butão, onde até agora a fé cristã tem sido marginalizada.



Fonte: Fides
Tradução: OBLATVS

O mundo recorda as vítimas do holocausto

O mundo celebrou ontem (27) o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, com o tema ‘As mulheres e o Holocausto: coragem e compaixão’, instituído em 2005.

A comemoração lembra as histórias de mulheres que durante a Segunda Guerra Mundial lutaram para manter as tradições familiares e religiosas e enfrentaram a ameaça de morte corajosamente.

A Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou no dia 1º de novembro de 2005, a resolução 60/7 que designa 27 de Janeiro, como o Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto. A data é uma homenagem aos seis milhões de judeus e às outras vítimas do extermínio nazista.

Vários países, incluindo Grã-Bretanha, Itália e Alemanha, já consideravam 27 de janeiro o dia da memória das vítimas do Holocausto porque foi nessa data, em 1945, que os soviéticos liberaram o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia.

A resolução, proposta por Israel, foi co-patrocinada por outros 104 países e aprovada por consenso, sem necessidade de votação.

O texto da resolução rejeita qualquer questionamento de que o Holocausto foi um evento histórico, enfatiza o dever dos Estados-membros de educar futuras gerações sobre os horrores do genocídio e condena todas as manifestações de intolerância ou violência baseadas em origem étnica ou crença.

Para essa ocasião o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon publica uma mensagem na qual afirma que a cada ano, a comunidade internacional se une em memória do Holocausto e reflete sobre as lições que não devemos esquecer. É uma celebração anual de vital importância.

“No aniversário da libertação de Auschwitz-Birkenau, o maior e mais famoso dos campos de extermínio nazista lembramo-nos dos milhões de judeus, assim como dos prisioneiros de guerra, dissidentes políticos e membros de grupos minoritários, tais como os ciganos e Sinti, homossexuais e deficientes físicos, que foram sistematicamente assassinados pelos nazistas e seus simpatizantes”, destacou o Secretário-Geral das Nações Unidas. Este ano, a homenagem é dedicada às mulheres que sofreram no Holocausto.

“Mães e filhas, avós, irmãs e tias, que tiveram suas vidas irrevogavelmente mudadas, separadas de suas famílias e com suas tradições destruídas. Contudo, apesar de terríveis atos de privação, discriminação e crueldade, elas sempre encontraram maneiras de lutar contra seus perseguidores”, continuou o Secretário-Geral das Nações Unidas.

O Secretário-Geral concluiu afirmando que famílias nunca mais devem ter de suportar o tipo de horror visto durante o Holocausto.

“Só trabalhando em conjunto poderemos evitar o genocídio e pôr fim à impunidade. Ao educar as novas gerações sobre esse terrível episódio de nossa história”, disse Ban Ki-moon.



Fonte: A12

Bento XVI apela a clima de confiança entre católicos e ortodoxos

Papa recebeu Comissão Internacional Mista para o Diálogo Teológico, que reúne representantes das Igrejas cristãs do Ocidente e Oriente


Cidade do Vaticano, 28 Jan – Bento XVI pediu hoje aos líderes católicos e ortodoxos um “clima de confiança e aceitação mútua”, em benefício de todas as comunidades cristãs, especialmente as que enfrentam “desafios e dificuldades” no Médio Oriente.

Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, o desafio foi lançado esta manhã, durante uma audiência do Papa com representantes da Comissão Internacional Mista para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais, no Palácio Apostólico do Vaticano.

“Muitos de vós vêm de regiões onde os crentes e as comunidades cristãs enfrentam desafios e dificuldades, que são para todos nós motivo de grande preocupação” declarou Bento XVI.

“Que a intercessão e o exemplo dos muitos mártires e santos, que deram um testemunho corajoso de Cristo em todas as Igrejas, tragam força e apoio a todos vós e às vossas comunidades cristãs”, salientou ainda.

A Comissão Internacional Conjunta para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais foi fundada em 2003, numa iniciativa do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristão, em parceria com as autoridades das Igrejas Ortodoxas Copta, Síria, Apostólica Arménia, Etíope, Eritreia e sírio-malancar.

O organismo reuniu esta semana em Roma, para abordar matérias como a comunhão e a comunicação que existia entre as Igrejas cristãs, antes de se dar a separação, há 15 séculos atrás, e o papel desempenhado pelo monasticismo na vida da Igreja primitiva.

“Temos de estar confiantes de que a vossa reflexão teológica vai levar as nossas Igrejas não só a um entendimento mais profundo, mas a continuar com determinação esta jornada rumo à comunhão plena, conforme a vontade de Cristo” conclui Bento XVI.


Fonte: Ecclesia

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Balanço de 50 anos de ecumenismo

Entrevista com o bispo Brian Farrell, LC

No final da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, Dom Brian Farrell, LC, secretário do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, faz, nesta entrevista publicada no L'Osservatore Romano, um balanço do estado atual do ecumenismo
.

O Conselho Pontifício comemorou recentemente o cinquentenário de sua fundação. Ainda se conserva na Igreja Católica o espírito que inspirou seu nascimento, com o Papa João XXIII?

Dom Farrell: De fato, no último dia 17 de novembro, comemoramos, com um grande ato público, o cinquentenário da criação do "Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos", que João XXIII quis intensamente e instituiu junto às outras comissões responsáveis pela preparação do Concílio Vaticano II. Convencido de que todo o trabalho do Concílio deveria ser imbuído do desejo de restabelecer a unidade, ele quis, como um sinal evidente desse desejo, a presença de observadores de outras igrejas e comunidades eclesiais no próprio Concílio. Parece quase um milagre da Providência o fato de mais de dois mil bispos virem a Roma para dar início ao Concílio, em 1962, muitos dos quais eram formados em uma teologia da "exclusão", segundo a qual ortodoxos e protestantes - cismáticos e hereges, na terminologia utilizada naquela época - estavam simplesmente fora da Igreja; e três anos depois, escreveram o decreto Unitatis redintegratio, que reconhece uma real, ainda que incompleta, comunhão eclesial entre todos os batizados e entre as igrejas e comunidades eclesiais. Essa perspectiva renovada, em perfeita harmonia com a antiga eclesiologia dos Padres, teve enormes consequências devido à nova maneira em que os católicos se relacionavam com os demais cristãos e com suas comunidades, bem como pela adesão irrevogável da Igreja Católica ao movimento ecumênico. João XXIII falou de um "passo adiante", de uma forma de conceber a tradição de sempre com uma visão nova, abrindo novos caminhos para a Igreja rumo à unidade visível que lhe é própria. Esta transformação se deve, em grande parte, além de à graça do Espírito Santo, é claro, ao trabalho árduo do primeiro presidente do "Secretariado para a Promoção da Unidade", o cardeal Augustin Bea, e à sua equipe.

O que restou do trabalho dos primeiros anos do Conselho Pontifício?

Dom Farrell: Tudo permaneceu, no que se refere ao ensino do Concílio sobre os princípios que regem a busca da unidade. Os cinquenta anos que passaram desde então testemunham como esse ensino tem sido frutífero na vida concreta da Igreja e do mundo cristão como um todo. No ato comemorativo antes mencionado, além da importante mensagem do Papa Bento XVI, levada pelo secretário de Estado, cardeal Bertone, três grandes figuras do mundo ecumênico - o cardeal Walter Kasper, presidente emérito do nosso Conselho Pontifício; o arcebispo da Cantuária, Rowan Williams; e o metropolitano Ioannes de Pérgamo, exímio teólogo do patriarcado ecumênico - salientaram que é essencial e urgente para o desenvolvimento histórico atual que os cristãos possam falar e trabalhar juntos, não apenas em defesa da liberdade e da liberdade religiosa em primeiro lugar, mas também enfrentando com esperança os enormes desafios presentes na humanidade.

Mas alguns dizem agora que estão decepcionados com os resultados, depois de tanto esforço...

Dom Farrell: Quem pensa assim ignora a realidade. O Papa João Paulo II, em sua magnífica encíclica Ut unum sint, escreveu que provavelmente o fruto mais precioso do ecumenismo seja a "fraternidade redescoberta" entre os cristãos. As gerações mais jovens têm dificuldade de entender quanto as coisas melhoraram. No passado, os cristãos divididos se evitavam, não se falavam; as igrejas tinham atitudes de rivalidade e conflito mútuos, mesmo de ações verdadeiramente escandalosas, que minavam a própria missão evangelizadora. Se pensarmos no "diálogo da verdade", ou seja, na busca da superação dos elementos teológicos de divergência, aqui também muito já foi alcançado, incluindo a resolução de antigas controvérsias cristológicas, e foi substancialmente superado até mesmo o aspecto mais profundo da divergência entre católicos e reformados sobre a justificação, isto é, sobre como a salvação age em nós. É preciso levar em consideração que, nas questões doutrinais, sempre será necessário agir com cautela e devagar, pois temos de ter a certeza de estar avançando na fidelidade ao depósito da fé, de chegar a um acordo sobre a base da verdadeira Tradição.

No entanto, no diálogo teológico, surgiram novas dificuldades com os ortodoxos?

Dom Farrell: Estamos examinando o cerne das nossas diferenças sobre a estrutura e o modo de ser e operar da Igreja: a questão do papel do Bispo de Roma na comunhão da Igreja no primeiro milênio, quando a Igreja do Ocidente e do Oriente ainda estava unida. Depois de estudos aprofundados e discussões, os membros da Comissão Teológica perceberam a enorme diferença que existe entre a experiência histórica vivida, assimilada e narrada na cultura ocidental e a experiência histórica percebida na visão oriental das coisas. Todo evento histórico está aberto a diversas interpretações. A discussão não levou a uma convergência real. Mas também é verdade que, para chegar a um consenso, o que conta desde o início é desvelar os princípios doutrinais e teológicas estiveram em ação naqueles eventos e que são decisivos para permanecer fiéis à vontade de Cristo para a sua Igreja. Então, foi decidido elaborar um novo documento baseado em chave teológica. Estou convencido de que é o caminho adequado. Portanto, quando se trata de novas dificuldades, não são dificuldades insuperáveis, mas verdadeiras oportunidades. É claro que a discussão não será nem fácil nem breve. Parece, no entanto, que está se espalhando a convicção de que a unidade é possível; as circunstâncias do mundo de hoje conduzem as igrejas nessa direção. Em minha opinião, é urgente que a teologia católica elabore uma visão mais concreta, um modelo daquilo que nos espera no momento da plena comunhão visível. Assim, os irmãos ortodoxos poderão ter confiança, superando os medos atávicos causados pela presunção de superioridade típica do Ocidente. Nós, provavelmente, teremos de reafirmar o que o Concílio disse sobre a igual dignidade de todos os ritos, sobre o respeito pelas instituições, tradições e disciplinas das Igrejas Orientais e sobre muitas outras coisas.

E com os protestantes?

Dom Farrell: Ainda existem diferenças significativas e talvez apareçam novas; mas é surpreendente descobrir como as controvérsias do século XVI são vistas agora a partir de uma nova ótica, que amortece a insistência sobre as posições assumidas; entendemos, assim, que somos menos distantes em muitos pontos-chave. É verdade, as principais dificuldades estão na diferente concepção do que é a Igreja querida por Cristo. A questão não é abstrata - "O que é a Igreja?" -, mas também concreta: "Onde está a Igreja e onde se realiza a sua plenitude?". Sobre este assunto há muito a ser feito.

Este é o trabalho dos peritos, mas o ecumenismo deve envolver todos!

Dom Farrell: Certamente que sim. Hoje devemos voltar às origens do movimento ecumênico e descobrir o "ecumenismo espiritual". A oração, a conversão do coração, o jejum e a penitência, a purificação da memória, a purificação da maneira de falar dos outros: esta sensibilidade espiritual, presente no início do movimento ecumênico, é o coração do ecumenismo e um dever de todos. O ecumenismo espiritual não é monopólio dos especialistas; todos os cristãos podem ser protagonistas desse movimento. Um aspecto particular que é a base de tudo isso foi enfatizado no Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus, retomado na exortação apostólica de Bento XVI,Verbum Domini: escutar, orar e refletir juntos sobre as Escrituras, "um caminho a ser percorrido para alcançar a unidade da fé, como resposta à escuta da Palavra". Foi pela Escritura que nos dividimos; é ao redor da Escritura que devemos nos reencontrar. Façamos da Sagrada Escritura, então, o coração do ecumenismo!

O que o senhor espera desta semana de oração pela unidade?

Dom Farrell: Espero que esta semana nos faça compreender seriamente - também a nós, católicos - que a busca da unidade não pode ser deixada para o momento em que todas as questões religiosas e pastorais estiverem resolvidas: ela é condição de possibilidade para superar todos os demais problemas. O Senhor disse algo maravilhoso e imponente ao mesmo tempo: que sejamos uma mesma coisa "para que o mundo creia". A Igreja existe para evangelizar, mas não poderá oferecer o Evangelho de maneira convincente enquanto os cristãos persistirem em suas divisões. A busca da unidade não é um luxo; é um dever urgente de fé.


Fonte: ZENIT.org

Comissão da CNBB promove curso para professores de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso


Nos dias 24 e 25 de janeiro aconteceu, no Centro Sagrada Família, em São Paulo (SP), o 14º Encontro de Professores de Ecumenismo e Diálogo inter-religioso, promovido pela Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O Curso contou com 52 participantes, de várias regiões do Brasil. Eram professores de Ecumenismo, Diálogo Inter-religioso, Ensino Religioso, coordenadores do ecumenismo e do diálogo inter-religioso de algumas dioceses e Regionais da CNBB, e, membros de organismos ecumênicos.

“A finalidade deste Curso é refletir como os temas do ecumenismo e do diálogo inter-religioso podem, e precisa, ser contemplado nos diferentes espaços do ensino”, frisou o assessor da Comissão da CNBB e coordenador do curso, padre Elias Wolff, que completou afirmando que o evento “visa qualificar agentes de pastoral para desenvolverem a dimensão do ecumenismo e do diálogo inter-religioso em sua ação evangelizadora, tal como orienta o Magistério da Igreja Católica”.

O Curso contou também com a assessoria do padre Marcial Maçaneiro, que refletiu “a natureza, o objetivo, o método e o conteúdo do ensino do ecumenismo e do diálogo inter-religioso”; e dom Oneres Marchiori, bispo emérito de Lajes (SC), que palestrou sobre a “A mística do Diálogo”.

Os participantes, em sua maioria professores, refletiram sobre como possibilitar para que os lugares de ensino sejam de fato um espaço que possibilite uma educação para o diálogo.

“É urgente fazer com que, tanto as escolas públicas e particulares, quanto os seminários, as faculdades de Filosofia e Teologia contribuam para que os estudantes possam adquirir uma postura de diálogo com as diferentes igrejas e as religiões. E isso se faz conhecendo bem a orientação da Igreja sobre o tema, participando dos organismos ecumênicos existentes e desenvolvendo uma espiritualidade do diálogo que consolide a formação e a prática ecumênica de cada um”, expressou dom Oneres.


Fonte: CNBB

Igreja/Cultura: Novo departamento do Vaticano para o diálogo com os não crentes arranca em Paris

Igreja/Cultura: Novo departamento do Vaticano para o diálogo com os não crentes arranca em Paris

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos - 2011

PONTIFÍCIO CONSELHO
PARA A PROMOÇÃO DA UNIDADE DOS CRISTÃOS
A TER EM CONSIDERAÇÃO
Esta é a versão portuguesa do texto para a SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS 2011. O material, finalizado à difusão internacional, foi preparado por uma comissão mista nomeada pelo Pontifício Conselho para a promoção da unidade dos cristãos e pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial das Igrejas, com base numa proposta de um grupo ecuménico de Jerusalém. As Comissões ecuménicas das Conferências Episcopais e dos Sínodos das Igrejas católicas de rito oriental foram convidadas a adaptar o texto de acordo com a situação ecuménica local e as diversas tradições litúrgicas presentes no território.
Se desejar obter uma cópia do texto adaptado ao seu contexto, convidamo-lo a pôr-se em contacto com a Comissão ecuménica da sua Conferência episcopal ou com o seu Sínodo local.


Tradução para o português:
Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo
e o Diálogo Inter-religioso
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB
Brasília, 2010.

Subsídios para a
SEMANA DE ORAÇÃO PARA A UNIDADE DOS CRISTÃOS
e para todo o ano 2011

Unidos no ensinamento dos apóstolos,
na comunhão fraterna,
na fração do pão e nas orações
(Cf Atos 2,42)
Preparado conjuntamente por
Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e
Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas

Para os que estão organizando
a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
A busca da unidade ao longo de todo o ano
No hemisfério norte, o período tradicional para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é de 18 a 25 de janeiro. Essas datas foram propostas em 1908 por Paul Watson porque cobriam o tempo entre as festas de São Pedro e São Paulo e tinham, portanto, um significado simbólico. No hemisfério sul, em que janeiro é tempo de férias, as Igrejas geralmente preferem outras datas para celebrar a Semana de Oração como, por exemplo, ao redor de Pentecostes (como foi sugerido pelo movimento Fé e Ordem em 1926), que também é um momento simbólico para a unidade da Igreja. Levando em conta essa flexibilidade no que diz respeito à data, estimulamos vocês a compreender o material aqui apresentado como um convite para achar oportunidades ao longo de todo o ano para expressar o grau de comunhão que as Igrejas já tenham atingido e para orar juntos por aquela unidade plena que é desejo de Cristo.
Adaptando o texto
Este material é oferecido com a idéia de que, sempre que possível, será adaptado para uso no nível local. Ao fazer isso, devem-se levar em conta as práticas litúrgicas e devocionais da região e o conjunto do contexto social e cultural. Tais adaptações normalmente acontecem de forma ecumênica. Em alguns lugares já se formaram estruturas ecumênicas para a adaptação do material. Em outros, esperamos que a necessidade de tal adaptação venha a ser um estímulo para a criação dessas estruturas.
Usando o material da Semana de Oração
Para Igrejas e Comunidades cristãs que vivem juntas a Semana de Oração através de um culto em comum, foi providenciado um roteiro para essa celebração.
Igrejas e Comunidades cristãs podem também incorporar material da Semana de Oração a seus próprios cultos. As orações da celebração proposta, as reflexões dos “oito dias” e a seleção de preces adicionais podem ser usadas de modo adequado ao que cada grupo vai fazer.
Comunidades que fazem celebrações ligadas ao tema em todos os dias da Semana de Oração podem incluir aí o material proposto para os “oito dias”.
Os que quiserem fazer estudos bíblicos sobre o tema da Semana de Oração podem tomar como base os textos sugeridos para os oito dias. A cada dia a reflexão pode levar a uma conclusão com preces de intercessão.
Os que desejarem orar de modo pessoal podem achar aqui material útil para direcionar as intenções da oração. Eles podem ter em mente que estão em comunhão com outros que estarão orando no mundo inteiro por uma maior unidade visível da Igreja de Cristo.

TEXTO BÍBLICO
Atos 2, 42-47
Eles eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. O temor de Deus se apoderava de todo mundo: muitos prodígios e sinais se realizavam pelos apóstolos. Todos os que abraçavam a fé estavam unidos e tudo partilhavam. Vendiam suas propriedades e os seus bens para repartir o dinheiro apurado entre todos, segundo as necessidades de cada um. De comum acordo, iam diariamente ao Templo com assiduidade: partiam o pão em casa, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram favoravelmente aceitos por todo o povo. E o Senhor ajuntava cada dia à comunidade os que encontravam a salvação.
Tradução Ecumênica da Biblia (TEB)

INTRODUÇÃO AO TEMA
PARA O ANO DE 2011
Atos 2,42,47
A Igreja em Jerusalém, ontem, hoje, amanhã
Há dois mil anos, os primeiros discípulos de Cristo reunidos em Jerusalém experimentaram o derramamento do Espírito Santo em Pentecostes e foram reunidos na unidade como corpo de Cristo. Nesse evento, os cristãos de todos os tempos e lugares vêem sua origem como comunidade de fiéis, chamados a proclamar juntos Jesus Cristo, como Senhor e Salvador. Embora aquela iniciante Igreja de Jerusalém experimentasse dificuldades, interna e externamente, seus membros perseveraram na fidelidade e na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Não é difícil perceber como a situação dos primeiros cristãos na cidade santa reflete a da Igreja em Jerusalém hoje. A comunidade atual experimenta muitas das alegrias e tristezas da Igreja dos primeiros tempos: sua injustiça e desigualdade, e suas divisões, mas também sua fiel perseverança e o reconhecimento de uma unidade mais ampla entre os cristãos.
As Igrejas em Jerusalém hoje nos oferecem uma visão do que significa buscar a unidade, mesmo em meio a grandes problemas. Elas nos mostram que o chamado à unidade pode ser mais do que meras palavras e que, de fato, ele pode nos orientar para um futuro no qual antecipamos e ajudamos a construir a Jerusalém celeste.
É preciso realismo para transformar tal visão em modo concreto de viver. A responsabilidade por nossas divisões é nossa; elas são o resultado de nossas próprias ações. Precisamos mudar nossa oração, pedindo a Deus que nos transforme para que possamos trabalhar ativamente pela unidade. Estamos bastante dispostos a rezar pela unidade, mas isso pode se tornar um substitutivo para a ação que vai fazer com que ela aconteça. Será possível que estejamos sendo, nós mesmos, um bloqueio ao Espírito Santo porque somos obstáculos à unidade, porque nosso orgulho vaidoso é uma barreira à unidade?
Este ano, o chamado à unidade, para as Igrejas do mundo inteiro, vem de Jerusalém, a Igreja mãe. Conscientes de suas próprias divisões e de sua própria necessidade de fazer mais pela unidade do corpo de Cristo, as Igrejas em Jerusalém fazem um apelo a todos cristãos para a redescoberta conjunta dos valores que mantinham unida a comunidade primitiva em Jerusalém, quando os cristãos se uniam no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações. Esse é o desafio que está diante de nós. Os cristãos de Jerusalém convocam seus irmãos e irmãs para fazer desta Semana de Oração uma ocasião de renovar o compromisso de trabalho por um genuíno ecumenismo, enraizado na experiência da Igreja dos primórdios.
Quatro elementos de unidade
As orações da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2011 foram preparadas por cristãos em Jerusalém, que escolheram como tema At 2,42: “Eles eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”. Esse tema é um chamado à volta às origens da primeira Igreja em Jerusalém; é um chamado à inspiração e renovação, a uma volta ao essencial da fé; é um chamado a relembrar o tempo em que a Igreja ainda era una. Dentro desse tema, são apresentados quatro elementos que eram marcos da primeira comunidade cristã e que são essenciais à vida da comunidade cristã, onde quer que ela exista.
Primeiramente, temos a palavra que era comunicada pelos apóstolos. Em segundo lugar, a comunhão fraterna (koinonia) era um sinal importante entre os primeiros fiéis sempre que se reuniam. Uma terceira marca da Igreja primitiva era a celebração da Eucaristia (a fração do pão), lembrando a Nova Aliança que Jesus realizou através de seu sofrimento, morte e ressurreição. O quarto aspecto é a atitude constante de oração. Esses quatro elementos são os pilares da vida da Igreja e de sua unidade.
A comunidade cristã na Terra Santa deseja dar proeminência a esses elementos essenciais básicos ao elevar a Deus suas preces pela unidade e vitalidade da Igreja no mundo. Os cristãos de Jerusalém convidam suas irmãs e irmãos do mundo inteiro a se unir a eles em oração enquanto trabalham pela justiça, paz e prosperidade para todos os povos da terra.
Os temas dos oito dias
Há uma caminhada de fé que pode ser detectada nos temas dos oito dias. Desde seus inícios na “sala superior”, a primitiva comunidade cristã experimenta o derramamento do Espírito Santo, que lhe permite crescer na fé e na unidade, na oração e na ação, de modo a tornar-se verdadeiramente uma comunidade da Ressurreição, unida a Cristo em sua vitória sobre tudo que nos divide uns dos outros e nos separa dele. Então a própria Igreja de Jerusalém se torna um farol de esperança, uma degustação antecipada da Jerusalém celeste, chamada a reconciliar não somente nossas Igrejas, mas todos os povos.
Essa caminhada é guiada pelo Espírito Santo, que conduz os primeiros cristãos ao conhecimento da verdade sobre Jesus Cristo e que enche a Igreja primitiva de sinais e prodígios, para a admiração de muitos. À medida que prosseguem na caminhada, os cristãos de Jerusalém se reúnem com devoção para ouvir a Palavra de Deus pregada no ensinamento dos apóstolos, e se juntam em comunhão para celebrar sua fé no sacramento e na oração. Cheia do poder e da esperança que vêm da Ressurreição, a comunidade celebra sua vitória certa sobre o pecado e a morte, e assim tem a coragem e a visão para ser ela própria um instrumento de reconciliação, inspirando e desafiando todos os povos a superar as divisões e injustiças que os oprimem.
O dia 1 apresenta as bases da Igreja mãe de Jerusalém, deixando clara sua continuidade com a Igreja de hoje pelo mundo inteiro. Ele nos relembra a coragem da Igreja primitiva, que bravamente dava testemunho da verdade, assim como hoje necessitamos trabalhar pela justiça em Jerusalém e no resto do mundo.
O dia 2 recorda que a primeira comunidade unida em Pentecostes tinha em seu interior pessoas de origens diversas, assim como a Igreja em Jerusalém hoje representa uma rica diversidade de tradições cristãs. Nosso desafio hoje é conseguir uma unidade visível maior, capaz de acolher nossas diferenças e tradições.
O dia 3 contempla o primeiro elemento essencial de unidade: a Palavra de Deus apresentada através do ensinamento dos apóstolos. A Igreja de Jerusalém nos recorda que, sejam quais forem as nossas divisões, esses ensinamentos nos impelem a nos envolver em amor mútuo e em fidelidade ao corpo único que é a Igreja.
O dia 4 enfatiza a partilha como segunda expressão de unidade. Assim como os primeiros cristãos punham tudo em comum, a Igreja de Jerusalém chama todos os irmãos e irmãs da Igreja a partilhar bens e tarefas, com coração alegre e generoso, para que ninguém passe necessidade.
O dia 5 destaca o terceiro elemento da unidade: a fração do pão, que nos une em esperança. Nossa unidade vai além do momento da Santa Comunhão: ela precisa incluir a atitude correta a respeito da vida ética, da pessoa humana e de toda a comunidade. A Igreja de Jerusalém conclama os cristãos a se unirem na “fração do pão” hoje, porque uma Igreja dividida não pode falar com autoridade sobre temas de justiça e paz.
O dia 6 apresenta o quarto elemento de unidade: com a Igreja em Jerusalém ganhamos força pelo tempo que nos dedicamos à oração. Especificamente, a Oração do Senhor chama todos nós, em Jerusalém e no mundo inteiro, os fracos e os poderosos, a um trabalho conjunto pela justiça, paz e unidade, para que venha a nós o Reino de Deus.
O dia 7 nos leva além dos quatro elementos da unidade, com a Igreja em Jerusalém alegremente proclamando a Ressurreição, mesmo quando ela carrega a dor da cruz. A Ressurreição de Jesus é hoje para os cristãos em Jerusalém a força que lhes permite a permanência constante no seu testemunho, no trabalho para a liberdade e a paz na Cidade da Paz.
O dia 8 conclui a caminhada com um chamado das Igrejas de Jerusalém para um trabalho mais amplo de reconciliação. Mesmo se os cristãos conseguirem unidade entre eles, sua tarefa não estará completa, porque eles precisam se reconciliar com outros. No contexto de Jerusalém, isso significa relacionamento entre palestinos e israelitas; em outras comunidades, os cristãos são desafiados a buscar justiça e reconciliação em seu próprio contexto.
O tema de cada dia foi, portanto, escolhido não apenas para nos recordar a história da Igreja dos primeiros tempos, mas também para nos trazer à mente as experiências de cristãos em Jerusalém hoje, e para convidar todos nós a uma reflexão sobre como podemos trazer essa experiência para a vida de nossas comunidades cristãs em cada local.
Durante esta caminhada de oito dias, os cristãos de Jerusalém nos convidam a proclamar e dar testemunho de que a Unidade – em seu sentido pleno de fidelidade ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações – nos dará a possibilidade de, juntos, superarmos o mal, não só em Jerusalém, mas no mundo inteiro.

PREPARAÇÃO DO MATERIAL PARA
A SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS 2011
O trabalho inicial que levou à publicação deste livreto foi feito por um grupo de líderes cristãos de Jerusalém. Eles se reuniram a convite do Conselho Mundial de Igrejas. Seu trabalho foi facilitado pelo Centro Inter- Eclesial de Jerusalém. Queremos agradecer em particular àqueles que contribuíram para este trabalho:
- Sua Beatitude, o Patriarca Latino Emérito, Michel Sabbah
- Sua Graça Bispo Munib Younan, da Igreja Evangélica Luterana no Jordão e na Terra Santa
- Rev. Naim Ateek, da Igreja Episcopal em Jerusalém e no Oriente Médio
- Rev Frans Bouwen, da Igreja Católica Romana
- Fr. Alexander, do Patriarcado Ortodoxo Grego de Jerusalém
- Fr. Jamal Khader, da Universidade de Belém
- Sr. Michael Bahnam, do Patriarcado Sírio Ortodoxo de Antioquia
- Sra. Nora Karmi, da Igreja Ortodoxa Armênia
- Sr. Yusef Daher, da Igreja Católica Grega Melquita
Os textos aqui propostos foram finalizados durante o encontro do grupo internacional preparatório promovido pela Comissão de Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas e pelo Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, da Igreja Católica Romana. O encontro do grupo internacional preparatório aconteceu no Monastério de São Cristóforus, em Saydnaya, Síria. Os participantes desejam apresentar seus agradecimentos a Sua Beatitude, Ignatius IV, Patriarca Grego Ortodoxo de Antioquia e a sua equipe em Damasco e Saydnaya, por seu caloroso acolhimento e sua generosa hospitalidade, e aos líderes das diferentes tradições cristãs por seu apoio e encorajamento.

INTRODUÇÃO
À CELEBRAÇÃO ECUMÊNICA
“Eles eram assíduos aos ensinamentos dos apóstolos e à comunhão fraterna,
à fração do pão e às orações”.
(Atos 2,42)
O tema deste ano, oferecido a nossa meditação pelas Igrejas em Jerusalém, convida os cristão, em todo lugar, a refletir sobre sua relação com a Igreja mãe de Jerusalém, para ter um olhar novo sobre as próprias situações em que estamos envolvidos. Foi a partir dessa comunidade de Jerusalém que todas as outras comunidades nasceram. Essa comunidade terrena de Jerusalém é uma prefiguração da Jerusalém celeste, onde todos os povos serão reunidos ao redor do trono do Cordeiro em eterno louvor e adoração a Deus.
Os cristãos de Jerusalém convidam a meditar, em nossos encontros ecumênicos de 2011, sobre a importância de nosso envolvimento com os ensinamentos dos apóstolos e a comunhão fraterna, com a fração do pão e as orações; são elementos que nos unem, embora sejamos muitos, no único corpo de Cristo. As Igrejas em Jerusalém nos pedem que lembremos de sua precária situação em nossas orações e que oremos pela justiça que trará paz à Terra Santa. A liturgia ecumênica aqui apresentada pretende destacar a dimensão fundamental de todo testemunho cristão, que é o amor a serviço do Evangelho da reconciliação com Deus e com toda a humanidade e a criação.

ROTEIRO DE CELEBRAÇÃO
O roteiro está dividido em: 1) reunião da assembléia; 2) celebração da Palavra de Deus; 3) oração de arrependimento e paz; 4) preces pela unidade cristã; 5) envio
I. Reunião da assembléia
De acordo com costumes locais, símbolos apropriados podem ser trazidos à frente e colocados diante da assembléia enquanto se canta o hino de abertura. Depois da saudação inicial, feita pela pessoa que preside, algumas palavras de boas vindas podem ser dirigidas às comunidades e lideranças que se reuniram para celebrar.
A assembléia é então convidada a se preparar para celebrar e louvar a Deus através de frases e oração de abertura em forma de diálogo com resposta coletiva, na forma tradicional usada no oriente.
II. Celebração da Palavra de Deus
A leitura dos Atos dos Apóstolos está no centro e dela derivam as outras partes do culto. Ao selecionar o texto de Atos, o comitê planejador de Jerusalém quis acentuar as idéias de fidelidade ao ensinamento dos apóstolos e a partilha de todas as coisas em comum, como chave da unidade cristã. A homilia pode desenvolver esses temas, bem como enfatizar a necessidade de que os cristãos do mundo inteiro apoiem em oração seus irmãos e irmãs que testemunham o Evangelho do amor na Cidade Santa.
Depois da homilia pode haver um tempo de meditação, silencioso ou acompanhado por música. Uma oferta , ou coleta, para ajudar os cristãos e suas instituições (escolas, hospitais etc) pode ser feita e enviada a uma adequada organização cristã.
III. Oração de arrependimento e paz
Uma ação simbólica pode ser realizada durante esta oração.
Opção 1: várias velas que foram carregadas em procissão na abertura da liturgia e colocadas à vista da assembléia podem ser apagadas uma a uma após cada pedido de perdão, deixando uma vela de Cristo, ou círio pascal, acesa à medida que as luzes da Igreja vão se apagando. Ao final da prece da paz pequenas velas são distribuídas aos presentes. A Confissão de fé, que pode ser feita a partir do Credo Niceno ou Apostólico ou de alguma outra tradicional expressão de fé, vem depois da saudação de paz feita em semi escuridão. As velas que se apagaram são então acesas ( a partir da vela de Cristo ou círio pascal), uma a uma, depois de cada prece pela unidade cristã. Os participantes são convidados a levar para casa as velas que receberam e a acendê-las a cada noite durante a Semana de Oração e, se for apropriado, a colocá-las em suas janelas como continuação dessa vigília de oração e como uma lembrança dos cristãos da Terra Santa e de outros lugares que enfrentam sofrimento por causa de sua fé.
Opção 2: Um grupo (por exemplo: crianças ou jovens) prepara com antecedência uma figura (uma imagem de Cristo, uma cruz, o retrato de uma igreja ou qualquer outro símbolo apropriado para a unidade) e a corta em grandes pedaços. Durante as preces pela unidade cristã e suas respostas, representantes das várias comunidades presentes vão colocando as peças, armando a figura diante da assembléia. Na conclusão das preces o mosaico completo representará a unidade de todos no único corpo de Cristo, com a diversidade vista como dom precioso que Deus dá às Igrejas.
Opção 3: Algum incenso pode ser oferecido por membros de cada comunidade depois de cada oração de arrependimento e petição de perdão, representando a misericórdia de Deus, que cobre nossos pecados, e a graça de Deus, que nos cura. Um recipiente contendo carvão aceso pode ser colocado no centro da assembléia ou próximo ao lugar onde são feitas as leituras. Depois de cada confissão de pecado, o leitor ou outro membro da assembléia colocará algum incenso sobre o carvão. Esse gesto representa a disposição da assembléia de reconhecer o pecado e acolher a resposta da misericórdia de Deus.
IV. Preces pela unidade cristã
Estes pedidos são inspirados pela situação das Igrejas em Jerusalém. No entanto, cada situação local pode gerar seus próprios pedidos, que demonstram como em cada lugar se busca superar a divisão e encontrar meios de visível comunhão plena. A prece é conduzida pelo presidente da celebração e pelo leitor, com a comunidade respondendo a cada vez. A prece se conclui com a recitação da Oração do Senhor. Cada um pode rezá-la em sua própria língua ou em aramaico, que é a língua usada por alguns cristãos hoje na Cidade Santa (ver apêndice).
V. Envio
A assembléia invoca a bênção de Deus sobre seus membros, que são enviados como embaixadores da Boa Nova da reconciliação. Um hino pode concluir o culto.

ROTEIRO
DA CELEBRAÇÃO ECUMÊNICA
P: presidente da celebração
A: assembléia
L: leitor
I. Entrada
Hino de abertura
Invocação de abertura:
P: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
A: Amém.
Falas de abertura
P: De todos os cristãos de Jerusalém aos fiéis de ............... (local da celebração) que estão em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: a vós, a graça e a paz. (1 Ts 1,1)
A: Damos graças a Deus.
Saudações
P: Compassivo e amoroso Deus, que nos criaste à tua semelhança
A: Por isso te louvamos e te agradecemos.
P: Nós nos reunimos em teu nome, para te pedir a restauração da unidade de todos aqueles que confessam teu Filho Jesus Cristo como Senhor e Salvador de todos.
A: Ó Deus, ouve-nos e tem compaixão de todos nós.
P: Ajuda-nos em nossa fraqueza e fortalece-nos com teu Santo Espírito.
A: Envia teu Espírito para que sejamos um.
P: Oremos ao Senhor.
A: Kyrie, kyrie eleison.
P: Generoso Deus, prometeste através dos profetas que Jerusalém será o lar de muitos povos, a mãe de muitas nações. Ouve nossas preces para que Jerusalém, a cidade de tua visitação, possa ser para nós todos um lugar onde habitaremos contigo e nos encontraremos, uns com os outros, em paz. Oramos ao Senhor.
A: Kyrie, kyrie eleison.
P: Misericordioso Deus, que o teu Espírito, doador de vida, mova cada coração humano, que as barreiras que nos dividem desabem, que as suspeitas desapareçam, que os ódios se acabem e que, com as divisões curadas, teu povo possa viver em justiça e paz. Oramos ao Senhor.
A: Kyrie, kyrie eleison.
P: Amoroso Deus, escuta nossas preces por tua cidade santa, Jerusalém. Põe fim ao seu sofrimento e devolve-lhe a saúde. Transforma-a de novo em tua casa, uma cidade de paz, uma luz para todos os povos. Promove a harmonia na cidade santa, entre todos os seus habitantes. Oramos ao Senhor.
A: Kyrie, kyrie eleison.
P: Abre agora nossos ouvidos e corações para ouvir a tua Palavra proclamada e ajuda-nos a vivê-la com mais fidelidade em tudo que fazemos e dizemos, para a glória do teu nome e a expansão do teu Reino, Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo.
A: Amém.
II. Liturgia da Palavra
P: É sabedoria! Ouçamos com atenção!
Antigo Testamento:
Gênesis 33, 1-4 ou Isaías 58,6-10
Salmo 96, 1-13
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
(ou outro hino baseado no salmo 96)
L: Cantai ao Senhor um canto novo,
Cantai ao Senhor, terra inteira;
Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome.
Proclamai sua salvação dia por dia;
Anunciai sua glória entre as nações,
Suas maravilhas entre todos os povos.
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
L: Pois o Senhor é grande e cumulado de louvores,
Ele é terrível e superior a todos os deuses:
Todas as divindades dos povos são vaidades.
O Senhor fez os céus.
Esplendor e brilho estão diante de sua face,
Força e majestade no seu santuário.
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
L: Dai ao Senhor, famílias dos povos,
Dai ao Senhor glória e força;
Dai ao Senhor a glória do seu nome.
Trazei vossa oferenda, entrai nos seus átrios;
Prostrai-vos diante do Senhor, quando brilha sua santidade;
Tremei diante dele, terra inteira.
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
L: Dizei entre as nações: o Senhor é rei.
Sim, o mundo permanece firme, inabalável.
Ele julga os povos com retidão.
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
L: Que os céus rejubilem, que a terra exulte,
E que ribombem o mar e suas riquezas!
Que o campo inteiro esteja em festa!
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
L: Que todas as árvores das florestas bradem de alegria,
Diante do Senhor, pois ele vem,
Pois ele vem para governar a terra.
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
Segunda leitura: Atos 2, 42-47
Canto: Aleluia
Mt 5,24: Deixa tua oferta ali, diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão;
depois, vem apresentar tua oferenda.
Canto: Aleluia, aleluia!
Evangelho: Mateus 5, 21-26
Homilia
Hino
III. Preces de penitência
P: Com as Igrejas em Jerusalém, oramos ao Senhor.
Lembrando que os fiéis eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão
fraterna, confessamos nossas falhas na fidelidade e na comunhão fraterna. Oramos ao
Senhor.
A: Senhor, tem piedade de nós.
P: Com as Igrejas em Jerusalém, oramos ao Senhor.
Lembrando que o temor se apoderava deles e que muitos prodígios e sinais se
realizavam pelos apóstolos, confessamos uma falta de visão que nos impede de perceber
a glória da tua ação no meio de nós. Oramos ao Senhor.
A: Senhor, tem piedade de nós.
P: Com as Igrejas em Jerusalém, oramos ao Senhor. Lembrando que todos os que abraçavam a fé punham os bens em comum e ajudavam os necessitados, confessamos que nos apegamos a nossas posses, com prejuízo para os pobres. Oramos ao Senhor.
A: Senhor, tem piedade de nós.
P: Com as Igrejas em Jerusalém, oramos ao Senhor.
Lembrando que os fiéis passavam muito tempo em oração e na fração do pão em suas casas, com coração alegre e generoso, confessamos nossas falhas no amor e na generosidade. Oramos ao Senhor.
A: Senhor, tem piedade de nós.
Confiança no perdão de Deus
P: Isto é o que foi dito pelo profeta Joel: “nos últimos dias , diz o Senhor, derramarei meu Espírito sobre toda a carne... Então todo o que invocar o nome do Senhor será salvo.”
Enquanto esperamos a vinda do Senhor, temos também a segurança de saber que em Cristo somos perdoados, renovados e curados.
A paz
P: Cristo é nossa paz. Ele nos reconciliou com Deus num só corpo na cruz; nos reunimos
em seu nome e partilhamos sua paz.
Que a paz do Senhor esteja sempre convosco.
A: E contigo também.
O Credo (Apostólico, Niceno, ou outra forma adequada)
Hino
IV. Preces pela unidade cristã
P: Em Cristo o mundo é reconciliado com Deus, que nos confia a mensagem da ressurreição. Como embaixadores da ação reconciliadora de Cristo, fazemos nossos pedidos a Deus.
P: Quando oramos juntos a partir de nossas diversas tradições,
A: Santo Senhor, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
P: Quando lemos a Bíblia juntos na diversidade de nossas linguagens e contextos,
A: Senhor Revelador, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
P: Quando estabelecemos relações de amizade entre judeus, cristãos e muçulmanos, quando derrubamos o muro de indiferença e ódio,
A: Senhor Misericordioso, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
P: Quando trabalhamos pela justiça e pela solidariedade, quando passamos do medo à confiança,
A: Senhor capaz de nos fortalecer, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
P: Sempre que houver sofrimento por causa da guerra e da violência, da injustiça e da desigualdade, da doença e do preconceito, da pobreza e do desespero, aproximando-nos da cruz de Cristo e uns dos outros,
A: Senhor que foste ferido, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
P: Com os cristãos da Terra Santa, nós também somos testemunhas do nascimento de Jesus Cristo em Belém, de seu ministério na Galiléia, de sua morte e ressurreição, e da descida do Espírito Santo em Jerusalém. Quando ansiamos por paz e justiça para todos, na segura e garantida esperança da vinda do teu Reino,
A: Senhor Triuno, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
Oração do Senhor (cada um na sua língua)
V. Envio
A assembléia invoca a bênção de Deus sobre seus membros, que são enviados como embaixadores da Boa Nova da reconciliação. Um hino pode marcar a conclusão do culto.
P: Que o Pai, que é fiel a suas promessas e infalível em seu auxílio, nos sustente quando nos empenhamos na promoção da justiça e na busca do fim da divisão.
A: Amém.
P: Que o Filho, que santificou a Terra Santa com seu nascimento, seu ministério, sua morte
e ressurreição, nos traga redenção, reconciliação e paz.
A: Amém.
P: Que o Espírito, que reuniu em unidade os primeiros fiéis em Jerusalém, nos una na fidelidade ao ensino, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações e nos inspire na pregação e na vivência do Evangelho.
A: Amém.
P: Que o Deus único, Pai, Filho e Espírito Santo, nos dê sua bênção e nela nos conserve
quando vamos proclamar sua Boa Nova ao mundo.
A: Damos graças a Deus.
Bênção
P: Que a bênção do Deus da paz e da justiça esteja convosco.
Que a bênção do Filho, que derrama lágrimas pelo sofrimento do mundo, esteja convosco.
E que as bênçãos do Espírito, que nos inspira para a reconciliação e a esperança, estejam conosco, daqui até a eternidade.
Amém.
Hino




REFLEXÕES BÍBLICAS E ORAÇÕES
PARA OS OITO DIAS

Dia 1 A Igreja em Jerusalém
Joel 2, 21-22.28-29 Derramarei meu Espírito sobre toda a carne.
Salmo 46 Deus está no meio da cidade
Atos 2, 1-12 Quando chegou a dia de Pentecostes
João 14, 15-21 É ele o Espírito da verdade

Comentário
A caminhada desta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos começa em Jerusalém no dia de Pentecostes, no início da própria caminhada da Igreja.
O tema desta Semana diz: “eles eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”. “Eles” são a primitiva Igreja de Jerusalém, nascida no dia de Pentecostes quando o Defensor (Paráclito), o Espírito de verdade, desceu sobre os primeiros fiéis, como tinha sido prometido por Deus através do profeta Joel, e pelo Senhor Jesus na noite anterior ao seu sofrimento e sua morte. Todos os que vivem em continuidade com o dia de Pentecostes vivem em continuidade com a primitiva Igreja de Jerusalém, com seu líder São Tiago. Essa Igreja é a Igreja mãe de todos nós. Ela nos proporciona a imagem ou ícone da unidade cristã pela qual oramos nesta Semana.
De acordo com uma antiga tradição oriental, a sucessão na Igreja vem através da continuidade em relação à primeira comunidade de Jerusalém. A Igreja de Jerusalém nos tempos apostólicos é ligada à Igreja celeste de Jerusalém, que por sua vez se torna o ícone de todas as Igrejas cristãs. O sinal de continuidade com a Igreja de Jerusalém para todas as Igrejas é a manutenção das “marcas” da primeira comunidade cristã através do nosso empenho em estar “assíduos aos ensinamentos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”.
A atual Igreja de Jerusalém vive em continuidade com a Igreja apostólica de Jerusalém, particularmente por seu penoso testemunho da verdade. Seu testemunho do Evangelho e sua luta contra a desigualdade e a injustiça nos lembram que a oração pela unidade dos cristãos é inseparável da oração pela paz e pela justiça.
Oração
Todo poderoso e Misericordioso Deus, com grande poder reuniste os primeiros cristãos na cidade de Jerusalém, pelo dom do Espírito Santo, desafiando o poder terreno do Império Romano. Concede-nos que, como essa primeira Igreja de Jerusalém, possamos nos unir corajosamente na pregação e na vivência das boas novas da reconciliação e da paz, onde houver desigualdade e injustiça. Oramos em nome de Jesus, que nos liberta da servidão do pecado e da morte. Amém.

Dia 2 Muitos membros de um só corpo
Isaías 55, 1-4 Vinde para as águas
Salmo 85, 8-13 Sua salvação está bem próxima
1 Coríntios 12, 12-27 Fomos batizados em um só Espírito para formarmos um só corpo
João 15, 1-13 Eu sou a verdadeira videira

Comentário
A Igreja de Jerusalém nos Atos dos Apóstolos é o modelo da unidade que buscamos hoje. Como tal, ela nos lembra que a oração pela unidade dos cristãos não pode ser um pedido de uniformidade, porque a unidade desde o começo foi caracterizada por uma rica diversidade. A Igreja de Jerusalém é o modelo ou ícone da unidade na diversidade.
A narrativa de Pentecostes no Livro dos Atos nos conta que estavam representadas em Jerusalém naquele dia todas as línguas e culturas do antigo mundo mediterrâneo e, além disso, que as pessoas que ouviram o evangelho em suas diversas línguas foram unidas umas às outras, pela pregação de Pedro, no arrependimento, nas águas do Batismo e através do derramamento do Espírito Santo. Ou, como escreveria São Paulo mais tarde, “todos nós fomos batizados em um só Espírito, para formarmos um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou homens livres, e todos nós bebemos de um único Espírito.” Não se trata de uma comunidade uniforme de pessoas com pensamento semelhante, de pessoas unidas pela língua e pela cultura que se tornaram um no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Mas era uma comunidade ricamente diversificada, cujas diferenças poderiam facilmente explodir em controvérsias, como foi o caso entre os helenistas e os cristãos hebreus sobre o descaso em relação às viúvas gregas, que São Lucas relata em At 5,1.
Ainda assim, a Igreja de Jerusalém em unidade consigo mesma e era uma com o Senhor Ressuscitado que diz “Eu sou a vinha, vocês são os sarmentos: aquele que permanece em mim e no qual eu permaneço, esse produzirá frutos em abundância”.
Rica diversidade caracteriza hoje as Igrejas em Jerusalém, bem como no mundo inteiro. Isso pode facilmente descambar para a controvérsia em Jerusalém, que tem agora um acentuado clima de hostilidade política. Mas, como na primeira Igreja de Jerusalém, os cristãos em Jerusalém hoje nos recordam que há muitos membros num corpo, uma unidade na diversidade. Antigas tradições nos ensinam que a diversidade e a unidade existem na Jerusalém celeste. Elas nos relembram que diferença e diversidade não são o mesmo que divisão e desunião, e que a unidade cristã pela qual oramos sempre preserva a autêntica diversidade.
Oração
Deus, de quem flui toda a vida em sua diversidade, chamas tua Igreja, como corpo de Cristo, a estar unida no amor. Possamos nós aprender mais profundamente nossa unidade na diversidade, e buscar trabalhar juntos na pregação e na construção do teu Reino de amor abundante para todos, enquanto nos acompanhamos uns aos outros em cada lugar, em todos os lugares. Que tenhamos sempre em mente Cristo, como fonte de nossa vida em comum. Oramos na unidade do Espírito. Amém.

Dia 3 A fidelidade aos ensinamentos dos apóstolos nos une
Isaías 51, 4-8 Dai-me atenção, meu povo
Salmo 119, 105-112 Tua Palavra é lâmpada para os meus passos
Romanos 1, 15-17 Desejo vos anunciar o Evangelho
João 17, 6-19 Eu manifestei o teu nome

Comentário
A Igreja de Jerusalém nos Atos dos Apóstolos estava unida por sua fidelidade aos ensinamentos dos apóstolos, apesar da grande diversidade de língua e cultura entre seus membros. O ensinamento dos apóstolos era seu testemunho da vida, do ensino, do ministério, da morte e ressurreição do Senhor Jesus. Seu ensinamento é o que São Paulo chama simplesmente de “o evangelho”. O ensinamento dos apóstolos é o que São Pedro exemplifica em sua pregação em Jerusalém no dia de Pentecostes. Usando palavras do profeta Joel, ele conecta a Igreja com a história bíblica do povo de Deus, levando-nos para dentro da narrativa que começa com a própria criação.
Apesar das divisões, a Palavra de Deus nos congrega e nos une. O ensinamento dos apóstolos, a boa nova em sua plenitude, estava no centro da unidade na diversidade da primeira Igreja de Jerusalém. Os cristãos em Jerusalém nos relembram hoje que não foi simplesmente o “ensinamento dos apóstolos” que uniu a primitiva Igreja, mas a fidelidade àquele ensinamento. Tal fidelidade transparece quando São Paulo identifica o evangelho como “o poder de Deus para a salvação”.
O profeta Isaías nos recorda que o ensinamento de Deus é inseparável da sua justiça, que é “luz dos povos”, ou, como diz o salmista, “tua palavra é lâmpada para os meus passos, luz para o meu caminho... Tuas exigências são para sempre minha herança; são a alegria do meu coração”.
Oração
Deus da luz, nós te damos graças pela revelação da tua verdade em Jesus Cristo, tua palavra viva, que recebemos através do ensinamento dos apóstolos, ouvidos primeiramente em Jerusalém. Que o teu Espírito Santo continue a nos santificar na verdade do teu Filho, para que unidos nele possamos crescer na devoção à palavra, e juntos servir teu Reino em humildade e amor. Em nome de Cristo oramos. Amém.

Dia 4 Partilha, uma expressão de nossa unidade
Isaías 58, 6-10 Não é partilhar o teu pão com o faminto?
Salmo 37, 1-11 Confia no Senhor e faze o bem
Atos 4, 32-37 Punham tudo em comum
Mateus 6, 25-34 Procurai primeiro o Reino de Deus

Comentário
O sinal de continuidade em relação à Igreja apostólica de Jerusalém é a fidelidade “ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”. A Igreja de Jerusalém de hoje, porém, nos relembra a conseqüência prática de tal fidelidade – a partilha. Os Atos dos Apóstolos dizem simplesmente: “ Todos os que abraçavam a fé estavam unidos e tudo partilhavam. Vendiam as suas propriedades e os seus bens para repartir o dinheiro apurado entre todos, segundo as necessidades de cada um” (Atos 2, 44-45). A leitura que fazemos hoje do Livro de Atos conecta essa partilha radical com o poderoso testemunho apostólico da ressurreição do Senhor Jesus e da grande graça que veio sobre eles. Os perseguidores romanos que vieram depois observaram com certa pertinência: “vejam como eles se amam”.
Tal partilha de recursos caracteriza a vida do povo cristão em Jerusalém hoje. É um sinal de sua continuidade em relação aos primeiros cristãos; é um sinal e um desafio para todas as Igrejas. Isso liga a proclamação do Evangelho, a celebração da Eucaristia e a comunhão fraterna da comunidade cristã com uma radical igualdade e justiça para todos. Na medida em que tal partilha é um testemunho da ressurreição do Senhor Jesus e um sinal de continuidade com a Igreja de Jerusalém, é igualmente um sinal da unidade que temos uns com os outros.
Há muitas maneiras de partilhar. Há a partilha radical da Igreja apostólica, onde ninguém passava necessidade. Há a partilha mútua de cargas, lutas, dores e sofrimentos. Há a partilha nas alegrias e conquistas, nas bênçãos e curas do outro. Há também a partilha de dons e compreensões entre uma tradição eclesial e outra, mesmo no meio de nossa separação, uma partilha ecumênica de dons. Tal generosa partilha é uma conseqüência prática de nossa fidelidade ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna; é uma conseqüência de nossa oração pela unidade cristã.
Oração
Deus de justiça, teus dons são gratuitos. Nós te agradecemos porque nos tens dado o que precisamos para que todos possamos estar alimentados, vestidos, abrigados. Guarda-nos do pecado egoísta da acumulação de bens e inspira-nos para que sejamos instrumentos de amor, partilhando tudo que nos deste, em um testemunho da tua generosidade e justiça. Como seguidores de Cristo, leva-nos a agir juntos onde houver necessitados: onde famílias são privadas de suas casas, quando os mais vulneráveis sofrem nas mãos dos poderosos, onde a pobreza e o desemprego destroem vidas. Oramos em nome de Jesus, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Dia 5 Partindo o pão na esperança
Êxodo 16, 13b- 21a É o pão que o Senhor vos dá para comer
Salmo 116, 12-14.16-18 Eu te oferecerei um sacrifício de louvor
1 Coríntios 11, 17-18.23-26 Fazei isto em memória de mim
João 6, 53-58 Este é o pão que desceu do céu

Comentário
Da primeira Igreja de Jerusalém até agora, a “fração do pão” tem sido um ato central para os cristãos. Para os cristãos de Jerusalém hoje, a partilha do pão é sinal tradicional de amizade, perdão e compromisso com o outro. Somos desafiados, nessa fração do pão, a buscar uma unidade que possa falar profeticamente a um mundo marcado por divisões. Esse é o mundo pelo qual, de diferentes maneiras, fomos moldados. Na fração do pão os cristãos são formados de novo pela mensagem profética de esperança para toda a humanidade.
Hoje nós também partimos o pão com coração alegre e generoso; mas também experimentamos, a cada celebração da Eucaristia, uma dolorosa lembrança de nossa desunião. Neste quinto dia da Semana de Oração, os cristãos de Jerusalém reúnem-se na sala superior, o lugar da Última Ceia. Aqui partem o pão em esperança. Aprendemos essa esperança nas maneiras como Deus chega a nós nas agruras dos nossos desgostos. O Êxodo conta como Deus responde aos murmúrios do povo que ele havia libertado, fornecendo-lhes o que precisavam – não mais e não menos. O maná no deserto é um presente de Deus, não para ser acumulado, nem mesmo completamente compreendido. É, como nosso salmo celebra, um momento que pede simplesmente ação de graças – porque Deus “abriu os grilhões”.
O que São Paulo reconhece é que partir o pão não significa apenas celebrar a Eucaristia, mas ser um povo eucarístico – tornar-se corpo de Cristo no mundo. Essa breve leitura permanece, em seu contexto (1 Cor 10-11), como um lembrete de como a comunidade cristã deve viver: na comunhão em Cristo, produzindo conduta correta num difícil contexto mundano, guiada pela realidade de nossa vida nele. Vivemos “em memória dele”.
Sendo povo da fração do pão, somos povo da vida eterna – vida em plenitude – como nos ensina a leitura de São João. Nossa celebração da Eucaristia nos desafia a refletir sobre como tão abundante dom de vida se expressa no dia a dia, enquanto vivemos na esperança, bem como nas dificuldades. Apesar dos desafios diários dos cristãos de Jerusalém, eles testemunham como é possível se alegrar na esperança.
Oração
Deus da esperança, nós te louvamos pelo dom que nos deste na Ceia do Senhor, onde, no Espírito, continuamos a encontrar teu Filho Jesus Cristo, o pão vivo do céu. Perdoa por não sermos dignos desse grande dom – por nossa vida em divisões, por nosso conluio com as desigualdades, nossa complacência na separação. Senhor, oramos para que apresses o dia em que a tua Igreja possa partilhar em conjunto a fração do pão, e para que, enquanto esperamos esse dia, possamos aprender mais profundamente a ser um povo formado pela Eucaristia para o serviço em benefício do mundo. Oramos em nome de Jesus. Amém.

Dia 6 Fortalecidos para a ação na oração
Jonas 2, 1-9 Ao Senhor é que pertence a salvação
Salmo 67, 1-7 Que os povos te rendam graças, ó Deus!
1 Timóteo 2, 1-8 Façam-se preces por todos os homens, pelos reis e todos os
que detêm autoridade
Mateus 6, 5-15 Que venha o teu Reino, que se realize a tua vontade

Comentário
Seguindo-se à devoção aos ensinamentos dos apóstolos e à comunhão fraterna e a fração do pão, a quarto marco da Igreja dos primórdios em Jerusalém é a vida de oração. Ela é percebida hoje como fonte necessária do poder e da força de que os cristãos necessitam em Jerusalém como em outros lugares. O testemunho dos cristãos hoje em Jerusalém nos convida a um reconhecimento mais profundo das maneiras pelas quais enfrentamos situações de injustiça e desigualdade em nossos contextos. Em tudo isso, é a oração que dá força aos cristãos para a missão em conjunto.
Para Jonas, a intensidade de sua oração é seguida da dramática libertação da barriga do peixe. Sua prece é cheia de sentimento, brota do seu próprio senso de arrependimento por ter tentado escapar da vontade de Deus. Ele tinha rejeitado o chamado de Deus à profecia, e acabou num lugar sem esperança. E aqui Deus responde a sua prece com uma libertação para a missão. O salmo nos convida a orar para que a face de Deus brilhe sobre nós – não apenas para nosso benefício mas para que sua lei se espalhe entre todas as nações.
A Igreja apostólica nos recorda que a oração é uma parte da força e do poder da missão e da profecia para o mundo. Aqui a carta de Paulo a Timóteo nos ensina a orar especialmente por aqueles que têm poder no mundo, para que possamos viver juntos em paz e com dignidade. Oramos pela unidade de nossas sociedades e países e pela unidade de toda a humanidade em Deus. Nossa oração pela unidade em Cristo se estende ao mundo inteiro.
Essa vida dinâmica de oração está enraizada no ensinamento do Senhor a seus discípulos. Em nossa leitura do evangelho de Mateus, ouvimos falar da oração como um poder secreto, que não vem de exibição ou bom desempenho, mas de humilde apresentação diante do Senhor. O ensinamento de Jesus é resumido na Oração do Senhor. Fazendo juntos essa oração nos tornamos um povo unido que busca a vontade do Pai e a construção do seu Reino na terra; ela nos chama a uma vida de perdão e reconciliação.
Oração
Senhor Deus, nosso Pai, nos alegramos porque em todos os tempos, lugares e culturas, há pessoas que te buscam em oração. Acima de tudo, te agradecemos pelo exemplo e
ensinamento de teu Filho, Jesus Cristo, que nos ensinou a aguardar em oração a chegada
do teu Reino. Ensina-nos a orar melhor juntos como cristãos, para que possamos sempre
estar conscientes da tua orientação e encorajamento ao longo de nossas alegrias e tristezas,
pelo poder de teu Santo Espírito. Amém.

Dia 7 Vivendo a fé da ressurreição
Isaías 60,1-3.18-22 Chamarás as tuas muralhas de Salvação e as tuas portas de Louvor
Salmo 118, 1.5-17 Não, não morrerei, viverei
Romanos 6, 3-11 Pelo batismo nós fomos sepultados com ele em sua morte...a fim de que também nós levemos uma vida nova
Mateus 28, 1-10 Então Jesus lhes disse: não temais

Comentário
A fidelidade dos primeiros cristãos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações tornou-se possível, sobretudo, pelo vivo poder de Jesus Ressuscitado. Esse poder ainda está vivo, e hoje os cristãos de Jerusalém dão testemunho disso. Sejam quais forem as dificuldades da atual situação em que se encontram – não importa quanto ela se pareça com o Getsemane ou Gólgota – eles sabem, pela fé, que tudo isso é transformado pela verdade da ressurreição de Jesus dos mortos.
A luz e a esperança da ressurreição mudam tudo. Como profetiza Isaías, é a transformação da escuridão em luz; é a iluminação para todos os povos. O poder da ressurreição brilha a partir de Jerusalém, o lugar da Paixão do Senhor, e conduz todas as nações ao seu brilho. Isso é uma nova vida, na qual a violência é abandonada e a segurança é encontrada na salvação e no louvor.
No Salmo temos palavras para celebrar a experiência cristã central de passagem da morte para a vida. Esse é o sinal permanente do firme amor de Deus. Pois, como ensina São Paulo, no batismo entramos no túmulo com Cristo e ressuscitamos com ele. Morremos com Cristo e vivemos para partilhar sua vida ressuscitada. E assim podemos ver o mundo de forma diferente – com compaixão, paciência, amor e esperança – porque em Cristo as lutas presentes nunca podem ser a história toda. Mesmo como cristãos divididos, sabemos que o batismo que nos une é suportar a cruz à luz da ressurreição.
Para o Evangelho cristão essa vida de ressuscitado não é meramente um conceito ou uma idéia que pode ajudar. Está enraizada num evento vivenciado no tempo e no espaço. É esse evento que ouvimos recontado na leitura do Evangelho com grande sentimento de humanidade e drama. De Jerusalém o Senhor Ressuscitado envia saudações a seus discípulos através das eras, nos chamando a segui-lo sem medo. Ele vai à nossa frente.
Oração
Deus, protetor da viúva, do órfão e do estrangeiro – num mundo onde tantos conhecem o desespero, ressuscitaste teu Filho Jesus para dar esperança à humanidade e renovar a terra. Continua a fortalecer e unificar tua Igreja em suas lutas contra as forças da morte no mundo, onde a violência contra a criação e a humanidade obscurece a esperança da nova vida que ofereces. Assim oramos em nome do Senhor Ressuscitado, no poder do Espírito Santo. Amém.

Dia 8 Chamados ao ministério da reconciliação
Gênesis 33, 1-4 Esaú correu ao encontro de Jacó, apertou-o ao peito... eles choraram
Salmo 96, 1-13 Dizei entre as nações: o Senhor é rei
2 Coríntios 5, 17-21 Deus nos reconciliou consigo pelo Cristo e nos confiou
o ministério da reconciliação
Mateus 5, 21-26 Deixa a tua oferenda ali, diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te
com teu irmão

Comentário
Nossas orações desta semana nos levaram a uma caminhada em conjunto. Guiados pelas Escrituras, fomos chamados a retornar a nossas origens cristãs – aquela Igreja apostólica de Jerusalém. Ali temos visto fidelidade ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. No fim de nossas reflexões sobre o ideal de comunidade cristã que nos é apresentado em At 2,42, voltamos ao nosso próprio contexto – as realidades das divisões, os descontentamentos, decepções e injustiças. Neste ponto da reflexão, a Igreja de Jerusalém nos coloca a questão: para que, então, ao concluir esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, somos chamados aqui e agora?
Os cristãos em Jerusalém hoje nos sugerem uma resposta: somos chamados, acima de tudo, ao ministério da reconciliação. Tal chamado tem a ver com reconciliação em muitos níveis, no meio de uma complexidade de divisões. Oramos pela unidade dos cristãos para que a Igreja possa ser um sinal e um instrumento para a cura de divisões e injustiças políticas e estruturais; oramos pelo convívio justo e pacífico de judeus, cristãos e muçulmanos; oramos pelo crescimento da compreensão entre pessoas de todas as crenças e também dos que não têm nenhuma. Em nossa vida pessoal e familiar também o chamado à reconciliação precisa encontrar uma resposta.
Jacó e Esaú, no texto de Gênesis, são irmãos e ainda assim se estranham. Sua reconciliação acontece mesmo quando seria de se esperar a permanência do conflito. A violência e os hábitos de rancor são abandonados quando os irmãos se encontram e choram juntos.
O reconhecimento de nossa unidade como cristãos – e de fato como seres humanos – diante de Deus nos leva ao grande canto do salmo de louvor ao Senhor que governa o mundo com amorosa justiça. Em Cristo, Deus busca reconciliar consigo todos os povos. Descrevendo isso, São Paulo, em nossa segunda leitura, celebra uma vida de reconciliação como “uma nova criação”. O chamado a reconciliar é o chamado para permitir que o poder de Deus em nós faça novas todas as coisas.
Mais uma vez, sabemos que essas “boas novas” nos chamam a mudar o nosso modo de viver. Como nos desafia Jesus, no relato dado por São Mateus, não podemos continuar fazendo nossas ofertas no altar sabendo que somos responsáveis por divisões ou injustiças.
O chamado à oração pela unidade dos cristãos é um chamado à reconciliação. O chamado à reconciliação é um chamado a ações, mesmo ações que venham a interferir em nossas atividades eclesiais.
Oração
Deus da Paz, nos te damos graças porque enviaste teu Filho Jesus, para que possamos nele nos reconciliar contigo. Dá-nos a graça de sermos servos ativos de reconciliação dentro de nossas Igrejas. Assim, ajuda-nos a prestar serviço à reconciliação de todos os povos, particularmente em tua Terra Santa , o lugar onde derrubaste a muralha de separação entre os povos e uniste a todos no Corpo de Cristo, sacrificado no Monte Calvário. Enche-nos de amor mútuo. Que a nossa unidade possa prestar serviço à reconciliação que desejas para toda a criação. Oramos no poder do Espírito Santo. Amém.

MATERIAL ADICIONAL DA JERUSALÉM
Oração pelas lideranças das Igrejas em Jerusalém
(3 pessoas para orar, de acordo com as diferentes partes do texto)
Pai celestial, nos te damos graças e te louvamos pelo dom que nos deste de teu único Filho, Jesus – seu nascimento em Belém, seu ministério por toda a Terra Santa, sua morte na cruz e sua Ressurreição e Ascensão. Ele veio para redimir esta terra e o mundo. Ele veio como Príncipe da Paz.
Nós te damos graças em cada Igreja e paróquia ao redor de mundo que está hoje orando conosco pela paz. Nossa Cidade Santa e nossa terra estão muito necessitadas de paz. No teu incompreensível mistério e no teu amor por todos nós, deixa que o poder de tua Redenção e de tua Paz transcenda todas as barreiras de culturas e religiões e encha os corações de todos aqueles que te servem aqui, de ambos os povos – israelitas e palestinos – e de todas as religiões. Envia-nos líderes políticos prontos a dedicar suas vidas a uma paz justa para seus povos. Dá-lhes coragem bastante para assinar um tratado de paz que ponha um fim à ocupação imposta por um povo a outro, garantindo liberdade para palestinos, dando segurança aos israelitas e nos libertando a todos do medo. Dá-nos líderes que compreendam a santidade de nossa cidade e que venham a abri-la para todos os seus habitantes – palestinos e israelitas – e para o mundo.
Na terra que tornaste santa, liberta-nos a todos do pecado do ódio e da matança. Liberta as almas e corações dos israelitas e palestinos desse pecado. Dá libertação ao povo de Gaza, que vive sob infindáveis dificuldades e ameaças.
Confiamos em ti, Pai celestial. Cremos que és bom e cremos que nossa bondade prevalecerá sobre os males da guerra e do ódio em nossa terra. Buscamos tua bênção especialmente para as crianças e jovens, para que seu medo e sua ansiedade diante do conflito possam ser substituídos pela alegria e felicidade da paz. Oramos também pelos idosos e pessoas com deficiência, pelo seu bem estar e pela contribuição que eles podem dar ao futuro desta terra. Oramos finalmente, pelos refugiados espalhados pelo mundo por causa deste conflito. Deus, dá sabedoria e coragem aos políticos e governantes responsáveis por eles, para que encontrem soluções viáveis e justas. Tudo isso pedimos em nome de Jesus. Amém.
Senhor, faze-me instrumento de tua paz
Faze-me instrumento de tua paz.
Onde houver ódio que eu leve o teu amor,
Onde houver injúria, que eu leve o teu perdão, Senhor.
Onde houver dúvida, que eu leve a verdadeira fé em ti.
Ó Mestre, faze com que eu nunca busque
Ser consolado mais do que consolar,
Ser compreendido mais do que compreender,
Ser amado mas do que amar com toda a minha alma.
Faze-me um instrumento de tua paz.
Onde houver desespero na vida, que eu leve a esperança;
Onde houver escuridão, que eu leve só luz;
E onde houver tristeza, que eu leve sempre alegria.
Faze-me um instrumento de tua paz.
É perdoando que somos perdoados.
É dando a todos que recebemos
E é morrendo que nascemos para a vida eterna.
(oração atribuída a São Francisco)
Yarabba ssalami (Palestine)
Kyrie eleison (Mt. Athos Melody, Greece)
Alleluia (Ancient Syriac Liturgy)
Halle, Hallelujah (Syria)


VIDA ECUMÊNICA EM JERUSALÉM
De Jerusalém Jesus enviou os apóstolos para serem suas testemunhas “até as extremidades da terra” (At 1,8). Em sua missão, eles encontraram muitas e ricas línguas e civilizações e começaram a proclamar o Evangelho e a celebrar a Eucaristia nessas muitas línguas. Como conseqüência, a vida cristã e a liturgia adquiriram muitas faces e expressões que se enriquecem e se completam mutuamente. Desde os primeiros tempos, todas essas tradições e Igrejas cristãs queriam estar presentes juntas na Igreja local de Jerusalém, o berço da Igreja. Elas sentiam a necessidade de ter uma comunidade orante e servidora na terra onde a história da salvação se desenvolveu, ao redor dos lugares onde Jesus viveu, exerceu seu ministério e sofreu sua paixão, entrando assim no mistério pascal da morte e ressurreição.
Desse modo a Igreja de Jerusalém se tornou uma imagem viva da diversidade e riqueza das muitas tradições cristãs do Oriente e do Ocidente. Cada visitante ou peregrino em Jerusalém é, em primeiro lugar, convidado a descobrir essas variadas e ricas tradições.
Infelizmente, no curso da história e por várias razões, essa bela diversidade também se tornou uma fonte de divisões. Essas divisões são ainda mais dolorosas em Jerusalém, já que foi nesse mesmo lugar que Jesus orou “para que eles sejam um” (João 17,21), foi ali que ele morreu “para reunir na unidade os filhos de Deus que estão dispersos” (João 11, 52) e ali aconteceu o primeiro Pentecostes. No entanto, ao mesmo tempo, é preciso dizer que nem uma só dessas divisões teve sua origem em Jerusalém. Elas foram todas trazidas a Jerusalém por Igrejas já divididas. Como conseqüência, quase todas as Igrejas do mundo inteiro têm sua parte na responsabilidade pelas divisões na Igreja de Jerusalém e portanto são também chamadas a trabalhar pela unidade junto com as Igrejas locais.
Atualmente, há em Jerusalém treze Igrejas com um ministério episcopal: a Igreja Ortodoxa Grega, a Igreja (Católica) Latina, a Igreja Apostólica Armênia, a Igreja Síria Ordodoxa, a Igreja Ortodoxa Copta. A Igreja Ortodoxa Etíope, a Igreja Católica Grega (Melquita), a Igreja (Católica) Maronita, a Igreja Católica Síria, a Igreja Católica Armênia, a Igreja (Católica) Caldéia, a Igreja Episcopal Evangélica e a Igreja Evangélica Luterana.
Além disso, um número considerável de outras Igrejas ou comunidades estão presentes em Jerusalém e na Terra Santa: presbiterianos, reformados, batistas, evangélicos, pentecostais etc.
Ao todo, os cristãos na Palestina e Israel são cerca de 150.000 a 200 000, constituindo entre 1 a 2 % da população total. A grande maioria desses cristãos são palestinos de idioma árabe, mas em alguma Igrejas há também grupos de fiéis que falam hebraico e pretendem ser uma presença cristã e um testemunho da sociedade israelita. Além disso, há também as chamadas Assembléias Messiânicas, que podem representar cerca de 4 a 5 mil crentes, mas não costumam ser incluídas na contagem da presença cristã.
Para o desenvolvimento recente das relações ecumênicas em Jerusalém, a peregrinação do Papa Paulo VI à Terra Santa, em janeiro de 1964, continua sendo um marco. Seus encontros, em Jerusalém, com os Patriarcas Athenagoras de Constantinopla e Benedictos de Jerusalém sinalizam o começo de um novo clima nas relações inter eclesiais. A partir desse ponto, as coisas começaram a ir por um novo caminho.
O próximo passo importante se deu durante a primeira “intifada” palestina no fim dos anos 80. No meio de um clima de insegurança, violência, sofrimento e morte, as lideranças das Igrejas começaram a se encontrar para refletir juntas sobre o que poderiam e deveriam dizer e fazer em conjunto. Decidiram publicar mensagens e declarações em comum e tomar algumas iniciativas conjuntas em prol de uma paz justa e duradoura.
Desde esse tempo, a cada ano as lideranças das Igrejas em Jerusalém publicam uma mensagem comum na Páscoa e no Natal, bem como declarações e mensagens em algumas ocasiões especiais. Duas declarações merecem especial destaque. Em novembro de 1994, as lideranças das treze Igrejas assinaram um memorando comum sobre o significado de Jerusalém para os cristãos e sobre os direitos que daí resultam para as comunidades cristãs.
Daí em diante, se encontraram regularmente, quase todos os meses. Publicaram uma segunda declaração atualizada sobre o mesmo assunto em setembro de 2006.
Até agora, a abertura ecumênica do terceiro milênio na Praça da Manjedoura em Belém, em dezembro de 1999, permanece como a expressão mais significativa dessa nova peregrinação ecumênica em comum. Foi então que as lideranças e fiéis das treze Igrejas, junto com peregrinos vindos do mundo inteiro, passaram a tarde juntos, cantando, lendo a Palavra de Deus e orando em conjunto.
Em 2006, a criação do Centro Inter Eclesial de Jerusalém, em colaboração com as Igrejas locais, com o Conselho Mundial de Igrejas e o Conselho de Igrejas do Oriente Médio, é outra expressão da crescente colaboração entre as Igrejas locais e dos fortes laços entre elas e as Igrejas do mundo inteiro. É ao mesmo tempo um instrumento a serviço desse crescimento ecumênico.
O Programa de Acompanhamento Ecumênico na Palestina e Israel foi iniciado em 2002, em coordenação com as Igrejas locais e o CMI. Envolve voluntários que vêm de Igrejas do mundo inteiro com o objetivo de colaborar com israelitas e palestinos para aliviar as conseqüências do conflito, e para acompanhá-los nos lugares onde há confrontação. Essa iniciativa configura outro poderoso instrumento para o fortalecimento dos laços de solidariedade, tanto na Terra Santa como com as Igrejas de onde vêm os voluntários.
Muitos outros grupos ecumênicos informais existem em Jerusalém. Um deles, o Círculo Ecumênico de Amigos, que se encontra uma vez por mês, tem coordenado a celebração anual da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em Jerusalém por cerca de 40 anos. A cada ano, isso constitui um evento marcante na vida das Igrejas.
O diálogo inter religioso em Jerusalém, cidade considerada sagrada por judeus, cristãos e muçulmanos, tem também amplas repercussões ecumênicas, graças aos membros de diferentes Igrejas que trabalham nisso muito unidos. Juntos, nesse diálogo, eles vivenciam a experiência da necessidade de superar desentendimentos e controvérsias do passado para encontrar uma nova linguagem comum que possibilite dar testemunho de uma única mensagem evangélica numa atitude de respeito mútuo.
Para os fiéis cristãos da base, na Palestina e Israel, ecumenismo faz parte da vida diária. Sua experiência constante mostra que a solidariedade e a colaboração têm importância vital na sua presença como pequena minoria no meio da maioria de crentes de outras religiões monoteístas. Escolas, instituições e movimentos cristãos espontaneamente trabalham juntos, cruzando as fronteiras entre as Igrejas, oferecendo um serviço comum e dando testemunho em conjunto. Casamentos entre pessoas de Igrejas diferentes têm se tornado uma realidade geralmente aceita e podem ser encontrados em quase todas as famílias.
Como conseqüência, há partilha mútua de alegrias e tristezas, no meio de uma situação de conflito e instabilidade, chegando até aos irmãos e irmãs muçulmanos, com quem partilham a mesma língua, a mesma história, a mesma cultura e com os quais são chamados a construir juntos um futuro melhor. Juntos estão dispostos a colaborar com fiéis muçulmanos e judeus na preparação de caminhos para o diálogo e para uma justa e duradoura paz num conflito em que a religião tem sido muito frequentemente usada até de modo abusivo. Em vez de ser parte do conflito, a verdadeira religião é chamada a ser parte da solução.
É também significativo perceber que a Igreja em Jerusalém continua a viver num clima político que é, de muitas maneiras, semelhante à vida da primeira comunidade cristã.
Cristãos palestinos têm se tornado uma pequena minoria que enfrenta sérios desafios que ameaçam seu futuro de muitas maneiras, enquanto anseiam por liberdade, dignidade humana, justiça, paz e segurança.
No meio de tudo isso, os cristãos das Igrejas de Jerusalém se dirigem a seus irmãos e irmãs do mundo inteiro nesta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos para orar com eles e por eles, para que atinjam suas aspirações por liberdade e dignidade e pelo fim de todas as espécies de opressão humana. A Igreja ergue sua voz em oração a Deus em antecipação e esperança, por si mesma e pelo mundo para que todos possamos ser um em nossa fé, nosso testemunho e nosso amor.



SEMANA DE ORAÇÃO
PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS

Temas de 1968 a 2011
Em 1968, materiais preparados em conjunto pela Comissão Fé e Ordem do Conselho
Mundial de Igrejas e pelo Pontifício Conselho para a Unidade
dos Cristãos foram usados pela primeira vez.
1968 Para o louvor de sua glória (Efésios 1,14)
1969 Chamados à liberdade (Gálatas 5,13)
(Encontro preparatório em Roma, Itália)
1970 Somos colaboradores de Deus ( 1 Coríntios 3,9)
(Encontro preparatório no mosteiro de Niederaltaich, na República Federal Alemã)
1971 ... e a comunhão do Espírito Santo (2 Coríntios 13.13)
1972 Eu vos dou um novo mandamento (João 13,34)
(Encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1973 Senhor, ensina-nos a orar (Lucas 11,1)
(Encontro preparatório no mosteiro de Montserrat, Espanha)
1974 Que toda língua confesse: Jesus Cristo é o Senhor (Filipenses 2, 1-13)
(Encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1975 Plano de Deus: todas as coisas em Cristo (Efésios 1,3-10)
(Material de um grupo australiano. Encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1976 Seremos como Ele (João 3,2) ou Chamados a ser o que somos
(Material da Conferência Caribenha de Igrejas; encontro preparatório em Roma, Itália)
1977 A esperança não nos decepciona (Romanos 5,15)
(Material do Líbano, no meio de uma guerra civil; encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1978 Não sois mais estrangeiros (Efésios 2,13-22)
(Material de uma equipe ecumênica em Manchester, Inglaterra)
1979 Servi uns aos outros para a glória de Deus (1 Pedro 4,7-11)
(Material da Argentina; encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1980 Que venha o teu Reino! (Mateus 6,10)
(Material de um grupo ecumênico em Berlim, República Democrática Alemã; encontro preparatório em Milão)
1981 Um Espírito – muitos dons – um só corpo (1 Coríntios 12,3b-13)
(Material dos Graymoor Fathers, USA; encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1982 Que todos estejam na tua casa, Senhor (Salmo 84)
(Material do Quênia; encontro preparatório em Milão, Itália)
1983 Jesus Cristo – a Vida do mundo (1 João 1,1-4)
(Material de um grupo ecumênico na Irlanda; encontro preparatório em Céligny, Suíça)
1984 Chamados a ser um pela cruz de nosso Senhor (2 Coríntios 2,2 e Colossenses 1,20)
(Encontro preparatório em Veneza, Itália)
1985 Da morte à vida com Cristo (Efésios 2,4-7)
(Material da Jamaica; encontro preparatório em Grandchamp, Suíça)
1986 Vós sereis minhas testemunhas (Atos 1,6-8)
(Material da Iugoslávia- Eslovênia ; encontro preparatório na Iugoslávia)
1987 Unidos em Cristo – uma nova criação (2 Coríntios 5,17 a 6,4a)
(Material da Inglaterra; encontro preparatório em Taizé, França)
1988 O amor de Deus afasta o medo (1 João 4,18)
(Material da Itália; encontro preparatório em Pinerolo, Itália)
1989 Construindo a comunidade: um só corpo em Cristo (Romanos 12,5-6a)
(Material do Canadá; encontro preparatório em Whaley Bridge, Inglaterra)
1990 Que todos sejam um... para que o mundo creia (João 17)
(Material da Espanha; encontro preparatório em Madri, Espanha)
1991 Louvai ao Senhor, todas as nações (Salmo 117 e Romanos 15,5-13
(Material da Alemanha; encontro preparatório em Rotenberg an der Fulda, República Federal da Alemanha)
1992 Estou convosco sempre... Ide, portanto. (Mateus 28,16-20)
(Material da Bélgica; encontro preparatório em Bruges, Bélgica)
1993 Dando frutos no Espírito para a unidade cristã (Gálatas 5,22-23)
(Material do Zaire; encontro preparatório em Zurich, Suíça)
1994 A casa de Deus: chamados a ser um no coração e na mente (At 4,23-37)
(Material da Irlanda; encontro preparatório em Dublin, República da Irlanda)
1995 Koinonia: comunhão em Deus e uns com os outros (João 15,1-17)
(Material de Fé e Ordem; encontro preparatório em Bristol, Inglaterra)
1996 Eis que estou à porta e bato (Apocalipse 3, 14-22)
(Material de Portugal; encontro preparatório em Lisboa, Portugal)
1997 Em nome de Cristo, reconciliai-vos com Deus (2 Coríntios 5,20)
(Material do Conselho Ecumênico Nórdico; encontro preparatório em Estocolmo, Suécia)
1998 O Espírito socorre a nossa fraqueza (Romanos 8,14-27)
(Material da França; encontro preparatório em Paris, França)
1999 Deus habitará com eles. Será seu Deus e eles serão seu povo (Apocalipse 21,1-7)
(Material da Malásia; encontro preparatório no mosteiro de Bose, Itália)
2000 Louvado seja Deus, que nos abençoou em Cristo (Efésios 1,3-14)
(Material do Conselho de Igrejas do Oriente Médio; encontro preparatório em La Verna, Itália)
2001 Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14,1-6)
(Material da România; encontro preparatório em Vulcan, România)
2002 Em ti está a fonte da vida (Salmo 36,5-9)
(Material do CEEC e CEC; encontro preparatório perto de Augsburg, Alemanha)
2003 Trazemos este tesouro em vasos de argila (2 Coríntios 4,4-18)
(Material das Igrejas da Argentina; encontro preparatório em Los Rubios, Espanha)
2004 Eu vos dou a minha paz (João 14,23-31 e João 14,27)
(Material de Aleppo, Síria; encontro preparatório em Palermo, Sicília)
2005 Cristo, o único fundamento da Igreja (1 Coríntios 3,1-23)
(Material da Eslováquia; encontro preparatório em Piestany, Eslováquia)
2006 Quando dois ou três se reúnem em meu nome, eu estou no meio deles (Mateus 18,18-20)
(Material da Irlanda; encontro preparatório em Prosperous, Co. Kildare, Irlanda)
2007 Ele faz os mudos falarem e os surdos ouvirem (Marcos 7,31-37)
(Material da África do Sul; encontro preparatório em Faverges, França)
2008 Orai sem cessar (1 Tessalonicenses 5, 12a. 13b- 18)
(Material dos EUA; encontro preparatório em Graymoor, Garrison, EUA)
2009 Unidos em tua mão (Ezequiel 37, 15-28)
(Material da Coréia; encontro preparatório em Marselha, França)
2010 Vós sois testemunhas disso (Lucas 24,48)
(Material da Escócia; encontro preparatório em Glasgow, Escócia)
2011 Unidos no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. (Cf Atos 2,42)
(Material de Jerusalém; encontro preparatório em Saydnaya, Síria)


DATAS MARCANTES NA HISTÓRIA
DA SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS

1740 Na Escócia surgiu um movimento pentecostal, ligado à América do Norte, cuja mensagem de reavivamento incluía preces por e com todas as Igrejas.
1820 O Rev. James Haldane Stewart publica “Orientações para a união geral dos cristãos para o derramamento do Espírito”.
1840 O Rev. Ignatus Spencer, convertido ao catolicismo romano, sugere uma “União de oração pela unidade”.
1867 A Primeira Conferência de Bispos Anglicanos em Lambeth destaca a oração pela unidade no Preâmbulo de suas Resoluções.
1894 O papa Leão XIII estimula a prática de Oitava de Oração pela Unidade, no contexto de Pentecostes.
1908 Primeira vivência da Oitava da Unidade Cristã, iniciativa do Rev. Paul Wattson.
1926 O movimento Fé e Ordem começa a publicar “Sugestões para uma oitava de oração pela unidade cristã.”
1935 O abade Paul Couturier defende uma “Semana Universal de Orações pela Unidade dos Cristãos”, baseada em preces inclusivas pela “unidade que Cristo quiser, pelos meios que ele quiser”.
1958 A Unidade Cristã (Lyons, França) e a Comissão Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas começam a preparar em cooperação os materiais para a Semana de Oração.
1964 Em Jerusalém, o papa Paulo VI e o patriarca Athenagoras I rezam juntos a prece de Jesus para “que todos sejam um” (João 17)
1964 O decreto sobre Ecumenismo do Vaticano II enfatiza que a oração é a alma do movimento ecumênico e incentiva a observância da Semana de Oração.
1966 A Comissão Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas e o Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos (hoje conhecido como Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos) começam a preparar oficialmente juntos o material da Semana de Oração.
1968 Primeiro uso oficial do material da Semana de Oração preparado em conjunto por Fé e Ordem e pelo Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos (hoje conhecido como Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos).
1975 Primeiro uso de material da Semana de Oração baseado em uma versão inicial de texto preparada por um grupo ecumênico local. Um grupo australiano foi o primeiro a assumir esse projeto, na preparação do texto inicial de 1975.
1988 Os materiais da Semana de Oração foram usados na celebração de fundação da Federação Cristã da Malásia, que une os grupos cristãos majoritários do país.
1994 Um grupo internacional prepara o texto para 1996, incluindo representantes de YMCA e YWCA (Associação Cristã de Moços/as).
2004 Formaliza-se um acordo pelo qual os materiais da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos serão publicados e produzidos no mesmo formato por Fé e Ordem (WCC) e pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Igreja Católica).
2008 Comemoração do centésimo aniversário da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (sua predecessora, a Oitava da Unidade Cristã, foi observada pela primeira vez em 1908).



Esta é a versão portuguesa do texto para a SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS 2011. O material, finalizado à difusão internacional, foi preparado por uma comissão mista nomeada pelo Pontifício Conselho para a promoção da unidade dos cristãos e pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial das Igrejas, com base numa proposta de um grupo ecuménico de Jerusalém. As Comissões ecuménicas das Conferências Episcopais e dos Sínodos das Igrejas católicas de rito oriental foram convidadas a adaptar o texto de acordo com a situação ecuménica local e as diversas tradições litúrgicas presentes no território.
Se desejar obter uma cópia do texto adaptado ao seu contexto, convidamo-lo a pôr-se em contacto com a Comissão ecuménica da sua Conferência episcopal ou com o seu Sínodo local.



Tradução para o português:
Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo
e o Diálogo Inter-religioso
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB
Brasília, 2010.

Subsídios para a
SEMANA DE ORAÇÃO PARA A UNIDADE DOS CRISTÃOS
e para todo o ano 2011

Unidos no ensinamento dos apóstolos,
na comunhão fraterna,
na fração do pão e nas orações
(Cf Atos 2,42)
Preparado conjuntamente por
Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e
Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas

Para os que estão organizando
a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos


A busca da unidade ao longo de todo o ano


No hemisfério norte, o período tradicional para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é de 18 a 25 de janeiro. Essas datas foram propostas em 1908 por Paul Watson porque cobriam o tempo entre as festas de São Pedro e São Paulo e tinham, portanto, um significado simbólico. No hemisfério sul, em que janeiro é tempo de férias, as Igrejas geralmente preferem outras datas para celebrar a Semana de Oração como, por exemplo, ao redor de Pentecostes (como foi sugerido pelo movimento Fé e Ordem em 1926), que também é um momento simbólico para a unidade da Igreja. Levando em conta essa flexibilidade no que diz respeito à data, estimulamos vocês a compreender o material aqui apresentado como um convite para achar oportunidades ao longo de todo o ano para expressar o grau de comunhão que as Igrejas já tenham atingido e para orar juntos por aquela unidade plena que é desejo de Cristo.
Adaptando o texto
Este material é oferecido com a idéia de que, sempre que possível, será adaptado para uso no nível local. Ao fazer isso, devem-se levar em conta as práticas litúrgicas e devocionais da região e o conjunto do contexto social e cultural. Tais adaptações normalmente acontecem de forma ecumênica. Em alguns lugares já se formaram estruturas ecumênicas para a adaptação do material. Em outros, esperamos que a necessidade de tal adaptação venha a ser um estímulo para a criação dessas estruturas.
Usando o material da Semana de Oração
Para Igrejas e Comunidades cristãs que vivem juntas a Semana de Oração através de um culto em comum, foi providenciado um roteiro para essa celebração.
Igrejas e Comunidades cristãs podem também incorporar material da Semana de Oração a seus próprios cultos. As orações da celebração proposta, as reflexões dos “oito dias” e a seleção de preces adicionais podem ser usadas de modo adequado ao que cada grupo vai fazer.
Comunidades que fazem celebrações ligadas ao tema em todos os dias da Semana de Oração podem incluir aí o material proposto para os “oito dias”.
Os que quiserem fazer estudos bíblicos sobre o tema da Semana de Oração podem tomar como base os textos sugeridos para os oito dias. A cada dia a reflexão pode levar a uma conclusão com preces de intercessão.
Os que desejarem orar de modo pessoal podem achar aqui material útil para direcionar as intenções da oração. Eles podem ter em mente que estão em comunhão com outros que estarão orando no mundo inteiro por uma maior unidade visível da Igreja de Cristo.

TEXTO BÍBLICO
Atos 2, 42-47
Eles eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. O temor de Deus se apoderava de todo mundo: muitos prodígios e sinais se realizavam pelos apóstolos. Todos os que abraçavam a fé estavam unidos e tudo partilhavam. Vendiam suas propriedades e os seus bens para repartir o dinheiro apurado entre todos, segundo as necessidades de cada um. De comum acordo, iam diariamente ao Templo com assiduidade: partiam o pão em casa, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram favoravelmente aceitos por todo o povo. E o Senhor ajuntava cada dia à comunidade os que encontravam a salvação.
Tradução Ecumênica da Biblia (TEB)

INTRODUÇÃO AO TEMA
PARA O ANO DE 2011
Atos 2,42,47
A Igreja em Jerusalém, ontem, hoje, amanhã
Há dois mil anos, os primeiros discípulos de Cristo reunidos em Jerusalém experimentaram o derramamento do Espírito Santo em Pentecostes e foram reunidos na unidade como corpo de Cristo. Nesse evento, os cristãos de todos os tempos e lugares vêem sua origem como comunidade de fiéis, chamados a proclamar juntos Jesus Cristo, como Senhor e Salvador. Embora aquela iniciante Igreja de Jerusalém experimentasse dificuldades, interna e externamente, seus membros perseveraram na fidelidade e na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Não é difícil perceber como a situação dos primeiros cristãos na cidade santa reflete a da Igreja em Jerusalém hoje. A comunidade atual experimenta muitas das alegrias e tristezas da Igreja dos primeiros tempos: sua injustiça e desigualdade, e suas divisões, mas também sua fiel perseverança e o reconhecimento de uma unidade mais ampla entre os cristãos.
As Igrejas em Jerusalém hoje nos oferecem uma visão do que significa buscar a unidade, mesmo em meio a grandes problemas. Elas nos mostram que o chamado à unidade pode ser mais do que meras palavras e que, de fato, ele pode nos orientar para um futuro no qual antecipamos e ajudamos a construir a Jerusalém celeste.
É preciso realismo para transformar tal visão em modo concreto de viver. A responsabilidade por nossas divisões é nossa; elas são o resultado de nossas próprias ações. Precisamos mudar nossa oração, pedindo a Deus que nos transforme para que possamos trabalhar ativamente pela unidade. Estamos bastante dispostos a rezar pela unidade, mas isso pode se tornar um substitutivo para a ação que vai fazer com que ela aconteça. Será possível que estejamos sendo, nós mesmos, um bloqueio ao Espírito Santo porque somos obstáculos à unidade, porque nosso orgulho vaidoso é uma barreira à unidade?
Este ano, o chamado à unidade, para as Igrejas do mundo inteiro, vem de Jerusalém, a Igreja mãe. Conscientes de suas próprias divisões e de sua própria necessidade de fazer mais pela unidade do corpo de Cristo, as Igrejas em Jerusalém fazem um apelo a todos cristãos para a redescoberta conjunta dos valores que mantinham unida a comunidade primitiva em Jerusalém, quando os cristãos se uniam no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações. Esse é o desafio que está diante de nós. Os cristãos de Jerusalém convocam seus irmãos e irmãs para fazer desta Semana de Oração uma ocasião de renovar o compromisso de trabalho por um genuíno ecumenismo, enraizado na experiência da Igreja dos primórdios.
Quatro elementos de unidade
As orações da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2011 foram preparadas por cristãos em Jerusalém, que escolheram como tema At 2,42: “Eles eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”. Esse tema é um chamado à volta às origens da primeira Igreja em Jerusalém; é um chamado à inspiração e renovação, a uma volta ao essencial da fé; é um chamado a relembrar o tempo em que a Igreja ainda era una. Dentro desse tema, são apresentados quatro elementos que eram marcos da primeira comunidade cristã e que são essenciais à vida da comunidade cristã, onde quer que ela exista.
Primeiramente, temos a palavra que era comunicada pelos apóstolos. Em segundo lugar, a comunhão fraterna (koinonia) era um sinal importante entre os primeiros fiéis sempre que se reuniam. Uma terceira marca da Igreja primitiva era a celebração da Eucaristia (a fração do pão), lembrando a Nova Aliança que Jesus realizou através de seu sofrimento, morte e ressurreição. O quarto aspecto é a atitude constante de oração. Esses quatro elementos são os pilares da vida da Igreja e de sua unidade.
A comunidade cristã na Terra Santa deseja dar proeminência a esses elementos essenciais básicos ao elevar a Deus suas preces pela unidade e vitalidade da Igreja no mundo. Os cristãos de Jerusalém convidam suas irmãs e irmãos do mundo inteiro a se unir a eles em oração enquanto trabalham pela justiça, paz e prosperidade para todos os povos da terra.
Os temas dos oito dias
Há uma caminhada de fé que pode ser detectada nos temas dos oito dias. Desde seus inícios na “sala superior”, a primitiva comunidade cristã experimenta o derramamento do Espírito Santo, que lhe permite crescer na fé e na unidade, na oração e na ação, de modo a tornar-se verdadeiramente uma comunidade da Ressurreição, unida a Cristo em sua vitória sobre tudo que nos divide uns dos outros e nos separa dele. Então a própria Igreja de Jerusalém se torna um farol de esperança, uma degustação antecipada da Jerusalém celeste, chamada a reconciliar não somente nossas Igrejas, mas todos os povos.
Essa caminhada é guiada pelo Espírito Santo, que conduz os primeiros cristãos ao conhecimento da verdade sobre Jesus Cristo e que enche a Igreja primitiva de sinais e prodígios, para a admiração de muitos. À medida que prosseguem na caminhada, os cristãos de Jerusalém se reúnem com devoção para ouvir a Palavra de Deus pregada no ensinamento dos apóstolos, e se juntam em comunhão para celebrar sua fé no sacramento e na oração. Cheia do poder e da esperança que vêm da Ressurreição, a comunidade celebra sua vitória certa sobre o pecado e a morte, e assim tem a coragem e a visão para ser ela própria um instrumento de reconciliação, inspirando e desafiando todos os povos a superar as divisões e injustiças que os oprimem.
O dia 1 apresenta as bases da Igreja mãe de Jerusalém, deixando clara sua continuidade com a Igreja de hoje pelo mundo inteiro. Ele nos relembra a coragem da Igreja primitiva, que bravamente dava testemunho da verdade, assim como hoje necessitamos trabalhar pela justiça em Jerusalém e no resto do mundo.
O dia 2 recorda que a primeira comunidade unida em Pentecostes tinha em seu interior pessoas de origens diversas, assim como a Igreja em Jerusalém hoje representa uma rica diversidade de tradições cristãs. Nosso desafio hoje é conseguir uma unidade visível maior, capaz de acolher nossas diferenças e tradições.
O dia 3 contempla o primeiro elemento essencial de unidade: a Palavra de Deus apresentada através do ensinamento dos apóstolos. A Igreja de Jerusalém nos recorda que, sejam quais forem as nossas divisões, esses ensinamentos nos impelem a nos envolver em amor mútuo e em fidelidade ao corpo único que é a Igreja.
O dia 4 enfatiza a partilha como segunda expressão de unidade. Assim como os primeiros cristãos punham tudo em comum, a Igreja de Jerusalém chama todos os irmãos e irmãs da Igreja a partilhar bens e tarefas, com coração alegre e generoso, para que ninguém passe necessidade.
O dia 5 destaca o terceiro elemento da unidade: a fração do pão, que nos une em esperança. Nossa unidade vai além do momento da Santa Comunhão: ela precisa incluir a atitude correta a respeito da vida ética, da pessoa humana e de toda a comunidade. A Igreja de Jerusalém conclama os cristãos a se unirem na “fração do pão” hoje, porque uma Igreja dividida não pode falar com autoridade sobre temas de justiça e paz.
O dia 6 apresenta o quarto elemento de unidade: com a Igreja em Jerusalém ganhamos força pelo tempo que nos dedicamos à oração. Especificamente, a Oração do Senhor chama todos nós, em Jerusalém e no mundo inteiro, os fracos e os poderosos, a um trabalho conjunto pela justiça, paz e unidade, para que venha a nós o Reino de Deus.
O dia 7 nos leva além dos quatro elementos da unidade, com a Igreja em Jerusalém alegremente proclamando a Ressurreição, mesmo quando ela carrega a dor da cruz. A Ressurreição de Jesus é hoje para os cristãos em Jerusalém a força que lhes permite a permanência constante no seu testemunho, no trabalho para a liberdade e a paz na Cidade da Paz.
O dia 8 conclui a caminhada com um chamado das Igrejas de Jerusalém para um trabalho mais amplo de reconciliação. Mesmo se os cristãos conseguirem unidade entre eles, sua tarefa não estará completa, porque eles precisam se reconciliar com outros. No contexto de Jerusalém, isso significa relacionamento entre palestinos e israelitas; em outras comunidades, os cristãos são desafiados a buscar justiça e reconciliação em seu próprio contexto.
O tema de cada dia foi, portanto, escolhido não apenas para nos recordar a história da Igreja dos primeiros tempos, mas também para nos trazer à mente as experiências de cristãos em Jerusalém hoje, e para convidar todos nós a uma reflexão sobre como podemos trazer essa experiência para a vida de nossas comunidades cristãs em cada local.
Durante esta caminhada de oito dias, os cristãos de Jerusalém nos convidam a proclamar e dar testemunho de que a Unidade – em seu sentido pleno de fidelidade ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações – nos dará a possibilidade de, juntos, superarmos o mal, não só em Jerusalém, mas no mundo inteiro.

PREPARAÇÃO DO MATERIAL PARA
A SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS 2011
O trabalho inicial que levou à publicação deste livreto foi feito por um grupo de líderes cristãos de Jerusalém. Eles se reuniram a convite do Conselho Mundial de Igrejas. Seu trabalho foi facilitado pelo Centro Inter- Eclesial de Jerusalém. Queremos agradecer em particular àqueles que contribuíram para este trabalho:
- Sua Beatitude, o Patriarca Latino Emérito, Michel Sabbah
- Sua Graça Bispo Munib Younan, da Igreja Evangélica Luterana no Jordão e na Terra Santa
- Rev. Naim Ateek, da Igreja Episcopal em Jerusalém e no Oriente Médio
- Rev Frans Bouwen, da Igreja Católica Romana
- Fr. Alexander, do Patriarcado Ortodoxo Grego de Jerusalém
- Fr. Jamal Khader, da Universidade de Belém
- Sr. Michael Bahnam, do Patriarcado Sírio Ortodoxo de Antioquia
- Sra. Nora Karmi, da Igreja Ortodoxa Armênia
- Sr. Yusef Daher, da Igreja Católica Grega Melquita
Os textos aqui propostos foram finalizados durante o encontro do grupo internacional preparatório promovido pela Comissão de Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas e pelo Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, da Igreja Católica Romana. O encontro do grupo internacional preparatório aconteceu no Monastério de São Cristóforus, em Saydnaya, Síria. Os participantes desejam apresentar seus agradecimentos a Sua Beatitude, Ignatius IV, Patriarca Grego Ortodoxo de Antioquia e a sua equipe em Damasco e Saydnaya, por seu caloroso acolhimento e sua generosa hospitalidade, e aos líderes das diferentes tradições cristãs por seu apoio e encorajamento.

INTRODUÇÃO
À CELEBRAÇÃO ECUMÊNICA
“Eles eram assíduos aos ensinamentos dos apóstolos e à comunhão fraterna,
à fração do pão e às orações”.
(Atos 2,42)
O tema deste ano, oferecido a nossa meditação pelas Igrejas em Jerusalém, convida os cristão, em todo lugar, a refletir sobre sua relação com a Igreja mãe de Jerusalém, para ter um olhar novo sobre as próprias situações em que estamos envolvidos. Foi a partir dessa comunidade de Jerusalém que todas as outras comunidades nasceram. Essa comunidade terrena de Jerusalém é uma prefiguração da Jerusalém celeste, onde todos os povos serão reunidos ao redor do trono do Cordeiro em eterno louvor e adoração a Deus.
Os cristãos de Jerusalém convidam a meditar, em nossos encontros ecumênicos de 2011, sobre a importância de nosso envolvimento com os ensinamentos dos apóstolos e a comunhão fraterna, com a fração do pão e as orações; são elementos que nos unem, embora sejamos muitos, no único corpo de Cristo. As Igrejas em Jerusalém nos pedem que lembremos de sua precária situação em nossas orações e que oremos pela justiça que trará paz à Terra Santa. A liturgia ecumênica aqui apresentada pretende destacar a dimensão fundamental de todo testemunho cristão, que é o amor a serviço do Evangelho da reconciliação com Deus e com toda a humanidade e a criação.

ROTEIRO DE CELEBRAÇÃO
O roteiro está dividido em: 1) reunião da assembléia; 2) celebração da Palavra de Deus; 3) oração de arrependimento e paz; 4) preces pela unidade cristã; 5) envio
I. Reunião da assembléia
De acordo com costumes locais, símbolos apropriados podem ser trazidos à frente e colocados diante da assembléia enquanto se canta o hino de abertura. Depois da saudação inicial, feita pela pessoa que preside, algumas palavras de boas vindas podem ser dirigidas às comunidades e lideranças que se reuniram para celebrar.
A assembléia é então convidada a se preparar para celebrar e louvar a Deus através de frases e oração de abertura em forma de diálogo com resposta coletiva, na forma tradicional usada no oriente.
II. Celebração da Palavra de Deus
A leitura dos Atos dos Apóstolos está no centro e dela derivam as outras partes do culto. Ao selecionar o texto de Atos, o comitê planejador de Jerusalém quis acentuar as idéias de fidelidade ao ensinamento dos apóstolos e a partilha de todas as coisas em comum, como chave da unidade cristã. A homilia pode desenvolver esses temas, bem como enfatizar a necessidade de que os cristãos do mundo inteiro apoiem em oração seus irmãos e irmãs que testemunham o Evangelho do amor na Cidade Santa.
Depois da homilia pode haver um tempo de meditação, silencioso ou acompanhado por música. Uma oferta , ou coleta, para ajudar os cristãos e suas instituições (escolas, hospitais etc) pode ser feita e enviada a uma adequada organização cristã.
III. Oração de arrependimento e paz
Uma ação simbólica pode ser realizada durante esta oração.
Opção 1: várias velas que foram carregadas em procissão na abertura da liturgia e colocadas à vista da assembléia podem ser apagadas uma a uma após cada pedido de perdão, deixando uma vela de Cristo, ou círio pascal, acesa à medida que as luzes da Igreja vão se apagando. Ao final da prece da paz pequenas velas são distribuídas aos presentes. A Confissão de fé, que pode ser feita a partir do Credo Niceno ou Apostólico ou de alguma outra tradicional expressão de fé, vem depois da saudação de paz feita em semi escuridão. As velas que se apagaram são então acesas ( a partir da vela de Cristo ou círio pascal), uma a uma, depois de cada prece pela unidade cristã. Os participantes são convidados a levar para casa as velas que receberam e a acendê-las a cada noite durante a Semana de Oração e, se for apropriado, a colocá-las em suas janelas como continuação dessa vigília de oração e como uma lembrança dos cristãos da Terra Santa e de outros lugares que enfrentam sofrimento por causa de sua fé.
Opção 2: Um grupo (por exemplo: crianças ou jovens) prepara com antecedência uma figura (uma imagem de Cristo, uma cruz, o retrato de uma igreja ou qualquer outro símbolo apropriado para a unidade) e a corta em grandes pedaços. Durante as preces pela unidade cristã e suas respostas, representantes das várias comunidades presentes vão colocando as peças, armando a figura diante da assembléia. Na conclusão das preces o mosaico completo representará a unidade de todos no único corpo de Cristo, com a diversidade vista como dom precioso que Deus dá às Igrejas.
Opção 3: Algum incenso pode ser oferecido por membros de cada comunidade depois de cada oração de arrependimento e petição de perdão, representando a misericórdia de Deus, que cobre nossos pecados, e a graça de Deus, que nos cura. Um recipiente contendo carvão aceso pode ser colocado no centro da assembléia ou próximo ao lugar onde são feitas as leituras. Depois de cada confissão de pecado, o leitor ou outro membro da assembléia colocará algum incenso sobre o carvão. Esse gesto representa a disposição da assembléia de reconhecer o pecado e acolher a resposta da misericórdia de Deus.
IV. Preces pela unidade cristã
Estes pedidos são inspirados pela situação das Igrejas em Jerusalém. No entanto, cada situação local pode gerar seus próprios pedidos, que demonstram como em cada lugar se busca superar a divisão e encontrar meios de visível comunhão plena. A prece é conduzida pelo presidente da celebração e pelo leitor, com a comunidade respondendo a cada vez. A prece se conclui com a recitação da Oração do Senhor. Cada um pode rezá-la em sua própria língua ou em aramaico, que é a língua usada por alguns cristãos hoje na Cidade Santa (ver apêndice).
V. Envio
A assembléia invoca a bênção de Deus sobre seus membros, que são enviados como embaixadores da Boa Nova da reconciliação. Um hino pode concluir o culto.

ROTEIRO
DA CELEBRAÇÃO ECUMÊNICA
P: presidente da celebração
A: assembléia
L: leitor
I. Entrada
Hino de abertura
Invocação de abertura:
P: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
A: Amém.
Falas de abertura
P: De todos os cristãos de Jerusalém aos fiéis de ............... (local da celebração) que estão em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: a vós, a graça e a paz. (1 Ts 1,1)
A: Damos graças a Deus.
Saudações
P: Compassivo e amoroso Deus, que nos criaste à tua semelhança
A: Por isso te louvamos e te agradecemos.
P: Nós nos reunimos em teu nome, para te pedir a restauração da unidade de todos aqueles que confessam teu Filho Jesus Cristo como Senhor e Salvador de todos.
A: Ó Deus, ouve-nos e tem compaixão de todos nós.
P: Ajuda-nos em nossa fraqueza e fortalece-nos com teu Santo Espírito.
A: Envia teu Espírito para que sejamos um.
P: Oremos ao Senhor.
A: Kyrie, kyrie eleison.
P: Generoso Deus, prometeste através dos profetas que Jerusalém será o lar de muitos povos, a mãe de muitas nações. Ouve nossas preces para que Jerusalém, a cidade de tua visitação, possa ser para nós todos um lugar onde habitaremos contigo e nos encontraremos, uns com os outros, em paz. Oramos ao Senhor.
A: Kyrie, kyrie eleison.
P: Misericordioso Deus, que o teu Espírito, doador de vida, mova cada coração humano, que as barreiras que nos dividem desabem, que as suspeitas desapareçam, que os ódios se acabem e que, com as divisões curadas, teu povo possa viver em justiça e paz. Oramos ao Senhor.
A: Kyrie, kyrie eleison.
P: Amoroso Deus, escuta nossas preces por tua cidade santa, Jerusalém. Põe fim ao seu sofrimento e devolve-lhe a saúde. Transforma-a de novo em tua casa, uma cidade de paz, uma luz para todos os povos. Promove a harmonia na cidade santa, entre todos os seus habitantes. Oramos ao Senhor.
A: Kyrie, kyrie eleison.
P: Abre agora nossos ouvidos e corações para ouvir a tua Palavra proclamada e ajuda-nos a vivê-la com mais fidelidade em tudo que fazemos e dizemos, para a glória do teu nome e a expansão do teu Reino, Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo.
A: Amém.
II. Liturgia da Palavra
P: É sabedoria! Ouçamos com atenção!
Antigo Testamento:
Gênesis 33, 1-4 ou Isaías 58,6-10
Salmo 96, 1-13
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
(ou outro hino baseado no salmo 96)
L: Cantai ao Senhor um canto novo,
Cantai ao Senhor, terra inteira;
Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome.
Proclamai sua salvação dia por dia;
Anunciai sua glória entre as nações,
Suas maravilhas entre todos os povos.
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
L: Pois o Senhor é grande e cumulado de louvores,
Ele é terrível e superior a todos os deuses:
Todas as divindades dos povos são vaidades.
O Senhor fez os céus.
Esplendor e brilho estão diante de sua face,
Força e majestade no seu santuário.
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
L: Dai ao Senhor, famílias dos povos,
Dai ao Senhor glória e força;
Dai ao Senhor a glória do seu nome.
Trazei vossa oferenda, entrai nos seus átrios;
Prostrai-vos diante do Senhor, quando brilha sua santidade;
Tremei diante dele, terra inteira.
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
L: Dizei entre as nações: o Senhor é rei.
Sim, o mundo permanece firme, inabalável.
Ele julga os povos com retidão.
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
L: Que os céus rejubilem, que a terra exulte,
E que ribombem o mar e suas riquezas!
Que o campo inteiro esteja em festa!
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
L: Que todas as árvores das florestas bradem de alegria,
Diante do Senhor, pois ele vem,
Pois ele vem para governar a terra.
A: Cantai ao Senhor um cântico novo, bendizei o seu nome.
Segunda leitura: Atos 2, 42-47
Canto: Aleluia
Mt 5,24: Deixa tua oferta ali, diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão;
depois, vem apresentar tua oferenda.
Canto: Aleluia, aleluia!
Evangelho: Mateus 5, 21-26
Homilia
Hino
III. Preces de penitência
P: Com as Igrejas em Jerusalém, oramos ao Senhor.
Lembrando que os fiéis eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão
fraterna, confessamos nossas falhas na fidelidade e na comunhão fraterna. Oramos ao
Senhor.
A: Senhor, tem piedade de nós.
P: Com as Igrejas em Jerusalém, oramos ao Senhor.
Lembrando que o temor se apoderava deles e que muitos prodígios e sinais se
realizavam pelos apóstolos, confessamos uma falta de visão que nos impede de perceber
a glória da tua ação no meio de nós. Oramos ao Senhor.
A: Senhor, tem piedade de nós.
P: Com as Igrejas em Jerusalém, oramos ao Senhor. Lembrando que todos os que abraçavam a fé punham os bens em comum e ajudavam os necessitados, confessamos que nos apegamos a nossas posses, com prejuízo para os pobres. Oramos ao Senhor.
A: Senhor, tem piedade de nós.
P: Com as Igrejas em Jerusalém, oramos ao Senhor.
Lembrando que os fiéis passavam muito tempo em oração e na fração do pão em suas casas, com coração alegre e generoso, confessamos nossas falhas no amor e na generosidade. Oramos ao Senhor.
A: Senhor, tem piedade de nós.
Confiança no perdão de Deus
P: Isto é o que foi dito pelo profeta Joel: “nos últimos dias , diz o Senhor, derramarei meu Espírito sobre toda a carne... Então todo o que invocar o nome do Senhor será salvo.”
Enquanto esperamos a vinda do Senhor, temos também a segurança de saber que em Cristo somos perdoados, renovados e curados.
A paz
P: Cristo é nossa paz. Ele nos reconciliou com Deus num só corpo na cruz; nos reunimos
em seu nome e partilhamos sua paz.
Que a paz do Senhor esteja sempre convosco.
A: E contigo também.
O Credo (Apostólico, Niceno, ou outra forma adequada)
Hino
IV. Preces pela unidade cristã
P: Em Cristo o mundo é reconciliado com Deus, que nos confia a mensagem da ressurreição. Como embaixadores da ação reconciliadora de Cristo, fazemos nossos pedidos a Deus.
P: Quando oramos juntos a partir de nossas diversas tradições,
A: Santo Senhor, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
P: Quando lemos a Bíblia juntos na diversidade de nossas linguagens e contextos,
A: Senhor Revelador, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
P: Quando estabelecemos relações de amizade entre judeus, cristãos e muçulmanos, quando derrubamos o muro de indiferença e ódio,
A: Senhor Misericordioso, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
P: Quando trabalhamos pela justiça e pela solidariedade, quando passamos do medo à confiança,
A: Senhor capaz de nos fortalecer, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
P: Sempre que houver sofrimento por causa da guerra e da violência, da injustiça e da desigualdade, da doença e do preconceito, da pobreza e do desespero, aproximando-nos da cruz de Cristo e uns dos outros,
A: Senhor que foste ferido, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
P: Com os cristãos da Terra Santa, nós também somos testemunhas do nascimento de Jesus Cristo em Belém, de seu ministério na Galiléia, de sua morte e ressurreição, e da descida do Espírito Santo em Jerusalém. Quando ansiamos por paz e justiça para todos, na segura e garantida esperança da vinda do teu Reino,
A: Senhor Triuno, que nos fazes um, torna visível a nossa unidade e vem trazer cura para o mundo.
Oração do Senhor (cada um na sua língua)
V. Envio
A assembléia invoca a bênção de Deus sobre seus membros, que são enviados como embaixadores da Boa Nova da reconciliação. Um hino pode marcar a conclusão do culto.
P: Que o Pai, que é fiel a suas promessas e infalível em seu auxílio, nos sustente quando nos empenhamos na promoção da justiça e na busca do fim da divisão.
A: Amém.
P: Que o Filho, que santificou a Terra Santa com seu nascimento, seu ministério, sua morte
e ressurreição, nos traga redenção, reconciliação e paz.
A: Amém.
P: Que o Espírito, que reuniu em unidade os primeiros fiéis em Jerusalém, nos una na fidelidade ao ensino, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações e nos inspire na pregação e na vivência do Evangelho.
A: Amém.
P: Que o Deus único, Pai, Filho e Espírito Santo, nos dê sua bênção e nela nos conserve
quando vamos proclamar sua Boa Nova ao mundo.
A: Damos graças a Deus.
Bênção
P: Que a bênção do Deus da paz e da justiça esteja convosco.
Que a bênção do Filho, que derrama lágrimas pelo sofrimento do mundo, esteja convosco.
E que as bênçãos do Espírito, que nos inspira para a reconciliação e a esperança, estejam conosco, daqui até a eternidade.
Amém.
Hino




REFLEXÕES BÍBLICAS E ORAÇÕES
PARA OS OITO DIAS

Dia 1 A Igreja em Jerusalém
Joel 2, 21-22.28-29 Derramarei meu Espírito sobre toda a carne.
Salmo 46 Deus está no meio da cidade
Atos 2, 1-12 Quando chegou a dia de Pentecostes
João 14, 15-21 É ele o Espírito da verdade

Comentário
A caminhada desta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos começa em Jerusalém no dia de Pentecostes, no início da própria caminhada da Igreja.
O tema desta Semana diz: “eles eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”. “Eles” são a primitiva Igreja de Jerusalém, nascida no dia de Pentecostes quando o Defensor (Paráclito), o Espírito de verdade, desceu sobre os primeiros fiéis, como tinha sido prometido por Deus através do profeta Joel, e pelo Senhor Jesus na noite anterior ao seu sofrimento e sua morte. Todos os que vivem em continuidade com o dia de Pentecostes vivem em continuidade com a primitiva Igreja de Jerusalém, com seu líder São Tiago. Essa Igreja é a Igreja mãe de todos nós. Ela nos proporciona a imagem ou ícone da unidade cristã pela qual oramos nesta Semana.
De acordo com uma antiga tradição oriental, a sucessão na Igreja vem através da continuidade em relação à primeira comunidade de Jerusalém. A Igreja de Jerusalém nos tempos apostólicos é ligada à Igreja celeste de Jerusalém, que por sua vez se torna o ícone de todas as Igrejas cristãs. O sinal de continuidade com a Igreja de Jerusalém para todas as Igrejas é a manutenção das “marcas” da primeira comunidade cristã através do nosso empenho em estar “assíduos aos ensinamentos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”.
A atual Igreja de Jerusalém vive em continuidade com a Igreja apostólica de Jerusalém, particularmente por seu penoso testemunho da verdade. Seu testemunho do Evangelho e sua luta contra a desigualdade e a injustiça nos lembram que a oração pela unidade dos cristãos é inseparável da oração pela paz e pela justiça.
Oração
Todo poderoso e Misericordioso Deus, com grande poder reuniste os primeiros cristãos na cidade de Jerusalém, pelo dom do Espírito Santo, desafiando o poder terreno do Império Romano. Concede-nos que, como essa primeira Igreja de Jerusalém, possamos nos unir corajosamente na pregação e na vivência das boas novas da reconciliação e da paz, onde houver desigualdade e injustiça. Oramos em nome de Jesus, que nos liberta da servidão do pecado e da morte. Amém.

Dia 2 Muitos membros de um só corpo
Isaías 55, 1-4 Vinde para as águas
Salmo 85, 8-13 Sua salvação está bem próxima
1 Coríntios 12, 12-27 Fomos batizados em um só Espírito para formarmos um só corpo
João 15, 1-13 Eu sou a verdadeira videira

Comentário
A Igreja de Jerusalém nos Atos dos Apóstolos é o modelo da unidade que buscamos hoje. Como tal, ela nos lembra que a oração pela unidade dos cristãos não pode ser um pedido de uniformidade, porque a unidade desde o começo foi caracterizada por uma rica diversidade. A Igreja de Jerusalém é o modelo ou ícone da unidade na diversidade.
A narrativa de Pentecostes no Livro dos Atos nos conta que estavam representadas em Jerusalém naquele dia todas as línguas e culturas do antigo mundo mediterrâneo e, além disso, que as pessoas que ouviram o evangelho em suas diversas línguas foram unidas umas às outras, pela pregação de Pedro, no arrependimento, nas águas do Batismo e através do derramamento do Espírito Santo. Ou, como escreveria São Paulo mais tarde, “todos nós fomos batizados em um só Espírito, para formarmos um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou homens livres, e todos nós bebemos de um único Espírito.” Não se trata de uma comunidade uniforme de pessoas com pensamento semelhante, de pessoas unidas pela língua e pela cultura que se tornaram um no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Mas era uma comunidade ricamente diversificada, cujas diferenças poderiam facilmente explodir em controvérsias, como foi o caso entre os helenistas e os cristãos hebreus sobre o descaso em relação às viúvas gregas, que São Lucas relata em At 5,1.
Ainda assim, a Igreja de Jerusalém em unidade consigo mesma e era uma com o Senhor Ressuscitado que diz “Eu sou a vinha, vocês são os sarmentos: aquele que permanece em mim e no qual eu permaneço, esse produzirá frutos em abundância”.
Rica diversidade caracteriza hoje as Igrejas em Jerusalém, bem como no mundo inteiro. Isso pode facilmente descambar para a controvérsia em Jerusalém, que tem agora um acentuado clima de hostilidade política. Mas, como na primeira Igreja de Jerusalém, os cristãos em Jerusalém hoje nos recordam que há muitos membros num corpo, uma unidade na diversidade. Antigas tradições nos ensinam que a diversidade e a unidade existem na Jerusalém celeste. Elas nos relembram que diferença e diversidade não são o mesmo que divisão e desunião, e que a unidade cristã pela qual oramos sempre preserva a autêntica diversidade.
Oração
Deus, de quem flui toda a vida em sua diversidade, chamas tua Igreja, como corpo de Cristo, a estar unida no amor. Possamos nós aprender mais profundamente nossa unidade na diversidade, e buscar trabalhar juntos na pregação e na construção do teu Reino de amor abundante para todos, enquanto nos acompanhamos uns aos outros em cada lugar, em todos os lugares. Que tenhamos sempre em mente Cristo, como fonte de nossa vida em comum. Oramos na unidade do Espírito. Amém.

Dia 3 A fidelidade aos ensinamentos dos apóstolos nos une
Isaías 51, 4-8 Dai-me atenção, meu povo
Salmo 119, 105-112 Tua Palavra é lâmpada para os meus passos
Romanos 1, 15-17 Desejo vos anunciar o Evangelho
João 17, 6-19 Eu manifestei o teu nome

Comentário
A Igreja de Jerusalém nos Atos dos Apóstolos estava unida por sua fidelidade aos ensinamentos dos apóstolos, apesar da grande diversidade de língua e cultura entre seus membros. O ensinamento dos apóstolos era seu testemunho da vida, do ensino, do ministério, da morte e ressurreição do Senhor Jesus. Seu ensinamento é o que São Paulo chama simplesmente de “o evangelho”. O ensinamento dos apóstolos é o que São Pedro exemplifica em sua pregação em Jerusalém no dia de Pentecostes. Usando palavras do profeta Joel, ele conecta a Igreja com a história bíblica do povo de Deus, levando-nos para dentro da narrativa que começa com a própria criação.
Apesar das divisões, a Palavra de Deus nos congrega e nos une. O ensinamento dos apóstolos, a boa nova em sua plenitude, estava no centro da unidade na diversidade da primeira Igreja de Jerusalém. Os cristãos em Jerusalém nos relembram hoje que não foi simplesmente o “ensinamento dos apóstolos” que uniu a primitiva Igreja, mas a fidelidade àquele ensinamento. Tal fidelidade transparece quando São Paulo identifica o evangelho como “o poder de Deus para a salvação”.
O profeta Isaías nos recorda que o ensinamento de Deus é inseparável da sua justiça, que é “luz dos povos”, ou, como diz o salmista, “tua palavra é lâmpada para os meus passos, luz para o meu caminho... Tuas exigências são para sempre minha herança; são a alegria do meu coração”.
Oração
Deus da luz, nós te damos graças pela revelação da tua verdade em Jesus Cristo, tua palavra viva, que recebemos através do ensinamento dos apóstolos, ouvidos primeiramente em Jerusalém. Que o teu Espírito Santo continue a nos santificar na verdade do teu Filho, para que unidos nele possamos crescer na devoção à palavra, e juntos servir teu Reino em humildade e amor. Em nome de Cristo oramos. Amém.

Dia 4 Partilha, uma expressão de nossa unidade
Isaías 58, 6-10 Não é partilhar o teu pão com o faminto?
Salmo 37, 1-11 Confia no Senhor e faze o bem
Atos 4, 32-37 Punham tudo em comum
Mateus 6, 25-34 Procurai primeiro o Reino de Deus

Comentário
O sinal de continuidade em relação à Igreja apostólica de Jerusalém é a fidelidade “ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações”. A Igreja de Jerusalém de hoje, porém, nos relembra a conseqüência prática de tal fidelidade – a partilha. Os Atos dos Apóstolos dizem simplesmente: “ Todos os que abraçavam a fé estavam unidos e tudo partilhavam. Vendiam as suas propriedades e os seus bens para repartir o dinheiro apurado entre todos, segundo as necessidades de cada um” (Atos 2, 44-45). A leitura que fazemos hoje do Livro de Atos conecta essa partilha radical com o poderoso testemunho apostólico da ressurreição do Senhor Jesus e da grande graça que veio sobre eles. Os perseguidores romanos que vieram depois observaram com certa pertinência: “vejam como eles se amam”.
Tal partilha de recursos caracteriza a vida do povo cristão em Jerusalém hoje. É um sinal de sua continuidade em relação aos primeiros cristãos; é um sinal e um desafio para todas as Igrejas. Isso liga a proclamação do Evangelho, a celebração da Eucaristia e a comunhão fraterna da comunidade cristã com uma radical igualdade e justiça para todos. Na medida em que tal partilha é um testemunho da ressurreição do Senhor Jesus e um sinal de continuidade com a Igreja de Jerusalém, é igualmente um sinal da unidade que temos uns com os outros.
Há muitas maneiras de partilhar. Há a partilha radical da Igreja apostólica, onde ninguém passava necessidade. Há a partilha mútua de cargas, lutas, dores e sofrimentos. Há a partilha nas alegrias e conquistas, nas bênçãos e curas do outro. Há também a partilha de dons e compreensões entre uma tradição eclesial e outra, mesmo no meio de nossa separação, uma partilha ecumênica de dons. Tal generosa partilha é uma conseqüência prática de nossa fidelidade ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna; é uma conseqüência de nossa oração pela unidade cristã.
Oração
Deus de justiça, teus dons são gratuitos. Nós te agradecemos porque nos tens dado o que precisamos para que todos possamos estar alimentados, vestidos, abrigados. Guarda-nos do pecado egoísta da acumulação de bens e inspira-nos para que sejamos instrumentos de amor, partilhando tudo que nos deste, em um testemunho da tua generosidade e justiça. Como seguidores de Cristo, leva-nos a agir juntos onde houver necessitados: onde famílias são privadas de suas casas, quando os mais vulneráveis sofrem nas mãos dos poderosos, onde a pobreza e o desemprego destroem vidas. Oramos em nome de Jesus, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Dia 5 Partindo o pão na esperança
Êxodo 16, 13b- 21a É o pão que o Senhor vos dá para comer
Salmo 116, 12-14.16-18 Eu te oferecerei um sacrifício de louvor
1 Coríntios 11, 17-18.23-26 Fazei isto em memória de mim
João 6, 53-58 Este é o pão que desceu do céu

Comentário
Da primeira Igreja de Jerusalém até agora, a “fração do pão” tem sido um ato central para os cristãos. Para os cristãos de Jerusalém hoje, a partilha do pão é sinal tradicional de amizade, perdão e compromisso com o outro. Somos desafiados, nessa fração do pão, a buscar uma unidade que possa falar profeticamente a um mundo marcado por divisões. Esse é o mundo pelo qual, de diferentes maneiras, fomos moldados. Na fração do pão os cristãos são formados de novo pela mensagem profética de esperança para toda a humanidade.
Hoje nós também partimos o pão com coração alegre e generoso; mas também experimentamos, a cada celebração da Eucaristia, uma dolorosa lembrança de nossa desunião. Neste quinto dia da Semana de Oração, os cristãos de Jerusalém reúnem-se na sala superior, o lugar da Última Ceia. Aqui partem o pão em esperança. Aprendemos essa esperança nas maneiras como Deus chega a nós nas agruras dos nossos desgostos. O Êxodo conta como Deus responde aos murmúrios do povo que ele havia libertado, fornecendo-lhes o que precisavam – não mais e não menos. O maná no deserto é um presente de Deus, não para ser acumulado, nem mesmo completamente compreendido. É, como nosso salmo celebra, um momento que pede simplesmente ação de graças – porque Deus “abriu os grilhões”.
O que São Paulo reconhece é que partir o pão não significa apenas celebrar a Eucaristia, mas ser um povo eucarístico – tornar-se corpo de Cristo no mundo. Essa breve leitura permanece, em seu contexto (1 Cor 10-11), como um lembrete de como a comunidade cristã deve viver: na comunhão em Cristo, produzindo conduta correta num difícil contexto mundano, guiada pela realidade de nossa vida nele. Vivemos “em memória dele”.
Sendo povo da fração do pão, somos povo da vida eterna – vida em plenitude – como nos ensina a leitura de São João. Nossa celebração da Eucaristia nos desafia a refletir sobre como tão abundante dom de vida se expressa no dia a dia, enquanto vivemos na esperança, bem como nas dificuldades. Apesar dos desafios diários dos cristãos de Jerusalém, eles testemunham como é possível se alegrar na esperança.
Oração
Deus da esperança, nós te louvamos pelo dom que nos deste na Ceia do Senhor, onde, no Espírito, continuamos a encontrar teu Filho Jesus Cristo, o pão vivo do céu. Perdoa por não sermos dignos desse grande dom – por nossa vida em divisões, por nosso conluio com as desigualdades, nossa complacência na separação. Senhor, oramos para que apresses o dia em que a tua Igreja possa partilhar em conjunto a fração do pão, e para que, enquanto esperamos esse dia, possamos aprender mais profundamente a ser um povo formado pela Eucaristia para o serviço em benefício do mundo. Oramos em nome de Jesus. Amém.

Dia 6 Fortalecidos para a ação na oração
Jonas 2, 1-9 Ao Senhor é que pertence a salvação
Salmo 67, 1-7 Que os povos te rendam graças, ó Deus!
1 Timóteo 2, 1-8 Façam-se preces por todos os homens, pelos reis e todos os
que detêm autoridade
Mateus 6, 5-15 Que venha o teu Reino, que se realize a tua vontade

Comentário
Seguindo-se à devoção aos ensinamentos dos apóstolos e à comunhão fraterna e a fração do pão, a quarto marco da Igreja dos primórdios em Jerusalém é a vida de oração. Ela é percebida hoje como fonte necessária do poder e da força de que os cristãos necessitam em Jerusalém como em outros lugares. O testemunho dos cristãos hoje em Jerusalém nos convida a um reconhecimento mais profundo das maneiras pelas quais enfrentamos situações de injustiça e desigualdade em nossos contextos. Em tudo isso, é a oração que dá força aos cristãos para a missão em conjunto.
Para Jonas, a intensidade de sua oração é seguida da dramática libertação da barriga do peixe. Sua prece é cheia de sentimento, brota do seu próprio senso de arrependimento por ter tentado escapar da vontade de Deus. Ele tinha rejeitado o chamado de Deus à profecia, e acabou num lugar sem esperança. E aqui Deus responde a sua prece com uma libertação para a missão. O salmo nos convida a orar para que a face de Deus brilhe sobre nós – não apenas para nosso benefício mas para que sua lei se espalhe entre todas as nações.
A Igreja apostólica nos recorda que a oração é uma parte da força e do poder da missão e da profecia para o mundo. Aqui a carta de Paulo a Timóteo nos ensina a orar especialmente por aqueles que têm poder no mundo, para que possamos viver juntos em paz e com dignidade. Oramos pela unidade de nossas sociedades e países e pela unidade de toda a humanidade em Deus. Nossa oração pela unidade em Cristo se estende ao mundo inteiro.
Essa vida dinâmica de oração está enraizada no ensinamento do Senhor a seus discípulos. Em nossa leitura do evangelho de Mateus, ouvimos falar da oração como um poder secreto, que não vem de exibição ou bom desempenho, mas de humilde apresentação diante do Senhor. O ensinamento de Jesus é resumido na Oração do Senhor. Fazendo juntos essa oração nos tornamos um povo unido que busca a vontade do Pai e a construção do seu Reino na terra; ela nos chama a uma vida de perdão e reconciliação.
Oração
Senhor Deus, nosso Pai, nos alegramos porque em todos os tempos, lugares e culturas, há pessoas que te buscam em oração. Acima de tudo, te agradecemos pelo exemplo e
ensinamento de teu Filho, Jesus Cristo, que nos ensinou a aguardar em oração a chegada
do teu Reino. Ensina-nos a orar melhor juntos como cristãos, para que possamos sempre
estar conscientes da tua orientação e encorajamento ao longo de nossas alegrias e tristezas,
pelo poder de teu Santo Espírito. Amém.

Dia 7 Vivendo a fé da ressurreição
Isaías 60,1-3.18-22 Chamarás as tuas muralhas de Salvação e as tuas portas de Louvor
Salmo 118, 1.5-17 Não, não morrerei, viverei
Romanos 6, 3-11 Pelo batismo nós fomos sepultados com ele em sua morte...a fim de que também nós levemos uma vida nova
Mateus 28, 1-10 Então Jesus lhes disse: não temais

Comentário
A fidelidade dos primeiros cristãos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações tornou-se possível, sobretudo, pelo vivo poder de Jesus Ressuscitado. Esse poder ainda está vivo, e hoje os cristãos de Jerusalém dão testemunho disso. Sejam quais forem as dificuldades da atual situação em que se encontram – não importa quanto ela se pareça com o Getsemane ou Gólgota – eles sabem, pela fé, que tudo isso é transformado pela verdade da ressurreição de Jesus dos mortos.
A luz e a esperança da ressurreição mudam tudo. Como profetiza Isaías, é a transformação da escuridão em luz; é a iluminação para todos os povos. O poder da ressurreição brilha a partir de Jerusalém, o lugar da Paixão do Senhor, e conduz todas as nações ao seu brilho. Isso é uma nova vida, na qual a violência é abandonada e a segurança é encontrada na salvação e no louvor.
No Salmo temos palavras para celebrar a experiência cristã central de passagem da morte para a vida. Esse é o sinal permanente do firme amor de Deus. Pois, como ensina São Paulo, no batismo entramos no túmulo com Cristo e ressuscitamos com ele. Morremos com Cristo e vivemos para partilhar sua vida ressuscitada. E assim podemos ver o mundo de forma diferente – com compaixão, paciência, amor e esperança – porque em Cristo as lutas presentes nunca podem ser a história toda. Mesmo como cristãos divididos, sabemos que o batismo que nos une é suportar a cruz à luz da ressurreição.
Para o Evangelho cristão essa vida de ressuscitado não é meramente um conceito ou uma idéia que pode ajudar. Está enraizada num evento vivenciado no tempo e no espaço. É esse evento que ouvimos recontado na leitura do Evangelho com grande sentimento de humanidade e drama. De Jerusalém o Senhor Ressuscitado envia saudações a seus discípulos através das eras, nos chamando a segui-lo sem medo. Ele vai à nossa frente.
Oração
Deus, protetor da viúva, do órfão e do estrangeiro – num mundo onde tantos conhecem o desespero, ressuscitaste teu Filho Jesus para dar esperança à humanidade e renovar a terra. Continua a fortalecer e unificar tua Igreja em suas lutas contra as forças da morte no mundo, onde a violência contra a criação e a humanidade obscurece a esperança da nova vida que ofereces. Assim oramos em nome do Senhor Ressuscitado, no poder do Espírito Santo. Amém.

Dia 8 Chamados ao ministério da reconciliação
Gênesis 33, 1-4 Esaú correu ao encontro de Jacó, apertou-o ao peito... eles choraram
Salmo 96, 1-13 Dizei entre as nações: o Senhor é rei
2 Coríntios 5, 17-21 Deus nos reconciliou consigo pelo Cristo e nos confiou
o ministério da reconciliação
Mateus 5, 21-26 Deixa a tua oferenda ali, diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te
com teu irmão

Comentário
Nossas orações desta semana nos levaram a uma caminhada em conjunto. Guiados pelas Escrituras, fomos chamados a retornar a nossas origens cristãs – aquela Igreja apostólica de Jerusalém. Ali temos visto fidelidade ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. No fim de nossas reflexões sobre o ideal de comunidade cristã que nos é apresentado em At 2,42, voltamos ao nosso próprio contexto – as realidades das divisões, os descontentamentos, decepções e injustiças. Neste ponto da reflexão, a Igreja de Jerusalém nos coloca a questão: para que, então, ao concluir esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, somos chamados aqui e agora?
Os cristãos em Jerusalém hoje nos sugerem uma resposta: somos chamados, acima de tudo, ao ministério da reconciliação. Tal chamado tem a ver com reconciliação em muitos níveis, no meio de uma complexidade de divisões. Oramos pela unidade dos cristãos para que a Igreja possa ser um sinal e um instrumento para a cura de divisões e injustiças políticas e estruturais; oramos pelo convívio justo e pacífico de judeus, cristãos e muçulmanos; oramos pelo crescimento da compreensão entre pessoas de todas as crenças e também dos que não têm nenhuma. Em nossa vida pessoal e familiar também o chamado à reconciliação precisa encontrar uma resposta.
Jacó e Esaú, no texto de Gênesis, são irmãos e ainda assim se estranham. Sua reconciliação acontece mesmo quando seria de se esperar a permanência do conflito. A violência e os hábitos de rancor são abandonados quando os irmãos se encontram e choram juntos.
O reconhecimento de nossa unidade como cristãos – e de fato como seres humanos – diante de Deus nos leva ao grande canto do salmo de louvor ao Senhor que governa o mundo com amorosa justiça. Em Cristo, Deus busca reconciliar consigo todos os povos. Descrevendo isso, São Paulo, em nossa segunda leitura, celebra uma vida de reconciliação como “uma nova criação”. O chamado a reconciliar é o chamado para permitir que o poder de Deus em nós faça novas todas as coisas.
Mais uma vez, sabemos que essas “boas novas” nos chamam a mudar o nosso modo de viver. Como nos desafia Jesus, no relato dado por São Mateus, não podemos continuar fazendo nossas ofertas no altar sabendo que somos responsáveis por divisões ou injustiças.
O chamado à oração pela unidade dos cristãos é um chamado à reconciliação. O chamado à reconciliação é um chamado a ações, mesmo ações que venham a interferir em nossas atividades eclesiais.
Oração
Deus da Paz, nos te damos graças porque enviaste teu Filho Jesus, para que possamos nele nos reconciliar contigo. Dá-nos a graça de sermos servos ativos de reconciliação dentro de nossas Igrejas. Assim, ajuda-nos a prestar serviço à reconciliação de todos os povos, particularmente em tua Terra Santa , o lugar onde derrubaste a muralha de separação entre os povos e uniste a todos no Corpo de Cristo, sacrificado no Monte Calvário. Enche-nos de amor mútuo. Que a nossa unidade possa prestar serviço à reconciliação que desejas para toda a criação. Oramos no poder do Espírito Santo. Amém.

MATERIAL ADICIONAL DA JERUSALÉM
Oração pelas lideranças das Igrejas em Jerusalém
(3 pessoas para orar, de acordo com as diferentes partes do texto)
Pai celestial, nos te damos graças e te louvamos pelo dom que nos deste de teu único Filho, Jesus – seu nascimento em Belém, seu ministério por toda a Terra Santa, sua morte na cruz e sua Ressurreição e Ascensão. Ele veio para redimir esta terra e o mundo. Ele veio como Príncipe da Paz.
Nós te damos graças em cada Igreja e paróquia ao redor de mundo que está hoje orando conosco pela paz. Nossa Cidade Santa e nossa terra estão muito necessitadas de paz. No teu incompreensível mistério e no teu amor por todos nós, deixa que o poder de tua Redenção e de tua Paz transcenda todas as barreiras de culturas e religiões e encha os corações de todos aqueles que te servem aqui, de ambos os povos – israelitas e palestinos – e de todas as religiões. Envia-nos líderes políticos prontos a dedicar suas vidas a uma paz justa para seus povos. Dá-lhes coragem bastante para assinar um tratado de paz que ponha um fim à ocupação imposta por um povo a outro, garantindo liberdade para palestinos, dando segurança aos israelitas e nos libertando a todos do medo. Dá-nos líderes que compreendam a santidade de nossa cidade e que venham a abri-la para todos os seus habitantes – palestinos e israelitas – e para o mundo.
Na terra que tornaste santa, liberta-nos a todos do pecado do ódio e da matança. Liberta as almas e corações dos israelitas e palestinos desse pecado. Dá libertação ao povo de Gaza, que vive sob infindáveis dificuldades e ameaças.
Confiamos em ti, Pai celestial. Cremos que és bom e cremos que nossa bondade prevalecerá sobre os males da guerra e do ódio em nossa terra. Buscamos tua bênção especialmente para as crianças e jovens, para que seu medo e sua ansiedade diante do conflito possam ser substituídos pela alegria e felicidade da paz. Oramos também pelos idosos e pessoas com deficiência, pelo seu bem estar e pela contribuição que eles podem dar ao futuro desta terra. Oramos finalmente, pelos refugiados espalhados pelo mundo por causa deste conflito. Deus, dá sabedoria e coragem aos políticos e governantes responsáveis por eles, para que encontrem soluções viáveis e justas. Tudo isso pedimos em nome de Jesus. Amém.
Senhor, faze-me instrumento de tua paz
Faze-me instrumento de tua paz.
Onde houver ódio que eu leve o teu amor,
Onde houver injúria, que eu leve o teu perdão, Senhor.
Onde houver dúvida, que eu leve a verdadeira fé em ti.
Ó Mestre, faze com que eu nunca busque
Ser consolado mais do que consolar,
Ser compreendido mais do que compreender,
Ser amado mas do que amar com toda a minha alma.
Faze-me um instrumento de tua paz.
Onde houver desespero na vida, que eu leve a esperança;
Onde houver escuridão, que eu leve só luz;
E onde houver tristeza, que eu leve sempre alegria.
Faze-me um instrumento de tua paz.
É perdoando que somos perdoados.
É dando a todos que recebemos
E é morrendo que nascemos para a vida eterna.
(oração atribuída a São Francisco)
Yarabba ssalami (Palestine)
Kyrie eleison (Mt. Athos Melody, Greece)
Alleluia (Ancient Syriac Liturgy)
Halle, Hallelujah (Syria)


VIDA ECUMÊNICA EM JERUSALÉM
De Jerusalém Jesus enviou os apóstolos para serem suas testemunhas “até as extremidades da terra” (At 1,8). Em sua missão, eles encontraram muitas e ricas línguas e civilizações e começaram a proclamar o Evangelho e a celebrar a Eucaristia nessas muitas línguas. Como conseqüência, a vida cristã e a liturgia adquiriram muitas faces e expressões que se enriquecem e se completam mutuamente. Desde os primeiros tempos, todas essas tradições e Igrejas cristãs queriam estar presentes juntas na Igreja local de Jerusalém, o berço da Igreja. Elas sentiam a necessidade de ter uma comunidade orante e servidora na terra onde a história da salvação se desenvolveu, ao redor dos lugares onde Jesus viveu, exerceu seu ministério e sofreu sua paixão, entrando assim no mistério pascal da morte e ressurreição.
Desse modo a Igreja de Jerusalém se tornou uma imagem viva da diversidade e riqueza das muitas tradições cristãs do Oriente e do Ocidente. Cada visitante ou peregrino em Jerusalém é, em primeiro lugar, convidado a descobrir essas variadas e ricas tradições.
Infelizmente, no curso da história e por várias razões, essa bela diversidade também se tornou uma fonte de divisões. Essas divisões são ainda mais dolorosas em Jerusalém, já que foi nesse mesmo lugar que Jesus orou “para que eles sejam um” (João 17,21), foi ali que ele morreu “para reunir na unidade os filhos de Deus que estão dispersos” (João 11, 52) e ali aconteceu o primeiro Pentecostes. No entanto, ao mesmo tempo, é preciso dizer que nem uma só dessas divisões teve sua origem em Jerusalém. Elas foram todas trazidas a Jerusalém por Igrejas já divididas. Como conseqüência, quase todas as Igrejas do mundo inteiro têm sua parte na responsabilidade pelas divisões na Igreja de Jerusalém e portanto são também chamadas a trabalhar pela unidade junto com as Igrejas locais.
Atualmente, há em Jerusalém treze Igrejas com um ministério episcopal: a Igreja Ortodoxa Grega, a Igreja (Católica) Latina, a Igreja Apostólica Armênia, a Igreja Síria Ordodoxa, a Igreja Ortodoxa Copta. A Igreja Ortodoxa Etíope, a Igreja Católica Grega (Melquita), a Igreja (Católica) Maronita, a Igreja Católica Síria, a Igreja Católica Armênia, a Igreja (Católica) Caldéia, a Igreja Episcopal Evangélica e a Igreja Evangélica Luterana.
Além disso, um número considerável de outras Igrejas ou comunidades estão presentes em Jerusalém e na Terra Santa: presbiterianos, reformados, batistas, evangélicos, pentecostais etc.
Ao todo, os cristãos na Palestina e Israel são cerca de 150.000 a 200 000, constituindo entre 1 a 2 % da população total. A grande maioria desses cristãos são palestinos de idioma árabe, mas em alguma Igrejas há também grupos de fiéis que falam hebraico e pretendem ser uma presença cristã e um testemunho da sociedade israelita. Além disso, há também as chamadas Assembléias Messiânicas, que podem representar cerca de 4 a 5 mil crentes, mas não costumam ser incluídas na contagem da presença cristã.
Para o desenvolvimento recente das relações ecumênicas em Jerusalém, a peregrinação do Papa Paulo VI à Terra Santa, em janeiro de 1964, continua sendo um marco. Seus encontros, em Jerusalém, com os Patriarcas Athenagoras de Constantinopla e Benedictos de Jerusalém sinalizam o começo de um novo clima nas relações inter eclesiais. A partir desse ponto, as coisas começaram a ir por um novo caminho.
O próximo passo importante se deu durante a primeira “intifada” palestina no fim dos anos 80. No meio de um clima de insegurança, violência, sofrimento e morte, as lideranças das Igrejas começaram a se encontrar para refletir juntas sobre o que poderiam e deveriam dizer e fazer em conjunto. Decidiram publicar mensagens e declarações em comum e tomar algumas iniciativas conjuntas em prol de uma paz justa e duradoura.
Desde esse tempo, a cada ano as lideranças das Igrejas em Jerusalém publicam uma mensagem comum na Páscoa e no Natal, bem como declarações e mensagens em algumas ocasiões especiais. Duas declarações merecem especial destaque. Em novembro de 1994, as lideranças das treze Igrejas assinaram um memorando comum sobre o significado de Jerusalém para os cristãos e sobre os direitos que daí resultam para as comunidades cristãs.
Daí em diante, se encontraram regularmente, quase todos os meses. Publicaram uma segunda declaração atualizada sobre o mesmo assunto em setembro de 2006.
Até agora, a abertura ecumênica do terceiro milênio na Praça da Manjedoura em Belém, em dezembro de 1999, permanece como a expressão mais significativa dessa nova peregrinação ecumênica em comum. Foi então que as lideranças e fiéis das treze Igrejas, junto com peregrinos vindos do mundo inteiro, passaram a tarde juntos, cantando, lendo a Palavra de Deus e orando em conjunto.
Em 2006, a criação do Centro Inter Eclesial de Jerusalém, em colaboração com as Igrejas locais, com o Conselho Mundial de Igrejas e o Conselho de Igrejas do Oriente Médio, é outra expressão da crescente colaboração entre as Igrejas locais e dos fortes laços entre elas e as Igrejas do mundo inteiro. É ao mesmo tempo um instrumento a serviço desse crescimento ecumênico.
O Programa de Acompanhamento Ecumênico na Palestina e Israel foi iniciado em 2002, em coordenação com as Igrejas locais e o CMI. Envolve voluntários que vêm de Igrejas do mundo inteiro com o objetivo de colaborar com israelitas e palestinos para aliviar as conseqüências do conflito, e para acompanhá-los nos lugares onde há confrontação. Essa iniciativa configura outro poderoso instrumento para o fortalecimento dos laços de solidariedade, tanto na Terra Santa como com as Igrejas de onde vêm os voluntários.
Muitos outros grupos ecumênicos informais existem em Jerusalém. Um deles, o Círculo Ecumênico de Amigos, que se encontra uma vez por mês, tem coordenado a celebração anual da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em Jerusalém por cerca de 40 anos. A cada ano, isso constitui um evento marcante na vida das Igrejas.
O diálogo inter religioso em Jerusalém, cidade considerada sagrada por judeus, cristãos e muçulmanos, tem também amplas repercussões ecumênicas, graças aos membros de diferentes Igrejas que trabalham nisso muito unidos. Juntos, nesse diálogo, eles vivenciam a experiência da necessidade de superar desentendimentos e controvérsias do passado para encontrar uma nova linguagem comum que possibilite dar testemunho de uma única mensagem evangélica numa atitude de respeito mútuo.
Para os fiéis cristãos da base, na Palestina e Israel, ecumenismo faz parte da vida diária. Sua experiência constante mostra que a solidariedade e a colaboração têm importância vital na sua presença como pequena minoria no meio da maioria de crentes de outras religiões monoteístas. Escolas, instituições e movimentos cristãos espontaneamente trabalham juntos, cruzando as fronteiras entre as Igrejas, oferecendo um serviço comum e dando testemunho em conjunto. Casamentos entre pessoas de Igrejas diferentes têm se tornado uma realidade geralmente aceita e podem ser encontrados em quase todas as famílias.
Como conseqüência, há partilha mútua de alegrias e tristezas, no meio de uma situação de conflito e instabilidade, chegando até aos irmãos e irmãs muçulmanos, com quem partilham a mesma língua, a mesma história, a mesma cultura e com os quais são chamados a construir juntos um futuro melhor. Juntos estão dispostos a colaborar com fiéis muçulmanos e judeus na preparação de caminhos para o diálogo e para uma justa e duradoura paz num conflito em que a religião tem sido muito frequentemente usada até de modo abusivo. Em vez de ser parte do conflito, a verdadeira religião é chamada a ser parte da solução.
É também significativo perceber que a Igreja em Jerusalém continua a viver num clima político que é, de muitas maneiras, semelhante à vida da primeira comunidade cristã.
Cristãos palestinos têm se tornado uma pequena minoria que enfrenta sérios desafios que ameaçam seu futuro de muitas maneiras, enquanto anseiam por liberdade, dignidade humana, justiça, paz e segurança.
No meio de tudo isso, os cristãos das Igrejas de Jerusalém se dirigem a seus irmãos e irmãs do mundo inteiro nesta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos para orar com eles e por eles, para que atinjam suas aspirações por liberdade e dignidade e pelo fim de todas as espécies de opressão humana. A Igreja ergue sua voz em oração a Deus em antecipação e esperança, por si mesma e pelo mundo para que todos possamos ser um em nossa fé, nosso testemunho e nosso amor.



SEMANA DE ORAÇÃO
PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS

Temas de 1968 a 2011
Em 1968, materiais preparados em conjunto pela Comissão Fé e Ordem do Conselho
Mundial de Igrejas e pelo Pontifício Conselho para a Unidade
dos Cristãos foram usados pela primeira vez.
1968 Para o louvor de sua glória (Efésios 1,14)
1969 Chamados à liberdade (Gálatas 5,13)
(Encontro preparatório em Roma, Itália)
1970 Somos colaboradores de Deus ( 1 Coríntios 3,9)
(Encontro preparatório no mosteiro de Niederaltaich, na República Federal Alemã)
1971 ... e a comunhão do Espírito Santo (2 Coríntios 13.13)
1972 Eu vos dou um novo mandamento (João 13,34)
(Encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1973 Senhor, ensina-nos a orar (Lucas 11,1)
(Encontro preparatório no mosteiro de Montserrat, Espanha)
1974 Que toda língua confesse: Jesus Cristo é o Senhor (Filipenses 2, 1-13)
(Encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1975 Plano de Deus: todas as coisas em Cristo (Efésios 1,3-10)
(Material de um grupo australiano. Encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1976 Seremos como Ele (João 3,2) ou Chamados a ser o que somos
(Material da Conferência Caribenha de Igrejas; encontro preparatório em Roma, Itália)
1977 A esperança não nos decepciona (Romanos 5,15)
(Material do Líbano, no meio de uma guerra civil; encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1978 Não sois mais estrangeiros (Efésios 2,13-22)
(Material de uma equipe ecumênica em Manchester, Inglaterra)
1979 Servi uns aos outros para a glória de Deus (1 Pedro 4,7-11)
(Material da Argentina; encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1980 Que venha o teu Reino! (Mateus 6,10)
(Material de um grupo ecumênico em Berlim, República Democrática Alemã; encontro preparatório em Milão)
1981 Um Espírito – muitos dons – um só corpo (1 Coríntios 12,3b-13)
(Material dos Graymoor Fathers, USA; encontro preparatório em Genebra, Suíça)
1982 Que todos estejam na tua casa, Senhor (Salmo 84)
(Material do Quênia; encontro preparatório em Milão, Itália)
1983 Jesus Cristo – a Vida do mundo (1 João 1,1-4)
(Material de um grupo ecumênico na Irlanda; encontro preparatório em Céligny, Suíça)
1984 Chamados a ser um pela cruz de nosso Senhor (2 Coríntios 2,2 e Colossenses 1,20)
(Encontro preparatório em Veneza, Itália)
1985 Da morte à vida com Cristo (Efésios 2,4-7)
(Material da Jamaica; encontro preparatório em Grandchamp, Suíça)
1986 Vós sereis minhas testemunhas (Atos 1,6-8)
(Material da Iugoslávia- Eslovênia ; encontro preparatório na Iugoslávia)
1987 Unidos em Cristo – uma nova criação (2 Coríntios 5,17 a 6,4a)
(Material da Inglaterra; encontro preparatório em Taizé, França)
1988 O amor de Deus afasta o medo (1 João 4,18)
(Material da Itália; encontro preparatório em Pinerolo, Itália)
1989 Construindo a comunidade: um só corpo em Cristo (Romanos 12,5-6a)
(Material do Canadá; encontro preparatório em Whaley Bridge, Inglaterra)
1990 Que todos sejam um... para que o mundo creia (João 17)
(Material da Espanha; encontro preparatório em Madri, Espanha)
1991 Louvai ao Senhor, todas as nações (Salmo 117 e Romanos 15,5-13
(Material da Alemanha; encontro preparatório em Rotenberg an der Fulda, República Federal da Alemanha)
1992 Estou convosco sempre... Ide, portanto. (Mateus 28,16-20)
(Material da Bélgica; encontro preparatório em Bruges, Bélgica)
1993 Dando frutos no Espírito para a unidade cristã (Gálatas 5,22-23)
(Material do Zaire; encontro preparatório em Zurich, Suíça)
1994 A casa de Deus: chamados a ser um no coração e na mente (At 4,23-37)
(Material da Irlanda; encontro preparatório em Dublin, República da Irlanda)
1995 Koinonia: comunhão em Deus e uns com os outros (João 15,1-17)
(Material de Fé e Ordem; encontro preparatório em Bristol, Inglaterra)
1996 Eis que estou à porta e bato (Apocalipse 3, 14-22)
(Material de Portugal; encontro preparatório em Lisboa, Portugal)
1997 Em nome de Cristo, reconciliai-vos com Deus (2 Coríntios 5,20)
(Material do Conselho Ecumênico Nórdico; encontro preparatório em Estocolmo, Suécia)
1998 O Espírito socorre a nossa fraqueza (Romanos 8,14-27)
(Material da França; encontro preparatório em Paris, França)
1999 Deus habitará com eles. Será seu Deus e eles serão seu povo (Apocalipse 21,1-7)
(Material da Malásia; encontro preparatório no mosteiro de Bose, Itália)
2000 Louvado seja Deus, que nos abençoou em Cristo (Efésios 1,3-14)
(Material do Conselho de Igrejas do Oriente Médio; encontro preparatório em La Verna, Itália)
2001 Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14,1-6)
(Material da România; encontro preparatório em Vulcan, România)
2002 Em ti está a fonte da vida (Salmo 36,5-9)
(Material do CEEC e CEC; encontro preparatório perto de Augsburg, Alemanha)
2003 Trazemos este tesouro em vasos de argila (2 Coríntios 4,4-18)
(Material das Igrejas da Argentina; encontro preparatório em Los Rubios, Espanha)
2004 Eu vos dou a minha paz (João 14,23-31 e João 14,27)
(Material de Aleppo, Síria; encontro preparatório em Palermo, Sicília)
2005 Cristo, o único fundamento da Igreja (1 Coríntios 3,1-23)
(Material da Eslováquia; encontro preparatório em Piestany, Eslováquia)
2006 Quando dois ou três se reúnem em meu nome, eu estou no meio deles (Mateus 18,18-20)
(Material da Irlanda; encontro preparatório em Prosperous, Co. Kildare, Irlanda)
2007 Ele faz os mudos falarem e os surdos ouvirem (Marcos 7,31-37)
(Material da África do Sul; encontro preparatório em Faverges, França)
2008 Orai sem cessar (1 Tessalonicenses 5, 12a. 13b- 18)
(Material dos EUA; encontro preparatório em Graymoor, Garrison, EUA)
2009 Unidos em tua mão (Ezequiel 37, 15-28)
(Material da Coréia; encontro preparatório em Marselha, França)
2010 Vós sois testemunhas disso (Lucas 24,48)
(Material da Escócia; encontro preparatório em Glasgow, Escócia)
2011 Unidos no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. (Cf Atos 2,42)
(Material de Jerusalém; encontro preparatório em Saydnaya, Síria)


DATAS MARCANTES NA HISTÓRIA
DA SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS

1740 Na Escócia surgiu um movimento pentecostal, ligado à América do Norte, cuja mensagem de reavivamento incluía preces por e com todas as Igrejas.
1820 O Rev. James Haldane Stewart publica “Orientações para a união geral dos cristãos para o derramamento do Espírito”.
1840 O Rev. Ignatus Spencer, convertido ao catolicismo romano, sugere uma “União de oração pela unidade”.
1867 A Primeira Conferência de Bispos Anglicanos em Lambeth destaca a oração pela unidade no Preâmbulo de suas Resoluções.
1894 O papa Leão XIII estimula a prática de Oitava de Oração pela Unidade, no contexto de Pentecostes.
1908 Primeira vivência da Oitava da Unidade Cristã, iniciativa do Rev. Paul Wattson.
1926 O movimento Fé e Ordem começa a publicar “Sugestões para uma oitava de oração pela unidade cristã.”
1935 O abade Paul Couturier defende uma “Semana Universal de Orações pela Unidade dos Cristãos”, baseada em preces inclusivas pela “unidade que Cristo quiser, pelos meios que ele quiser”.
1958 A Unidade Cristã (Lyons, França) e a Comissão Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas começam a preparar em cooperação os materiais para a Semana de Oração.
1964 Em Jerusalém, o papa Paulo VI e o patriarca Athenagoras I rezam juntos a prece de Jesus para “que todos sejam um” (João 17)
1964 O decreto sobre Ecumenismo do Vaticano II enfatiza que a oração é a alma do movimento ecumênico e incentiva a observância da Semana de Oração.
1966 A Comissão Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas e o Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos (hoje conhecido como Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos) começam a preparar oficialmente juntos o material da Semana de Oração.
1968 Primeiro uso oficial do material da Semana de Oração preparado em conjunto por Fé e Ordem e pelo Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos (hoje conhecido como Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos).
1975 Primeiro uso de material da Semana de Oração baseado em uma versão inicial de texto preparada por um grupo ecumênico local. Um grupo australiano foi o primeiro a assumir esse projeto, na preparação do texto inicial de 1975.
1988 Os materiais da Semana de Oração foram usados na celebração de fundação da Federação Cristã da Malásia, que une os grupos cristãos majoritários do país.
1994 Um grupo internacional prepara o texto para 1996, incluindo representantes de YMCA e YWCA (Associação Cristã de Moços/as).
2004 Formaliza-se um acordo pelo qual os materiais da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos serão publicados e produzidos no mesmo formato por Fé e Ordem (WCC) e pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Igreja Católica).
2008 Comemoração do centésimo aniversário da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (sua predecessora, a Oitava da Unidade Cristã, foi observada pela primeira vez em 1908).