ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

“Ecumenismo de baixo para cima; o Vaticano II começa a ser colocado em prática”


“Não podemos deixar o ecumenismo apenas nas mãos dos diplomatas, dos políticos ou dos teólogos: devemos pregá-lo nas paróquias”. A reflexão é de Sviatoslav Shevchuk, 43 anos, arcebispo maior da Igreja greco-católica ucraniana. Shevchuk acaba de chegar ao Vaticano, à Casa Santa Marta. Depois irá à Praça Madonna dei Monti, onde permanecerá durante um mês, em vista da oração e da celebração para recordar o 80º aniversário da grande fome (Holodomor) que provocou a morte de milhões de pessoas na Ucrânia entre 1932 e 1933.

A entrevista é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 20-11-2013. A tradução é de André Langer.

Eis a entrevista.

Qual é o impacto do novo Pontificado em seu país?

O Papa Francisco está no centro das atenções da sociedade ucraniana: as pessoas o acompanham, e se interessam por ele não apenas os católicos, mas também os ortodoxos e os não crentes. Eu tive a oportunidade de conhecer o então cardeal Bergoglio quando, em 2009, fui nomeado bispo da eparquia de Santa Maria do Patrocínio, em Buenos Aires. Ele era o meu superior imediato, porque a eparquia estava subordinada à diocese da capital argentina. Quando deixei o país, depois de ter sido eleito patriarca, presenteei-o com um ícone. Há alguns meses, em Santa Marta, ele me reconheceu e me convidou para ir ao seu quarto para me mostrar que havia trazido consigo aquele ícone ao Vaticano. O que surpreende é sua simplicidade e sua capacidade de se aproximar das pessoas. Na Ucrânia impressionou muito sua sobriedade e sua pobreza. Muitas vezes os bispos do nosso país são acusados de serem muito dependentes da riqueza, como se fossem oligarcas, como se projetassem uma Igreja para ricos. Francisco oferece o testemunho de uma Igreja próxima das pessoas, dos pobres, e anuncia o Evangelho do Senhor.

Como estão atualmente as relações entre católicos e ortodoxos na Ucrânia?

A nossa realidade é muito complexa, o nosso cristianismo está muito fragmentado: somente nós, os católicos, estamos presentes com três realidades “sui iuris”. A conferência episcopal dos latinos, a eparquia de Mukaceve (que depende diretamente da Santa Sé) e a Igreja greco-católica. Procuramos oferecer o testemunho da unidade, sobretudo entre nós. Como se sabe, também a Igreja ortodoxa está fragmentada; além da “canônica”, em comunhão com o Patriarcado de Moscou, há outras duas Igrejas ortodoxas. Fazemos o possível para colaborar. Existe um Conselho das Igrejas e também comunidades religiosas ucranianas nas quais, ao lado dos judeus e dos muçulmanos, os cristãos das diferentes confissões podem tomar atitudes em comum. Claro, na Ucrânia as Igrejas ortodoxas muitas vezes não entendem porque nós, os greco-católicos, existimos; consideram-nos um projeto político do passado. Mas também há sinais positivos, há um povo que está cansado das divisões e pede unidade, está aumentando o ecumenismo de baixo para cima.

É verdade que às vezes não se reconhece entre Igrejas cristãs nem sequer a validade do batismo?

Eu disse há algum tempo que nós, na Ucrânia, temos um pecado contra o ecumenismo, porque o deixamos exclusivamente nas mãos dos diplomatas, dos políticos ou dos teólogos. Agora devemos pregá-lo nas paróquias, para que os fiéis se acostumem a não fazer nada que possa colocar em dificuldades o outro irmão cristão. Os que devem pregá-lo são os sacerdotes e os confessores. As Igrejas cristãs na Ucrânia, na ex-União Soviética, ficaram separadas do movimento ecumênico mundial, quase “congeladas”; para nós, os católicos, a fase de recepção do Concílio Vaticano II está apenas começando. Ao mesmo tempo, os ortodoxos precisam colocar em prática na práxis pastoral decisões que já estão estabelecidas há tempo, inclusive em relação ao reconhecimento mútuo dos sacramentos. Mas, para voltar à sua pergunta, não é raro o caso de católicos que, para poder casar com um cônjuge ortodoxo, devem ser batizados novamente. Mas isto não é recíproco e nós, os católicos, não o fazemos.

Você é membro da secretaria do Sínodo dos Bispos. O Papa Francisco citou publicamente a prática ortodoxa da “economia”, que prevê a bênção das segundas uniões. O que pensa a esse respeito?

Essa prática reflete a diferença entre a teologia e o direito canônico católicos e ortodoxos. Enquanto para a teologia e o direito católico os celebrantes das núpcias são os esposos, que assumem um compromisso perante Deus, para os ortodoxos não acontece um contrato entre os esposos, mas é o sacerdote quem celebra. Além disso, com base na passagem evangélica no qual Jesus diz: “Quem repudiar sua mulher, exceto no caso de concubinato, a expõe ao adultério...”, o bispo da Igreja ortodoxa, ao avaliar o comportamento e o que aconteceu após o casamento, com um juízo pastoral e prático, não canônico, pode dar a permissão para abençoar uma segunda união. É um tema muito delicado e complexo. Espero que o Sínodo possa ajudar os pastores: não se trata, creio, de mudar a prática, teologia ou direito canônico. Trata-se, sobretudo, de ir ao encontro desses cristãos que são verdadeiramente crentes e que pedem a “regularização” da sua situação. É preciso ver como ajudá-los.

Qual é a importância da celebração de 23 de novembro que acontecerá na Basílica de Santa Sofia, em Roma, na Igreja que é o ponto de referência histórico para os ucranianos?

João Paulo II, há 10 anos, disse que aquele genocídio afetou o próprio tecido da humanidade, e que não era algo relacionado apenas com a Ucrânia. De modo especial, é importante recordar, dado que a estas pessoas negou-se inclusive a memória... Entre 1932 e 1933, milhões de pessoas morreram de fome. Mas quero precisar que não se tratou de uma seca provocada por causas naturais. Foram as tropas soviéticas que sequestraram o trigo e os alimentos. Foi “fome artificial”, induzida. Para mim, tratou-se de uma arma de destruição em massa muito econômica, uma atrocidade que ainda hoje faz com que se congele o sangue nas veias. E os comunistas venderam o trigo confiscado aos países ocidentais; alguns deles o compraram sabendo que era o preço da morte por fome dos ucranianos. Espero que seja uma ocasião para que todos recordemos e reflitamos sobre a justiça também em nível internacional. Convidei todos os ucranianos para acenderem uma vela para recordar todas as vítimas desta enorme tragédia humana.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos

22 de novembro de 2013

terça-feira, 19 de novembro de 2013

As Igrejas Católicas Orientais unidas a Roma


Teve início nesta terça-feira (19), no Vaticano, a Plenária da Congregação para as Igrejas Orientais. Até sexta-feira, os participantes debaterão a situação dos cristãos orientais com referência a três áreas: o Oriente Médio, a Europa Oriental e a Índia, e as respectivas comunidades da diáspora.

Em várias épocas, após o Concílio de Calcedônia (451) e após o Grande Cisma de 1054, verificaram-se tentativas de encontros e contatos entre as Igrejas separadas (II Concílio de Lyon, 1274 e Concílio de Florença, 1438-39). As Igrejas Católicas Orientais, mesmo mantendo a sua própria constituição e espiritualidade, as particularidades do Direito Canônico, a possibilidade do matrimônio para o clero, os ritos e a liturgia próprios, reconheceram o primado do Papa.

Esta condição das Igrejas Católicas Orientais foi objeto de polêmicas e seguidamente influenciou negativamente o caminho ecumênico, pois eram acusadas de terem abandonado as suas Igrejas Mães, às vezes também por questões políticas. Elas, no entanto, se consideram a continuação normal de e grupos que, dentro das Igrejas Ortodoxas, sempre se sentiram em comunhão com Roma. No seu interior, existem cinco ritos, segundo a tradição litúrgica: Rito Bizantino, Rito Sírio-Oriental ou Caldeu, Rito Sírio-Ocidental e Maronita, Rito Armênio e Rito Alexandrino.

Atualmente, na Igreja Católica, além da Latina, existem 22 Igrejas ‘sui iuris’, pertencentes a estas cinco Tradições Orientais (O Exarcado Apostólico da Sérvia e Montenegro não está elencado no Anuário Pontifício entre as Igrejas ‘sui iuris’, não obstante sejam consideradas como tal por alguns).

As Igrejas de Tradição Alexandrina são a Igreja Patriarcal Copta e a Igreja Metropolita sui iuris Etiópica. As de Tradição de Antioquia são a Igreja Patriarcal Síria, a Igreja Patriarcal Maronita e a Igreja Sírio Malankarese. Já a Igreja Patriarcal Armena insere-se na Igreja de Tradição Armena. Das Igrejas de Tradição Caldéia fazem parte a Igreja Patriarcal Caldéia e a Igreja Arcebispal Maior Sírio-Malabarense. As Igrejas de Tradição Bizantina são a Igreja Patrialcal Melquita, a Igreja Arcebispal Maior Ucraniana, a Igreja Arcebispal Maior Romena, a Igreja Metropolitana sui iuris Rutena, a Igreja Metropolitana sui iuris Slovaca, a Igreja sui iuris Albanesa, a Igreja sui iuris Bielorussa, a Igreja sui iuris Búlgara, a Igreja Greco-Católica sui iuri Croata, a Igreja sui iuri Grega, a Igreja sui iuris Ítalo-Albanesa, a Igreja sui iuris Macedônia, a Igreja sui iuri Russa e a Igreja sui iuris Húngara. (JE)


Fonte: Rádio Vaticana – 2013/11/19

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Inglaterra: 50 anos de caminhada ecumênica

Sábado, 26 de outubro, a Liverpool Hope University acolheu 400 pessoas para a celebração do 50° aniversário da chegada do Movimento dos Focolares na Inglaterra.


Em Liverpool, onde foi aberto o primeiro centro dos Focolares na Inglaterra, reuniu-se na Liverpool Hope University 400 pessoas de várias Igrejas, confissões religiosas e não, provenientes de Liverpool, Leeds, Newcastle e Gales, de todas as idades. O objetivo foi recordar os 50 anos da presença do Movimento no país.

Um pouco de história: o Canônico Bernard Pawley, ao regressar do Concílio Vaticano II onde tinha participado como observador, sugeriu ao Decano da Catedral Anglicana de Liverpool convidar a fundadora do Movimento dos Focolares, Chiara Lubich, para falar na catedral a um grupo de sacerdotes anglicanos. Precedentemente, ele mesmo tinha feito esta proposta a Paulo VI, numa audiência privada, obtendo a aprovação.

Como recordou aos presentes a reverenda Kirsty Thorpe, moderadora da Igreja Reformada Unida, o contexto ecumênico que acolheu Chiara, em novembro de 1965, numa cidade conhecida pelas suas diferenças, era bem distinto do atual: “É fácil para nós, …não perceber o quanto foi insólito aquele acontecimento. Naquela época, já era raro que uma mulher falasse para um grupo de homens. Além disso, em 1960, o clero não estava habituado a sentar-se para ouvir uma pessoa leiga como o principal relator…”.

Naquele dia, 17 de novembro, no seu diário Chiara observou o significado do nome da rua Hope Street, que liga a catedral anglicana à catedral católica, e exprimiu uma oração que lhe veio do coração: “Que por meio da fé, as ‘montanhas’ da incompreensão entre as igrejas possam ser transpostas” (Mt 17,20).


Professor Gerard Pillay

Também hoje a palavra “esperança” (hope) continua a unir os Focolares a Liverpool. No seu discurso durante a celebração, o professor Gerard Pillay, vice-reitor da Liverpool Hope University, recordou que o último doutorado honorário conferido pela sua Universidade foi entregue em março de 2008, a Chiara, dois meses antes da sua morte. O título foi em Teologia, como reconhecimento pelo seu trabalho no campo do diálogo ecumênico [http://va.mu/dcYp], inter-religioso [http://va.mu/dcYq] e com a cultura contemporânea [http://va.mu/dcYr].

Afirmou ainda que o Movimento “não é uma instituição que trabalha para a construção de um império, mas que faz parte da difusão do bem no mundo. Chiara Lubich, desde o início, olhou sempre para fora”. Lembrou também as palavras do Patriarca ecumênico Bartolomeu: “Existem algumas pessoas cujas vidas tocam de modo tão universal as vidas dos outros, que, depois da sua morte, permanecem como uma inspiração da graça. Uma vida assim, uma vida digna de ser imitada e que vale a pena recordar, é a de Chiara Lubich”.

Também traçou a forte ligação entre a Hope University e o carisma dos Focolares individualizada no “nosso empenho ecumênico… É uma característica da Universidade pela qual estamos todos gratos… Chiara Lubich acreditou que o diálogo é a estrada privilegiada para promover a unidade na Igreja, entre as religiões e as pessoas sem uma referência religiosa, sem sincretismo. Não significa fazer uma mistura para tornar tudo mais atraente. É uma abertura em relação a todas as pessoas, permanecendo fiéis à própria identidade. Esta é a profunda sabedoria da sua visão”.

Fonte: http://www.focolare.org/pt/
9 Novembro 2013

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Despedida de Henry Sobel do Brasil reúne líderes religiosos e amigos em São Paulo

Líderes religiosos de diversas igrejas, como o cardeal católico dom Odilo Scherer, autoridades e outros cerca de 500 convidados participaram na noite desta quinta-feira (31) de uma homenagem de despedida do rabino Henry Sobel do Brasil. Ele resolveu mudar para Miami, nos Estados Unidos, onde tem um apartamento.

O evento foi organizado pelo Instituto Vladimir Herzog no Memorial da América Latina, em São Paulo. Coincidiu com os 38 anos da histórica celebração ecumênica organizada na praça da Sé, na capital, em memória do jornalista Herzog, assassinado nas dependências de uma repartição do Exército poucos dias antes após comparecer voluntariamente para prestar depoimento a pedido dos militares.


Sobel teve um papel bastante relevante naquele período final da ditadura militar no Brasil. Ao se recusar a fazer o enterro de Herzog na ala dos suicidas do cemitério israelita do Butantã, acabou denunciando a farsa da versão oficial para a morte do jornalista, cujo corpo apresentava sinais de tortura.


Em sua fala, Sobel fez uma reconstituição detalhada daquela semana, do instante em que recebeu um telefonema no Rio avisando sobre a morte de Herzog ao ato político-religioso da Sé. Disse ao final que sentiu muito medo quando, dois dias antes da celebração, recebeu a visita de três generais fardados que pediram para ele não comparecer.

"Me sinto muito mimado com esta linda homenagem", disse na chegada ao evento. "Volto [para os EUA, onde viveu até 1970] porque completei 70 anos. Depois de 43 anos de rabinato, é tempo de ler mais, ouvir mais, contemplar mais a natureza", afirmou. "Estou saindo do Brasil sem magoas. Pelo contrário, com saudades [...] Espero fazer minha parte para fortalecer os laços desses dois países”.

Sobel disse que embarca para os EUA em novembro, mas já voltará em março do ano que vem para ajudar na organização do casamento de sua filha única. Depois, planeja ficar indo e voltando constantemente. "Não é uma despedida, é só um até logo", disse.

Despedida do rabino Henri Sobel
Evento de despedida do Brasil do rabino Henry Sobel









Fonte: Folha de São Paulo
31/10/2013

domingo, 27 de outubro de 2013

Diálogo Inter-Religioso

Dom Demétrio Valentini

Ainda no contexto de outubro, mês missionário, precisamos incluir em nossas intenções missionárias, as grandes religiões do mundo. Pois agora, a partir do Concilio Vaticano II, somos desafiados a ter um olhar diferente sobre as grandes religiões, reconhecendo nelas muitos valores positivos, nos quais dá para perceber a atuação do Espírito Santo, que está sempre pronto a vir em auxílio de quem busca com sinceridade os caminhos que levam para Deus.

Diz textualmente o Concílio, no seu documento "Nostra Aetate”: "A Igreja Católica nada rejeita do que há de verdadeiro e santo nestas religiões”. E acrescenta: "Exorta por isto seus filhos que, com prudência e amor, através do diálogo e da colaboração com os seguidores de outras religiões, testemunhando sempre a fé e a vida cristãs, reconheçam, mantenham e desenvolvam os bens espirituais e morais, como também os valores sócio-culturais, que entre eles se encontram”.

É bom ter um mapa aproximado dessas grandes religiões no mundo.

Algumas delas têm suas raízes na cultura asiática, a mais antiga do mundo, com suas tradições milenares. Duas delas emergem com força no contexto da Ásia: o Budismo e o Hinduísmo, ambas originárias da Índia. Sendo que o Budismo se propagou mais nos países orientais da Ásia, especialmente na China e no Japão.

Outras duas grandes religiões têm sua origem no Oriente Médio, o Judaísmo e o Islamismo, a religião dos muçulmanos.

Por diversos motivos a Igreja se sente mais próxima, e mais ligada a estas duas grandes religiões, o Judaísmo e o Islamismo.

A partir do Concílio, a Igreja assumiu uma postura de mais respeito, superando hostilidades que possa ter havido na história, e propondo um diálogo que possibilite uma progressiva aproximação com as grandes tradições religiosas.

O relacionamento com os judeus melhorou muito, sobretudo a partir da decisão tomada por João XXIII, de modificar a prece pelos judeus, na liturgia da Semana Santa. Antes, a formulação desta prece chegava a ser ofensiva, pois se referia a eles como "pérfidos judeus”.

Com eles existe agora um clima de respeito, que é fortalecido por atitudes simbólicas. Diversas vezes o Papa foi visitar sinagoga dos judeus em Roma. João Paulo II chamou os judeus de "nossos irmãos maiores”.

O Concílio falou de maneira muito respeitosa a respeito dos muçulmanos. O seu livro sagrado apresenta Cristo como um profeta, e fala de Maria de maneira muito respeitosa.

Portanto, haveria muitas coincidências em nível de fé, entre a religião fundada por Maomé, e a nossa religião cristã. Mas infelizmente, na história, o relacionamento com os muçulmanos foi marcado por guerras religiosas e incompreensões mútuas, cujas consequências ainda não foram assimiladas.

Entre os muçulmanos, ao lado de correntes fundamentalistas que ainda propagam a "guerra santa” contra os cristãos, existe grupos moderados e profundamente religiosos, com os quais é possível manter um diálogo construtivo.

Todas estas dificuldades de aproximação e de entendimento, deveriam mostrar aos cristãos a urgente necessidade de reconciliação entre nós, superando nossas divisões internas, como cristãos, que infelizmente ainda existem. Foi o próprio Jesus que falou: "que todos sejam um, para que o mundo creia”.

Assim como a missão abre o caminho para a renovação da Igreja, a aproximação com as grandes religiões não cristãs se transforma em apelo para a unidade dos cristãos!


Fonte: Adital

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Mensagem de Rosh Hashaná da Fisesp

Mario Fleck

Quando aparecer a primeira estrela na noite de 04 de setembro, cerca de 120 mil judeus de todo o país vão iniciar as comemorações de duas das datas mais significativas e importantes do calendário judaico: o Rosh Hashaná, Ano Novo Judaico, e o Iom Kipur, o Dia do Perdão. Durante este período, comemora-se a criação do homem e todos são convidados a refletir sobre seus relacionamentos com os demais seres humanos, questionando tudo o que foi feito de errado e como pode ser corrigido.

Alimentos simbólicos – O Ano Novo Judaico começa com uma celebração solene e também festiva da chegada do ano 5774. Vários alimentos simbólicos são ingeridos na refeição da primeira noite de Rosh Hashaná, entre eles, maçã com mel, para que se tenha um ano doce, chalá (pronuncia-se ralá), um pão em formato redondo, que simboliza a continuidade e o desejo de um ano sem conflitos e romã, para que os méritos sejam numerosos como suas sementes. O peixe é uma tradição: sempre nada para frente e sua cabeça pode ser oferecida ao decano da mesa como deferência especial. Ingredientes como vinagre ou raiz forte devem ser evitados, para que o ano não seja amargo.

Nas sinagogas, as orações incluem o toque do Shofar, instrumento feito de chifre de carneiro e que nos avisa da chegada dos “Dez dias de Arrependimento”, que começam com Rosh Hashaná e culminam com Iom Kipur. Ao anoitecer de 13 de setembro tem início o Iom Kipur. Esta é considerada a data mais sagrada do calendário judaico, em que se faz jejum para atingir uma introspecção completa e pede-se o perdão dos pecados cometidos.

“O período das grandes festas nos chama à reflexão e análise. Fazemos um balanço de nossas ações em busca da absolvição dos erros cometidos e aspiramos à paz, trazendo a contribuição pessoal para tornar o mundo melhor”.

Mario Fleck
Presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo


Fonte: Conib

No Dia da Cultura de Paz, rabino e cônego lembrarão heroísmo de Irena Sendler

Irena Sendler


Por ocasião do Dia Internacional da Cultura de Paz, que se celebrará em 21 de setembro, o rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista, e o cônego José Bizon, da Casa das Reconciliação, participarão em São Paulo do 107º Fórum do Comitê da Cultura de Paz, uma parceria da UNESCO com a Associação Palas Athena.

No evento, que será realizado no dia 10 de setembro, às 19h, no auditório do Museu de Arte de São Paulo (MASP), os dois religiosos homenagearão a heroína Irena Sendler.

Sendler (1910-2008), polonesa católica, serviu na Resistência aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Ela conseguiu retirar clandestinamente mais de 2.000 crianças judias do Gueto de Varsóvia, dando-lhes documentos de identidade falsos e moradia fora do gueto, poupando-as da morte no Holocausto.

Os nazistas descobriram suas atividades, torturaram-na, e condenaram-na à morte, mas ela conseguiu escapar e sobreviveu à guerra. Bem mais tarde, foi premiada com a maior honraria da Polônia pelos seus esforços humanitários e também foi indicada para (mas não ganhou) o Prêmio Nobel da Paz, em 2007. Por uma interessante coincidência, seu nome, em grego, Eirene, significa paz.


A importância de lembrá-la é clara, como nota a Palas Athena: “Se Irena Sendler foi capaz de defender a vida em condições tão extremas, com certeza também nós seremos capazes de oferecer um futuro a tantos jovens brasileiros vítimas da indiferença social e da violência estrutural”.




domingo, 25 de agosto de 2013

Cardeal Tauran fala em Rimini sobre a liberdade de religião


O Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, fez um pronunciamento, na tarde desta sexta-feira, durante o Meeting de Rimini, promovido pelo Movimento Comunhão e Libertação, que se realiza sobre o tema: “Liberdade religiosa, caminho para a paz”.

O Cardeal Tauran iniciou sua conferência, citando as palavras de Bento XVI ao Corpo Diplomático da Santa Sé, em janeiro de 2006, que “condenava com firmeza o terrorismo de matriz religiosa”.

Neste sentido, o Cardeal afirmou que “a liberdade de religião é um direito fundamental; é a liberdade de manter uma relação pessoal com a transcendência; é a liberdade de praticar a própria fé em público e livremente”.

Na sociedade e no Estado, a liberdade é um direito subjetivo da pessoa e, como tal, deve ser reconhecido na ordem jurídica. Assim, o Estado moderno democrático deve ser neutro, em sentido positivo, garantindo a liberdade da pessoa e colocando-se ao serviço do bem comum. Logo, a liberdade de religião é muito mais que liberdade de culto e também de pensamento.

A liberdade de religião, explicou o Cardeal Tauran, é o resultado da determinação da consciência individual, ou seja, “a consciência como voz que impele a fazer o bem e a evitar o mal”. Isto significa que tal liberdade não deve ser imposta pelo exterior, mas apenas pela força da verdade.

Por outro lado, o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, falou da fé como “força para se construir a paz”. Com efeito, quando se crê na dignidade da pessoa, nos seus direitos inalienáveis, no serviço ao próximo, como instrumento de crescimento da humanidade, então se entende a importância da comunidade dos fiéis na construção de um mundo pacífico.

Desta forma, os fiéis, disse o Cardeal Jean-Louis Tauran, são uma vantagem e um recurso para a sociedade: eles reforçam o bem comum, educam à fraternidade e à solidariedade, vivem um estilo de vida sóbrio, que ensina a evitar a escravidão do consumismo.

Os fiéis com a sua coerência de vida, disse por fim o Cardeal francês, conclamam para a primazia da ética sobre a ideologia, da pessoa sobre as coisas, da mente sobre a matéria. E, citando um jurista italiano, o Cardeal concluiu: “Se tirarmos a religião da sociedade, o homem se tornará uma mera mercadoria”.


Fonte: Rádio Vaticana - (Sedoc/MT)/2013-08-23